No filme Rei Leão da Disney, o tema central é o que denominam como "ciclo sem fim", o constante equilíbrio da humanidade com os nascimentos e mortes.
Foi o que me recordei ao saber das notícias dispares sobre a Maratona de Chicago.
Dum lado, a tragédia. Um bombeiro de 35 anos, a escassos 500 metros de cortar a meta, sofreu um colapso. Foi de imediato assistido e reanimado, mas menos de duas horas depois era declarado morto, já no hospital.
No entanto, as notícias que se seguiram roçam o fantástico. Amber Miller soube após a inscrição, efectuada há muitos meses atrás, que estava grávida. Apesar de no dia da prova contar com 39 semanas de gravidez, recebeu luz verde por parte do seu médico para disputar a Maratona, desde que corresse "apenas" a distância equivalente a Meia-Maratona e o resto a andar.
Amber cumpriu assim os 42.195 metros em 6 horas e 25 e, após cortar a meta, começou com contracções. 7 horas após terminar a prova, nascia a sua filha com 3,5 kgs.
Será que a menina já pode ser considerada uma maratonista?!?
(Mãe e filha podem ser vistas na foto do Chicago Tribune)
No meio destes desfechos de sentido antagónico, houve competição. E o mais rápido foi o queniano Moses Mosop com 2.05.27, novo record do percurso.
Mas a grande sensação foi a vencedora feminina, a russa Liliya Shobukhova. Tornou-se no primeiro atleta, masculino ou feminino, a vencer esta prova por 3 vezes. Bateu o record feminino do percurso. E não contente com isso, os seus 2.18.20 são a melhor marca do ano e tornou-se na 2ª maratonista de sempre, apenas atrás de Paula Radcliffe.
Liliya ficou a 38 segundos do actual record mundial e a 2.55 do melhor tempo de sempre, ambos de Paula Radcliffe.
Confusos com esta incongruência de melhor marca e record? Agradeçam à IAAF! (para saber pormenores, clicar aqui, aqui e aqui)
De destacar igualmente que a 2º classificada foi a etíope Ejegayehu Dibaba, irmã da célebre Tirunesh Dibaba.
É por isto que o Atletismo é tão especial!
ResponderExcluira vida é uma surpresa... No mesmo local.. a vida morre e nasce
ResponderExcluirJoão Lima
ResponderExcluirVou-te contar uma história que ocorreu comigo na prova em Alqueva. Ia eu com um amigo a conversar e falamos sobre essa situação do morrer na prova (já aconteceu em Almeirim e na corrida dos Sinos que eu saiba). Diz-me ele: «Mário, era o melhor que me podia acontecer. Morrer naquilo que gosto do que na cama de um hospital»
O bombeiro morreu a fazer aquilo que por certo mais gostava e a criança nasceu de uma mãe que também daquilo gostava... de Correr. A morte e a vida de mãos dadas.
Fora isso verifico, pelos temas anteriores, que o João não pára. Mesmo ausente durante algum tempo não deixaste de chegar e participar. Antes isso.
Abraços!
A maratona é uma prova tão “difícil” que levou ao falecimento de um bombeiro de 35 anos.
ResponderExcluirA maratona é uma prova tão “fácil” que pode ser efectuado por uma senhora grávida, poucas horas antes de dar a luz uma criança perfeitamente saudável.
O que pode parecer uma aparente contradição na verdade não o é.
Devidamente acompanhada por um médico, e respeitando todas as suas indicações, uma grávida conseguiu correr a maratona numas “confortáveis” seis horas e vinte cinco.
Um bombeiro, talvez sem o devido acompanhamento medico, ou com alguma doença do foro cardíaco de difícil diagnostico e detecção, morre tragicamente a 500 metros da meta nessa mesma maratona.
Infelizmente em Portugal esta maratonista não poderia ter feito está sua prova pois a distancia rainha do atletismo ainda não é vista com a componente festiva que encontrámos em muitas cidades por este mundo fora onde é possível correr a maratona em 6 ou mais horas sempre envolvido entre centenas de corredores e acarinhado pelo público.
Não quero deixar aqui uma nota ao comentário do amigo Mário Lima e recordar o meu grande amigo Francisco Pedro, do clube Os Zatopeques” que faleceu tragicamente, em plena recta da meta dos 20 quilómetros de Almeirim.
Esse amigo incondicional da corrida tinha sido proibido de praticar o seu desporto preferido pelos médicos do Centro de Medicina Desportiva mas nunca acreditou que o seu coração de maratonista o pudesse “trair”.
Faleceu a fazer o que tanto amava!