domingo, 29 de março de 2015

Acabou! 16º e último longo dum plano que me orgulhou

O João Cravo e eu antes de iniciarmos o último longo

Antes de relatar o treino de hoje, uma palavra muito especial a duas atletas da equipa, a Rute e a Marta, que ontem no Piódão continuaram a escrever a sua história de orgulho. A Rute fez mais uma Ultra (50 Km) a juntar ao seu já rico currículo, e a Marta bateu o seu record de distância ao concluir a prova de 23 km. Parabéns às duas!!!

Hoje dei por encerrado o plano que gizei para a Maratona de Paris. Devo confessar com uma mistura de orgulho e emoção. 

Pelas mais diversas razões, mas sem culpa própria, não pude cumprir, nas anteriores 3 Maratonas que realizei, um plano ideal. Para Paris, tentei mais uma vez, mas desta feita com um muito ambicioso plano que englobava 16 longos em 17 fins-de-semana (a única excepção era sensivelmente a meio para participar no GP de Mem Martins). 16 longos, quer em treino, quer em corridas de distância. A juntar ao já de si ambicioso número, o fazer 2 treinos de 30 km de permeio. 

As datas eram entre 7 de Dezembro e 29 de Março e, sinceramente, pensava que seria um passo grande demais para a passada que consigo dar.

Hoje chegou o último dia, e com ele uma alegria e orgulho imensos em ver que fiz tudo certinho e excedendo o plano.

Chego assim ao fim de 16 longos, que totalizaram 384 km (estou a somar apenas estes 16 treinos, não os durante a semana) e com a grande surpresa de não 2 mas 5 treinos de 30 km.

Estou com a sensação de dever cumprido e muito bem cumprido e consciente que não podia ter dado mais do que dei.

O treino de hoje era de 20 km calmos, e a não poder passar disso pois faltam apenas 2 semanas. E foram calmos (2.09) mas com o último km a esticar, estilo a festejar o fim. Foi uma espécie de combinação tácita com o João Cravo que também encerrou os seus trabalhos hoje, ele que está com uma óptima preparação para a sua estreia na mítica distância.

O dia esteve bonito, apenas com algum vento em certas partes, e começámos no Inatel de Oeiras, direcção Carcavelos onde depois iríamos por dentro. Mas eis que o João disse-me que tinha lido que a Marginal iria estar fechada ao trânsito entre Carcavelos e São Pedro, o que aproveitámos, naturalmente, para ir Marginal fora até São Pedro, retornar, ir até Paço d'Arcos, dar a volta e terminar no Inatel.

Acabei muito bem, mesmo após o último quilómetro em andamento vivo, e devo confessar, e isto não é presunção da minha parte como bem me conhecem, mas terminei a sentir que os 20 km tinham sido poucos. Tal como disse, a 2 semanas não podia passar.

O trabalho está completado mas o período que aí vem também é muito importante pois se não vou melhorar já nada, há que ter todo o cuidado para não cometer nenhum erro ou disparate que estrague tudo.

Quanto à preparação, oiço vários atletas afirmarem que não entram em Maratonas pois é muito chato estar a treinar especificamente durante 3 meses. Pois acho, e não foi apenas nesta por ter corrido tão bem, um período muito giro e empolgante que deixa ricas memórias. Isto tudo é a Maratona, não apenas o que vai da partida à meta.

Entretanto já sei qual é a minha hora de partida, 10.05 (hora francesa, 9.05 portuguesa). Para evitar os congestionamentos dos primeiros quilómetros, a organização decidiu, desde 2012, realizar partidas por vagas, 9 mais exactamente. Os primeiros partem às 8.45 e os últimos uma hora e 20 depois, sendo que essa "derniére vague" arranca às referidas 10.05

De hoje a 2 semanas, já terei cumprido o sonho de realizar a Maratona de Paris!

E após os 20 km, fresquinhos :)

quinta-feira, 26 de março de 2015

Há 9 anos atrás

A minha estreia em corrida

Faz hoje 9 anos que me estreei numa corrida. Foi na Mini-Maratona englobada na Meia-Maratona de Lisboa 2006.

Longe de mim imaginar que passados 9 anos tinha no currículo 327 corridas, das quais 3 Maratonas, a 17 dias de tentar a 4ª.

Eu que, na semana anterior à estreia, respondi a um colega que me questionou se ia à Meia ou Mini: "Mini! Meia não faço nem nunca farei!" E acreditem que foi dito com toda a convicção. Na altura, 10 quilómetros pareciam-me o limite dos limites para um "ser humano normal" como eu. 21 só para super-atletas e 42 reservado a ETs!

O que me levou a estrear nesta prova? A meio de 2005 o meu organismo estava farto de me enviar sinais que não andava bem. Muito stress laboral, demasiado imobilismo físico. E recordo que o imobilismo até um tanque destrói.
De vez em quando lembrava-me de ir ao Jamor fazer o circuito de manutenção, sempre a andar, e no final dava uma volta à pista a correr. Acabava completamente estoirado e a meio da volta já só suplicava pelo seu fim. Esses 400 metros eram infindáveis!
Ora cada vez que lá ia, a próxima demorava um, dois, três meses... 
Até que nesse referido meio de 2005, decidi ser mais constante e experimentei o Passeio Marítimo de Oeiras, forçando-me a ir de 3 em 3 dias.  

Começa a nascer em mim o gosto de correr aquele bocadinho (que pensava ser muito!) e a ansiar a vez seguinte.
Na altura, o Passeio acabava no Saisa, perfazendo 2.300 metros. Ia até onde conseguia, e regressava a andar. 
Foi uma festa quando fiz uma ida completa mas festa maior foi quando cheguei aí, dei a volta e ainda corri mais 700 metros, totalizando 3 km o que me fez sentir uma espécie de super qualquer coisa.

Ao 3º mês consegui ida e volta, 4.600 metros. 4.600 metros, imaginem! Foi a loucura e durante 3 meses contava o número de treinos consecutivos onde conseguia completar a ida e volta. Após 18 seguidos, arrisquei mais 400 metros e completei uma légua.

Estávamos no início de Dezembro e leio no jornal de Oeiras que a câmara edita, a reportagem da Corrida do Tejo.
De imediato comecei a sonhar. E se? 
Mas são 10 km!!! Bom... se de 2 em 2 meses conseguir evoluir 1 km, chego a Outubro apto a realizar os 10 km.
E assim, comecei a mentalizar-me como quem visa os Jogos Olímpicos. 

Mas em Fevereiro, um colega que já me tinha ali visto a correr, oferece-me um folheto da Meia da Ponte, competição que englobava uma Mini. Mini, quer dizer, eram 7.200 metros... mas nessa altura já tinha chegado a 8 km, vamos lá atacar a Ponte. Afinal a estreia iria ser bem mais cedo que Outubro, seria a 26 de Março de 2006.

Que emoções passei! O ir levantar o dorsal (31805, o número mais alto que alguma vez tive mas que irá agora ser batido em Paris pelo 59295), ver a feira, aperceber-me do ambiente e absorver tudo inspiradamente.
Já antes tinha feito o percurso de carro por duas vezes para não ter surpresas no trajecto (notem o grau de preparação!).

Chega o dia, após uma noite pouco dormida pela excitação, e tudo foi novo. O apanhar o comboio. O ouvir o maquinista desejar pelo microfone boa sorte a todos os atletas à chegada ao Pragal. Sentir o ambiente que estava criado. Chegar cedo e ficar lá para a frente da Mini, o que sem na altura saber, foi o melhor pois pude realizar a prova toda a correr. Ver o pessoal da Meia passar do outro lado das grades e admirá-los como super-atletas. Mas... surpresa das surpresas, muitos pareciam "normais" e uns até já eram de certa idade. Como era possível?
(abro aqui um parêntese para elucidar que seguia muito o Atletismo profissional, não perdendo uma transmissão mas não tinha a mínima luz do que se passava nas corridas abertas a todos).

O tempo de espera voou enquanto admirava tudo com olhos bem abertos e deu-se a partida. O meu pensamento foi "estou numa corrida!". Controlei muito bem o andamento para não entrar em euforias nos quilómetros iniciais e lá fui. E fui bem, até chegar à longa recta final. Via o Museu da Electricidade ao fundo e parecia que não se aproximava. Não ia a perder andamento mas começou a custar. O facto de ir com uma camisola de manga comprida e quente (algodão...) debaixo da de manga curta, em nada ajudava (falta de experiência), mas finalmente curvei para a meta. Cortei uma meta, no que foi um momento marcante e recebi uma medalha! O relógio marcava 47.24 para os 7.200 metros (6.35 de média o que na altura foi bem bom).

Feliz da vida, regressei a casa, com a Mafalda a sugerir que depois do banho fossemos almoçar fora para festejar eu ter entrado numa corrida.

Entretanto, na feira tinha recebido um folheto da APAV para uma prova a realizar passadas 2 semanas. Corrida com perto de 10 km. E outro folheto duma prova aberta englobada na Maratona Carlos Lopes com 11 km. Arrisquei as duas. Mas para a de 11, andei a dormir mal com medo da distância. Da distância e de ter que subir aquele viaduto entre Santa Apolónia e o Parque das Nações, subida que mais a via como um Adamastor. Consegui vencê-lo e completar essa prova. E sem dar conta, estava viciado da melhor forma.

Ah! E a tal frase que nunca faria uma Meia-Maratona, foi desmentida um ano depois da estreia, na mesma Ponte. Foi a primeira Meia duma relação que contabiliza agora 40.

Foi há 9 anos. E tanto se passou! 

Só estilo! :)
  

segunda-feira, 23 de março de 2015

Os números do record nacional de classificados


Como foi já referido, a 25ª edição da Meia-Maratona de Lisboa registou um novo record nacional de classificados, superando de forma significativa o anterior, já de sua pertença, do ano passado.

Estão classificados 10.573 atletas (10.555 na classificação geral e mais as 18 da elite feminina, com classificação separada). A classificação completa pode ser consultada aqui.

Dos 10.573, temos 8.261 masculinos e 2.312 femininas (21,8%).

Por escalões, os atletas dividiram-se da seguinte forma:
Sen M
2.470
M35
1.578
M40
1.538
M45
1.099
Sen F
925
M50
756
W35
432
M55
415
M60
405
W40
402
W45
259
W50
147
W55
101
W60
46

Por qualidade de marca:
menos de 1.00.00
3
1.00.00 a 1.15.00
57
1.15.01 a 1.30.00
460
1.30.01 a 1.45.00
1.567
1.45.01 a 2.00.00
2.743
2.00.01 a 2.15.00
2.765
2.15.01 a 2.30.00
1.849
2.30.01 a 2.45.00
748
2.45.01 a 3.00.00
270
mais de 3.00.00
111

Chegaram atletas em todos os minutos entre os 0.59 e as 3.16 (tempo de prova), sendo que (em tempo de chip) os minutos que tiveram mais atletas na meta foram a 1.59 com 213, 1.55 com 205 e 2.01 com 194
O segundo de prova em que mais atletas cortaram a meta, foi a 1.45.02 com 10 atletas

Em termos de países, classificaram-se representantes de 61 bandeiras. A saber:
Portugal
8.103
Alemanha
462
Espanha
335
Grã-Bretanha
290
França
269
Itália
202
Brasil
161
Holanda
146
Suiça
104
Bélgica
80
Polónia
50
E.U.América
47
Suécia
43
Irlanda
35
Luxemburgo
25
Áustria
23
Rússia
21
Noruega
18
República Checa
16
Roménia
15
Quénia
14
Letónia
9
Malta
9
Eslováquia
7
Etiópia
6
Japão
6
Dinamarca
5
Emirados Árabes Unidos
5
Grécia
5
Hungria
5
Porto Rico
5
Finlândia
4
Índia
4
Argélia
3
Canadá
3
Eslovénia
3
Turquia
3
Angola
2
Austrália
2
Belize
2
Gibraltar
2
Hong Kong
2
Moçambique
2
Sudão
2
Ucrânia
2
África do Sul
1
Bielorússia
1
China
1
Colômbia
1
Coreia do Sul
1
Lituânia
1
Macau
1
Macedónia
1
Malásia
1
Paquistão
1
Polinésia Francesa
1
República Centro Africana
1
República Dominicana
1
San Marino
1
Singapura
1
Uganda
1

E pronto, estes são alguns números da primeira prova em Portugal a superar a barreira dos 10 mil na meta. 
Cada número representa um atleta e um número enorme e diferente em cada um de emoções, sensações e histórias.