terça-feira, 4 de outubro de 2011

Divagando sobre o atleta de pelotão

Várias vezes se referiu essa particularidade, mas nunca é demais repetir. Num pelotão todos somos iguais. Veste-se uma camisola, calções, meias, ténis e toca de correr.
Ali, não há ricos nem pobres, doutores e engenheiros ou operários e desempregados, discriminação sexual, racial ou qualquer outra que a maldade humana cria.
Vamos todos juntos, cada um na sua corrida mas sempre atento às necessidades do companheiro próximo, nunca hesitando em abrandar para auxiliar qualquer um, seja já conhecido ou não.
É um ambiente saudável e merecedor de exemplo para as teias complexas que a sociedade teceu.

Se todos nos comportássemos em sociedade como os atletas de pelotão? Se todos vivêssemos sem títulos de fazer inveja, roupas a marcarem distância, classes com barreiras? Quão diferente e melhor seria este mundo, complexo, egoísta e desequilibrado!

E os senhores lá de cima? Mesmo que não seguissem este exemplo, a união de todos não lhes permitiria as veleidades que tomam e que é culpa também de todos nós.

Sei que uma gota não vale nada, mas muitas juntas, dão uma força imparável à água. Se todos nós, que enchemos as corridas de fim-de-semana, nos comportássemos sempre em sociedade como no meio do pelotão, já cumpríamos a nossa parte. E mais podíamos exigir dos outros.

Uma mera divagação, que merece acabar com a imaginação de John Lennon: "Podem dizer que sou um sonhador. Mas não sou o único"

7 comentários:

  1. ... e é o sonho que comanda a vida!
    Por muito que se fale disto, nunca é demais abordar o tema e consciencializar as pessoas para um problema que a elas diz respeito: a própria vida em sociedade, tão desrespeitada nos dias de hoje!
    Um abraço, João!

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  2. Custa-me escrever isto mas tem que ser.
    Não quero se desmancha prazeres mas não tenho essa visão idílica dos
    corredores de pelotão para mim eles são um espelho da sociedade e só
    são iguais no equipamento e nem isso.
    Talvez por já levar muito anos disto, por já ter visto muitos
    batoteiros nas provas, já ter visto corredores sem um pingo de
    solidariedade para com os outros companheiros, enfim por já ter visto
    comportamentos nada dignos nas provas, iguais a outros comportamentos
    na sociedade, não acredito nessa pureza dos corredores de pelotão.
    Não sou um baú de memórias mas tenho algumas e posso lembrar aqui o
    que aconteceu a um colaborador de uma organização que se encontrava na
    linha de partida de uma prova a controlar os atletas de modo a não
    partirem antes do tiro: um corredor ameaçou-o com um canivete que
    tirou dos calções!
    Esta é um situação extrema mas eu próprio assisti a várias “cenas”
    nada edificantes e que nada abonam em favor do ser humano e algumas
    até chegaram a por em risco a integridade física dos organizadores.
    Acredito que nas corridas e entre os corredores acha mais fraternidade
    que no mundo “lá fora” mas apenas e tão somente isso no resto a
    corrida é um espelho da sociedade com todos os seu defeitos e
    virtudes.

    Jorge Branco

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  3. Apesar de saber que o Jorge está coberto de razão, eu estou com o João, sou optimista por natureza e acredito que na maioria dos casos somos correctos para os companheiros e solidários...
    e beijinhos eugénia

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  4. "Toda regra, tem excepção"
    A minha experiência diz-me que, quanto mais longa e difícil for a prova , maior a solidariedade entre os atletas (aqueles que vão por perto obviamente).
    Catita

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  5. Faço minhas as palavras do Jorge Branco. 100% de acordo: o pelotão é um leque de tudo, mas mesmo TUDO o que há na sociedade e em todas as áreas.

    Por mais que gostássemos de fazer parte quase de uma "elite" da sociedade, porque corremos, formamos esse grupo de gente, e isso nos tornasse seres especiais,(e somos, mas apenas nessa fatia da vida: a Corrida, em tudo o resto podemos ou não ter pontos comuns com os outros corredores), só o facto de sermos corredores e fazermos parte desse pelotão, não nos define de todo como pessoas, seres humanos)...

    Lamento, que ao conhecer o Mundo da Corrida há 35 anos, e tendo esta opinião, possa ser "desmancha-prazeres" para uns tantos lírios e ingénuos.

    Beijinho João, e sim, há seres humanos maravilhosos e puros, MAS tanto no Pelotão da Corrida como fora dele, assim como há grandes filhos da puta, também, tanto dentro do Pelotão, como fora dele.

    nota: desculpa a linguagem mas não encontro melhores palavras para definir e transmitir o que sinto

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  6. Jorge e Ana

    Li com muita atenção o que escreveram e entendo e concordo com o que referem.
    Não consegui ser explicito nem claro. Não me estava a referir a todos, àqueles que correm atrás de prémios ou outros objectivos, utilizando todas as artimanhas para fraudar.
    Referia-me àqueles que correm pelo prazer de correr, embrenhados na sua corrida mas sempre solidários, sempre disponíveis para ajudar outros. Algo que se vê muito no pelotão mas pouco no dia a dia.
    Não que pertençam a qualquer elite de sociedade, DE MODO ALGUM, são pessoas que constituem a dita sociedade, com todos os seus defeitos e virtudes.
    Mas se conseguimos actuar assim ali, porque não em todo o lado?

    a mensagem que quis transmitir, e que não tive arte nem engenho para tal, é que se todos nós, no dia a dia, nos comportássemos de forma solidária como somos capazes de o fazer em corrida, seríamos melhores pessoas na sociedade.
    Pode ser uma gota de água mas se queremos uma sociedade mais justa e fraterna, temos que somar todos os pequenos passos para esse fim.

    Um grande abraço aos dois, grandes exemplos de atletas de pelotão, e habituem-se que a minha veia sonhadora gosta muito de se manter activa.
    E nem lhe passa com a idade!

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