O sonho de Carlos Móia e de toda a organização, está cumprido! Depois de tanto investimento em atletas para trazer o record mundial da Meia-Maratona para Portugal, o sonho foi finalmente cumprido hoje na 20ª edição da Meia-Maratona de Lisboa (Ponte 25 de Abril). O autor de tal façanha foi o eritreu Zerzenay Tadese que com 58.23 baixou em 10 segundos o anterior máximo fixado por Samuel Wanjiru na Holanda em 2007.
Este facto é de extrema importância para esta prova e para o nosso país que será devidamente realçado em todo o mundo pelas agências noticiosas. Curiosamente, será mais badalado exterior do que interiormente onde as atenções só se viram para um encontro de futebol que até já meteu violência, em contraste absoluto com o termo desporto.
Tadese fez uma prova absolutamente brilhante, bastava o record para tal entender, e ainda mais mérito teve ao realizar grande parte do percurso sozinho, sem as sempre fundamentais lebres que não aguentaram a sua passada. Tadese ficou sozinho pouco depois dos 9 kms e passou aos 15 a 4 segundos do record. Com um final de sonho, mais rápida a segunda metade que a primeira, Tadese fez história em Portugal.
Na realidade, não foi um mas sim dois os records mundiais que foram batidos hoje pois o tempo de passagem aos 20 kms, 55,21, deu-lhe também o record mundial dos 20 kms que era pertença de Haile Gebrselassie.
E este é um desfecho muito merecido para os homens que, num país com as nossas dimensões, colocam 2 Meias-Maratonas com o grau ouro, distinção que é muito difícil de alcançar.
Foi ouro sobre ouro!
Sammy Kitwara, também com um tempo abaixo da hora e Emmanuel Mutai fecharam o pódio numa prova que teve em Hermano Ferreira o melhor representante nacional com a marca de 1.03.38, 14 segundos à frente de Chaiça e 1 minuto de Luís Feiteira, tendo os 3 atletas sido classificados seguidos entre o 13º e 15º lugares.
No sector feminino, com a ausência de Ndereba e com Constantina Dita (9ª) longe do seu melhor, a queniana Peninah Arusei venceu com 1.08.38, seguida pela etíope Askale Tafa e a nossa super-atleta Fernanda Ribeiro que teima em negar o bilhete de identidade. Mónica Rosa (8ª), Mónica Silva (13ª) e Filomena Costa (14ª) foram as portuguesas seguintes.
No meu caso pessoal, também bati um record, mas neste caso o da Meia mais lenta que já corri, 2.33.38, fruto de desde os 9 até ao final ter alternado corrida e marcha. No entanto, sinto um grande orgulho em ter cortado a meta com este tempo, devido a uma série de contratempos que me condicionaram e que não vou aqui referir. Quem comigo priva sabe as razões e não as vou divulgar em resposta a um atleta que não merece o estatuto de companheiro.
Quando dei a volta aos 18, andei mais um bocado e do outro lado da estrada, ainda a caminho do ponto de retorno, um atleta gritou em tom jocoso "agora põe lá no blog que correste à brava!".
Apesar de este blog não ser um espaço de polémica ou respostas pessoais, há determinadas, digamos, injustiças, que merecem um outro tratamento.
1º Quem me conhece sabe que eu apenas falo a verdade. Não faço a mínima ideia donde esse senhor me conhece para pensar que eu venho aqui fantasiar.
2º O verdadeiro companheiro, nome que muito prezo e que se dá aos atletas de pelotão, tem uma regra, não julga e respeita o andamento dos outros, seja ele qual fôr.
3º Como vê, disse aqui no blog que foi o meu pior tempo e que andei vários bocados, como sempre o iria fazer. Mas também reitero que tenho muito orgulho na prova que fiz.
4º Eu também não o irei julgar por, apesar de eu ter corrido a um ritmo tão fraco, ainda ter acabado bem à sua frente.
5º Há uma frase dos índios Sioux que tento sempre respeitar. Dizem eles "Antes de julgares alguém, caminha milha e meia com os seus mocassins"
Aproveito a ocasião para agradecer a todos os conhecidos, anónimos e outros que passei a conhecer, por todo o apoio e incentivo que me deram. Às vezes uma simples palavra conta muito para quem vai em esforço e é uma preciosa ajuda!
Olá João,
ResponderExcluirNão queria deixar passar em branco este teu comentário desta meia que tanto te custou a fazê-la, pelas razões que sabemos e que te garanto, que eu, jamais a conseguiria fazer. Somente uma pessoa que tem como paixão o atletismo, é que se submete a tamanho desafio da forma como estavas.
Mas como eu sei o que sentes - "Sofres mais quando corres ou quando não sais para correr?".
És um vencedor e tu, mais que ninguém, sabes disso.
Cada um tens as suas capacidades, os seus limites e os seus contratempos, mas o que interessa é que existe, como tu dizes e bem, todo um pelotão de atletas que estão contigo, vibram contigo e torcem para que a tua, a minha e a "nossa" prova seja feita da melhor forma possível.
É este convivio e este pelotão de pessoas que vou conhecendo ao longo dos anos que me deixa cada vez mais apaixonada pelo atletismo...
Aqui, no verdadeiro atleta de pelotão, não há distinção de tempos, raças, sexos etc... apenas uma grande união de força e de voto de que todos nós cheguemos a meta de braços bem erguidos e felizes por ter feito, mais uma.
Já dizia Dean Karnazes - "Se não conseguires correr, anda... Se não conseguires andar, rasteja, mas NUNCA DESISTAS"
Estamos todos de parabéns!!!
Beijinhos
Sininho
Obrigado Sininho!
ResponderExcluirE tu estás muito de parabéns. Com as limitações que tens tido, fizeste uma excelente Meia. Mais uma grande vitória para o teu baú de recordações!
Parabéns!