quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Há que salvar as nossas corridas!

Já em 12 de Agosto passado escrevi um artigo intitulado "Cancelamento de provas. Um alerta?" (para o ler, clicar sobre o título). Nele dava conta de como vinha a engrossar a lista de provas canceladas e os cuidados que deveríamos ter para preservar este bem.
Infelizmente as coisas pioraram nos últimos tempos com os cortes que têm sido efectuados nas autarquias e o retraimento de potencias patrocinadores.
Desde essa altura, mais outras provas foram canceladas, outras estiveram em dúvida e algumas continuam com um ponto de interrogação, apesar do número de participantes vir a subir, nalguns casos de forma acentuada.

A Meia-Maratona Cego do Maio na Póvoa do Varzim foi uma das últimas vítimas, conhecendo o cancelamento a menos dum mês da data da sua realização (seria a 6 de Março). Esta prova era concorrida, ainda na última edição participaram 622 atletas, e já tinha um historial de 20 edições, o que provocou uma evidente consternação entre muitos atletas. Foi de tal maneira que está a ser preparado um encontro de quem iria participar para, no mesmo dia e à mesma hora, correrem essa prova, sem classificações nem prémios. Além do prazer de correr, também servirá como um alerta e protesto para a situação que se tem vindo a acentuar.
Para mais informações ou conselhos, ler aqui este magnifico artigo do blog Correr por Prazer.
Claro que uma manifestação desta índole poderá sofrer com algum percalço pois não terá a segurança que uma prova oficial teria, quer para atletas quer peões ou trânsito, e se acontecer qualquer acidente virar-se-á contra ela, daí ser necessário todo o cuidado.

Ora quem for participar sabe que não terá prémios nem classificações. E é aqui que quero chegar, aos prémios, sejam monetários, troféus ou brindes. Há organizações que não tendo possibilidade de manter o nível de prémios que era usual, prescinde de fazer a prova. Mas para, seguramente, mais de 90% do pelotão isso é importante? Sem prémios quantos atletas perderiam? Estou convencido que poucos. Ainda no passado domingo na Costa da Caparica estiveram 1.319 atletas, record da prova, apesar da intempérie. Havia troféus, t-shirts e medalhas. Mas não tendo possibilidade de assegurar este aspecto o número desceria significativamente? Estou plenamente convicto que não. Prémios ou troféus são apenas para um escasso número e ninguém corre para ter no final uma t-shirt, corre pelo prazer da corrida. Se a organização puder mimar os atletas com algo, tudo bem, mas estando em risco não será preferível abdicar de tudo menos do que interessa, a corrida em si?
Tenho conversado com vários atletas e todos concordam com este ponto e acho que é necessário passar a mensagem que não é obrigatório aqueles aspectos para a prova ser participada, o que não se pode perder são as nossas corridas, essas sim a nossa riqueza.

E se se quiser agraciar o atleta com algo mas não há verba para mais, que seja algo simbólico. E por vezes esse simbólico é o que cai melhor. Tenho recebido camisolas, algumas técnicas, medalhas, outros brindes mas talvez aquele pelo que tenho mais estima, pois diz-me muito, é um cartão com uns dizeres e duas folhas de louro. Foi dado em S. João das Lampas no passado Setembro e diz "Os louros da vitória são para si porque connosco todos são vencedores! Parabéns e obrigado por ter concluído a 34ª Meia-Maratona de S. João das Lampas".
Para o verdadeiro atleta de pelotão, este é um troféu bem valioso, que pode ser visto na foto em baixo.

Se queremos, temos que fazer ouvir a nossa voz. Haja vontade, haja imaginação, haja bom senso, porque as nossas corridas são demasiado importantes.


2 comentários:

  1. Excelente artigo, João.
    A tendência parece que é mesmo esta: os atletas assumirem-se como organizadores.Chemem-lhes provas, chamem-lhes treinos, o importante é preservar os excelentes convívios à volta da Corrida.
    Obrigado por ter trazido à lembrança os louros da vitória que, infelizmente, ainda não são compreendidos por todos, como se lembrará. Mas a pouco e pouco isto vai lá.

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  2. Sim Fernando, lembro-me dum que apareceu na Revista mas foi apenas um e cujos argumentos eram... sui generis... para dizer o mínimo.

    Está bem em destaque num quadro que tenho de recordações das corridas!

    Um abraço

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