segunda-feira, 9 de junho de 2014

Meia da Figueira com alma de maratonista


Com a Sandra e Nuno, grandes "culpados" da prova que realizei

Não sou narcisista mas no domingo admirei a forma como realizei a Meia-Maratona da Figueira da Foz!
Para quem leu o artigo da Corrida do Oriente, sabe o problema que se arrasta e arrastou durante toda a semana. Um problema intestinal que me leva a "desfazer" na casa de banho, várias vezes ao dia e que dura há 3 semanas e meia. 
Ora sabendo como 2 dias assim desgastam e provocam danos musculares, imagine-se 25 dias. Daí a Corrida do Oriente ter sido tão sofrida e encarava esta Meia como ir até onde aguentasse. Quanto seria, não sabia.

Nuno e Sandra com os dois 4 ao Km presentes, eu e Eberhard
Quem me conhece, sabe que só se não puder de todo, for mesmo impossível (como numa péssima recordação de Outubro passado) é que deito a toalha ao chão. Daí a vontade em cortar a meta. Porém, com as dores nas pernas que sentia (por causa do que isto ataca os músculos) e como me senti no aquecimento, a esperança estava abalada.

Uma coisa é o aquecimento e outra a volta que a cabeça dá quando houve a partida e sente que está em plena corrida. A táctica possível era colocar-me entre 6.15 e 6.25 e manter a velocidade o mais constante possível. E assim fiz (ao consultar os tempos quilómetro a quilómetro, fui estilo relógio suiço!).

Ia muito concentrado no final do primeiro quilómetro, ao lado do Eberhard, quando ouvi muitos gritos de "João!" mas não liguei. Olhei em frente e vi um casal à beira do passeio em que pensei serem muito parecidos com a Sandra e o Nuno.
E de repente é que me apercebi que os gritos de "João!" vinham deles e eram mesmo a Sandra e o Nuno que foram ali dar-me uma força!

Aí, o que aconteceu ao sentir esse apoio? O pensamento só podia ser como foi "Doa o que doer, custe o que custar, tenho que cortar a meta. Por eles!"


E assim foi. A força mental tomou conta de mim, mantive sempre o ritmo que me tinha proposto, "anestesiei" as dores nas pernas, impedi (não sei de que forma!) que não tivesse as tonturas que tenho sofrido pelo meu estado mais débil e o caminho é em frente, passo após passo. Siga!

Entre os 7 e os 17 quilómetros tive a preciosa companhia do António Baptista, o que me ajudou muito. Entretanto já tínhamos concluído que havia coisa com o percurso pois a placa do quilómetro 12 ou 13 apareceram numa altura que os GPS marcavam cerca de meio quilómetro a mais (na realidade a corrida teve mais de 500 metros a mais que os 21.097, devido a uma alteração forçada de última hora que baralhou tudo).

A escassos metros da meta
E assim fui evoluindo, sempre controlado até à meta, onde fiz bem questão de realçar à Sandra e Nuno que eles foram "grandes culpados" por esta prestação que considero brilhante atendendo a como estava. O tempo foi de 2.16.48 o que teria dado entre os 2.12 e 2.13 na distância correcta.
Agora já compreendem porque afirmei no início que admirei a forma como fiz esta Meia? :)
Nada mais a propósito, a frase da medalha "Dos fracos não reza a história"

Lema da medalha "Dos fracos não reza a história"
Quanto ao meu problema, irá ser analisado na 5ª feira.

Com o grande campeão Luís Mota, a sua filha Mariana, marchadora internacional júnior e a esposa Susan, que apadrinharam a atleta do lado esquerdo na sua estreia numa Meia
Sobre esta Meia, não a conhecia e a opinião é muito boa. Gostei de tudo e o único problema encontrado, a extensão do percurso, foi de imediato justificada num pedido de desculpas que a organização redigiu no Facebook. Para ajudar, o tempo esteve enublado e a temperatura à volta dos 18 graus, começando a estar calor apenas após a Meia, o que foi óptimo.

O percurso foi novo, não o posso comparar com os anteriores por não os ter conhecido, mas agradou-me pois tira partido da beleza natural do local. As críticas que ouvi dos restantes atletas referiam-se a 3 quilómetros dentro duma urbanização (entre os 12 e os 15), com curvas para um lado e outro, mas aqui a minha opinião é favorável a essas voltinhas pois eu prefiro percursos sinuosos a longas rectas.

A participação foi de 358 atletas, mais 13 que no ano passado e a 11 do record de 2012, sendo 50 femininas (14%) e os vencedores foram José Sousa da Xistarca (que repetiu o triunfo de 2013) em 1.10.56 e Patrícia Carreira dos Offtel Runners com 1.32.48, curiosamente seguida pela sua irmã Cláudia.



A torre do relógio, símbolo da Figueira da Foz

26 comentários:

  1. Aqui está uma um exemplo em que as sensações no aquecimento podem ser muito diferentes das da prova.
    O apoio também ajuda a superar quilómetros.
    As melhoras

    Manuel Nunes

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    1. Neste caso, devido à minha situação, é diferente mas sem a menor dúvida que o aquecimento engana muitas vezes, para um lado e para outro!
      Quantas vezes após o aquecimento não dava nada pela corrida e foi extraordinária, como a seguir a aquecimentos a sentir-me muito bem, a corrida acabou por ser má?

      Um abraço

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  2. Bem eu tenho de ter o papel do “chato do costume”!
    A bem da amizade e da frontalidade tenho de te dizer isto:
    Não concordo com o que andas a fazer ou sejas não dares tempo ao corpo para recuperares dos problemas que tens e ainda o bombardeares com esses esforços nada adequados à situação em que te encontras!
    Do ponto de vista psicológico podes ter tido resultados muito benéficos ao concluíres essa meia maratona mas tenho serias dúvidas que ponto de físico isso te tenha trazido algum benefício, muito antes pelo contrário acho vai contribuir para piorar o teu estado clínico.
    Não tenho duvidas que acabares essa meia maratona foi um acto heróico só que foi um heroísmo gratuito que não te serve para nada!
    Penso que andas a esticar demasiadamente a “corda” e que ela pode-se partir.
    Espero francamente não ter razão nesta minha teoria porque a continuares nessa linha de actuação não agoira nada de bom para ti se não enveredares por outros rumos.
    Na minha opinião devias centrar o treino nos mínimos para teres alguma manutenção em termos musculares, evitares as provas e canalizares todos os teus esforços em resolveres os problemas que te afectam a saúde.
    Se calhar vai-me cair meio mundo em cima por escrever isto mas a bem da nossa amizade tinha de o fazer.
    Não te esqueças que eu já ando nesta vida há 34 anos o que prova que sei gerir as coisas de modo a ter uma longa relação com a corrida.
    Tu dizes que a ultra maratona não te atrai e realmente vê-se que não tens o espírito nem o saber dos ultra maratonistas que melhor que ninguém conhecem o seu corpo e sabem respeitar os seu limites. Muitas vezes os ultra maratonistas são considerados “doidos” pelos seus feitos atléticos mas são os corredores mais conscientes no universo da corrida e mais sabores dos seus limites, do que podem e não fazer e até onde podem ir!
    Forte, sentido, e emotivo abraço e desculpa lá o sermão mas eu sou assim!

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    1. Agradeço a tua opinião e preocupação mas o correr ou estar parado não melhora nem piora o meu estado. Não posso é concordar com o não saber respeitar os meus limites quando já o provei saber respeitar várias vezes, inclusive uma com enorme dor na decisão que fui obrigado a tomar, exactamente em nome do respeito pelos tais limites. E é exactamente por conhecer bem onde posso ir ou não que não tenho qualquer expectativa duma ultra, apesar de também não concordares. Tudo necessita dum equilíbrio e é o que estou a fazer naquilo que posso alcançar e na saúde mental que tal me proporciona e necessito. Um abraço :)

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  3. E ele foi á Figueira da Foz Brilhar!!! :D
    Essa frase não podia vir mais a calhar... dos fracos não reza a história!! :)

    Estás de parabéns! Beijinhos

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    1. Muito obrigado Marta e muita força para ti!

      Beijinhos

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  4. Meu caro, terminar uma meia maratona em debilidade física prova que és um grande atleta e com uma imensa paixão pela corrida. Além disso, estas situações vão-nos ensinando a conhecer e interpretar os sinais do corpo, bem como, os nossos limites! Parabéns! Um abraço

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  5. João foi para mim um enorme prazer poder-te acompanhar durante aqueles kms. Não é fácil manter um ritmo certo como àquele que chamastes de relógio suíço, mas foi muito importante na fase em que me encontro. Em relação à prova o percurso é muito agradável e para mim é um enorme prazer correr junto ao mar, coisa que para ti é uma situação normal de treino, "sortudo". A organização esteve muito bem, pois humildemente reconheceu e pediu desculpa pelo lapso da distância do percurso. Coisa que por varias vezes já me tenho deparado mas nunca tinha visto ninguém pedir desculpa. É de louvar a atitude da organização. Um abraço e até uma próxima.

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    1. Sem dúvida! É no reconhecer dos erros e da sua correcção que se faz a diferença.

      Um abraço e, mais uma vez, o meu muito obrigado!

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  6. Muitos parabéns, João! Mesmo contra as adversidades, isso é de fibra! (Embora talvez não devesse dizer "fibra" dada a situação.. :) ) Antes o lema: "dos fracos não reza a história".
    As melhoras rápidas!
    Beijinhos

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    1. Muito obrigado Rute!
      Se fisicamente fosse tão forte como mentalmente, muito corria eu :)

      Beijinhos

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  7. Grande João, parabéns pela forma como lutas-te por mais esta vitória. Toca mas é a ver o que se passa, pq 25 dias é muito dia.
    Abraço e as melhoras rápidas

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  8. Parabéns João!
    Mais uma meia maratona e feita em condições muito difíceis.
    Só prova a tua força mental.

    Abraço

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  9. Ahá! Eu sabia que ia ser o ponto de viragem! eheheh Muitos parabéns, excelente prova! Agora é tirar isso a limpo, e perceber o que é que se passa.. Grande abraço e que corra tudo pelo melhor.

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  10. Depois de um relato destes só se pode desejar que a força física venha acompanhar, rapidamente, a inesgotável força mental.
    Um abraço e que esses problemas de saúde desapareçam rapidamente.
    Ricardo_A

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  11. Bom, que dizer mais? Já te deram sábios conselhos por isso não vou repetir. Quero apenas manifestar a minha total admiração por alguém com uma capacidade de superação muito grande! Gostava de ser assim...
    Beijinho, Anabela (Run BABY Run)

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  12. Grande campeão!!!
    É o que eu digo, és um exemplo de persistência e de força mental! Mesmo com todos os problemas físicos que te têm assolado, tu arregaçaste as mangas e rosnaste bem alto ;)
    Força para o Autódromo!
    Beijinhos

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    1. Obrigado Isa. Vamos ver como será no domingo mas isto não está fácil...

      Beijinhos

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  13. Mais uma concluída! Espero que já estejas melhor para domingo!

    Um abraço João

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    1. Obrigado Vítor mas ainda não estou melhor. No entanto, o caso já está a ser analisado com uma bateria de exames.

      Um abraço

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