domingo, 11 de dezembro de 2011

Corrida pela Vida nas Caldas - 10 mais IVA e trocos

Em 1484, a Rainha Dona Leonor durante uma viagem de Óbidos à Batalha, presenciou umas pessoas a tomarem banho em águas de cheiro intenso e fumarentas.
Como neesa altura tomar banho era um acto raro, a rainha, intrigada, inquiriu o porquê dessa situação, tendo obtido a justificação que se tratava de pessoas doentes que se banhavam em águas com poder curativo.
Como a rainha padecia dumas dores, quis banhar-se também, verificando o efeito curativo que tal banho lhe tinha provocado.
Para desenvolver essa área, a rainha fundou uma povoação com escassas dezenas de pessoas. Povoação essa que se desenvolveu até aos dias actuais sendo chamada de Caldas (pela água quente) da Rainha.

E foi aí que se disputou a 2ª edição da Corrida pela Vida, com carácter solidário, sendo este ano destinado à Acreditar.
Esta edição realçou muitos aspectos positivos mas, igualmente, outros bem negativos, especialmente por focarem a segurança dos atletas.

Começando pelos positivos, é obrigatório falar da beleza e simpatia desta cidade, o que potencia o percurso e o prazer de nele rolar. A nível de inscrições e entrega de dorsais esteve tudo eficaz, sendo o local escolhido para a chegada a Praça da República, mais conhecida popularmente pelo célebre e diário Mercado da Fruta.

Após a prova, foi oferecido um jantar, mais diria um banquete, a todos os atletas no Salão Milénio do Caldas Internacional Hotel. Em sistema de buffet e numa sala grande o suficiente para albergar todos os atletas, a variedade, quantidade e qualidade, a todos agradou.
Concluindo, por tudo o que é oferecido em simpatia e beleza, e pelo local em si, esta prova tem todos os condimentos para crescer e tornar-se numa clássica.

Mas... Mas para tal não pode deixar que aconteçam os erros graves que sucederam.
Os 10.000 metros de extensão, foram afinal entre 12.600 a 12.700, não se sabendo que tipo de erro originou tal. Má medição é improvável, pela enorme diferença a aproximar-se dos 3 quilómetros. Segundo constava terá sido um mau encaminhamento dos atletas nas 2ª e 3ª voltas que deveriam ser mais curtas (informação não oficial).

Mas este erro apenas importa para o ritmo que deverá ser estudado desde o início. Aliás, era tema corrente de conversa, se anunciassem que iria ser 12.5, qualquer um dos atletas a faria. Convinha era estar avisado.
Grave, foram os outros dois erros.

O Parque das Caldas é duma beleza ímpar e merece estar no percurso desta prova. Para tal, tem é que estar devidamente ou minimamente iluminado!
O que se passou foi que na primeira volta, os cerca de 400 metros que percorremos no parque foram um verdadeiro mergulho na escuridão. O parque não tem qualquer luz e as luzes dos candeeiros das ruas não chegam lá. Assim, saíamos da estrada, passávamos o portão e íamos como se de olhos fechados.
Ora, como o seu piso é irregular e atravessado por algumas valas, o perigo de lesão foi bastante alto e, que tenha conhecimento, houve dois atletas que torceram um pé e um que caiu ao comprido.
Ao tomarem consciência desse perigo, nas 2ª e 3ª volta foram colocados dois carros dentro do parque com os faróis acessos apontados ao caminho, o que já colmatou essa falha.

Mas se esta foi grave, a do trânsito foi muito grave!
Na parte acima do Mercado da Fruta, o trânsito esteve deficientemente cortado, sendo que na 3ª volta já estava aberto!

Na primeira ronda, os carros estavam parados mas em plena faixa de rodagem, obrigando-nos a serpentear entre eles. Melhorou na 2ª passagem mas na 3ª foi o caos! Após a estação, e numa rua apertada de sentido único, o espaço que tínhamos entre o muro e os carros a rodarem em pára-arranca, era de um escasso metro, o que me levou a dar uns bons berros ao polícia que estava no cruzamento. No retorno, os carros rodavam como se nada estivesse a passar. Posso garantir que não é uma sensação nada agradável estar a correr na estrada e sentir um carro a acelerar atrás de nós ou chegar a um cruzamento e não saber se o que lá vem vai parar ou não.
Uma situação que não pode acontecer, de modo algum, numa prova de Atletismo, pois a segurança física dos atletas tem que ser a preocupação máxima de qualquer organização ou polícia que se preze.
Que tenha conhecimento, não terá havido qualquer acidente. Não calhou...

Sem isto, esta prova teria merecido uma nota com muita distinção, nota que lhe será dada quando no próximo ano corrigir estes aspectos graves, sob pena de a repetirem-se, nenhum atleta dar mais o benefício da dúvida.
Com todo o carinho que tenho por esta cidade, regressarei em 2012. Mas será a última se estes erros não forem irradiados.

Em termos competitivos, Hermano Ferreira da Conforlimpa repetiu a vitória do ano passado, registando 38.08 (não adianta referir que gastou mais quase 8 minutos porque disso estamos falados), sendo seguido a 44 segundos por Marco Pinto do Seia que bateu ao sprint Hugo Pinto do RB Running. Em 4º e 5º classificaram-se Roman Prodius (individual) e José Moreira (Cyclones).

No sector feminino, a sportinguista Clarisse Cruz sucedeu a Mónica Rosa, triunfando em 44.24, 31 segundos à frente da sua colega Sara Pinho e 51 sobre Carla Martinho da Adercus. Em 4º e 5ª terminaram Madalena Carriço (Marítimo) e Ana Mafalda Ferreira (Estreito).

Terminaram 210 atletas, mais 28 que na edição inaugural, sendo que 32 foram senhoras (15,2%).
De realçar como aspecto muito positivo, e que rareia, que a tabela de prémios era igual entre masculinos e femininos.

Quanto à minha prova, correu dentro do esperado, reconheço até um pouco melhor.
Tentei um ritmo mais elevado no início para ir adequando e corrigindo este ponto fraco de ter que começar lento, pois nas tentativas de baixar dos 50 minutos, agendadas para 2012, esse será um ponto fundamental para não perder de início segundos que farão falta no final.
Gostando bastante das Caldas, correr por esses locais foi um prazer, exceptuando os sustos e enervamentos pelo acima descrito.
De resto, com a excelente companhia do João Branco na viagem e dos muitos amigos presentes, foi mais um magnifico dia de convívio.

Desta vez, por impossibilidade da Mafalda poder acompanhar-nos, não há fotografias


4 comentários:

  1. Para se organizar uma prova, é necessário pensar em todos os pequenos pormenores e ter imaginação para contornar limitações... Este tipo de falhas acaba por destruir provas que poderiam ir bem longe...

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  2. O problema da iluminação do parque resolvia-se com um ou dois geradores emprestados e uns litros de gasolina!
    Sobre o restante já me pronunciei na outra mensagem mas é bom não esquecer que as despesas com o policiamento de uma prova são das que mais pesam no orçamento da mesma! Quando se paga, e bem, queremos ser bem servidos!
    Se, efectivamente, houve falhas da parte das forças policiais a organização tem de exigir que essas mesmas forças assumam as suas responsabilidades e até, eventualmente, lhe devolvam parte ou até a totalidade do dinheiro que pagaram pelo serviço
    A não ser que sendo uma prova solidária as forças da ordem tenham feito um desconto muito especial ou mesmo não cobrado nada mas não acredito!

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  3. Todos os pontos negativos, merecem serem realçados, especialmente porque se tratou de uma segunda edição de uma prova com enormes potencialidades.
    Efectivamente na primeira edição da corrida pela vida não existiram os problemas que se verificaram agora, especialmente pelo incidentes que colocaram os próprios atletas em perigo, vendo-se os mesmos logo no início da prova obrigados a contornar os automóveis, que não se sabendo bem porquê entraram no percurso da própria corrida, isto apesar do trânsito ter sido cortado. Por outro lado, faltaram indicações ao longo do percurso, o que originou, pasme-se, enganos no percurso pela própria organização.
    Agora as desculpas: A cidade das Caldas da Rainha não tem tido nos últimos anos eventos do género, ou pelo menos com a qualidade que se exigiria para uma prova de atletismo com este potencial, visto ser um prova de atletismo numa altura do ano excelente, num horário também muito bom, com um percurso (o original, sem passar pelo parque - não sei de onde surgiu tão fraca ideia!?) citadino muito bom (apenas faltou a costumada iluminãção natalícia, que este ano esteve muito fraca, com muito público que adere e gosta.
    No futuro, colmatados todos os erros já referidos, a prova deveria ter a distância referida dos 10.000m, devidamente medidos, percurso assinalado km a km, com as distâncias e as devidas indicações, classificações e prémios por escalões etários, alargamento a um maior número de concorrentes (mil), um ponto de abastecimento aos 5km e o devido controlo do trânsito por parte da P.S.P., quanto a mim grande responsável pela entrada do trânsito no percurso da prova.

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  4. Ola boa tarde gostaria de saber sabe onde posso ver as fotos da corrida, e que sinceramente o site oficial da corrida Atleta-digital nao postou nenhuma foto quer dizer alem de nao ter cido grande coisa ainda por cima nao coloca as fotos, se caso alguem souber onde posso ver as fotos deixa o nome do site aqui que eu vejo sem mais no momento obrigado

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