domingo, 14 de novembro de 2010

Meia-Maratona da Nazaré (com marca pessoal "de sonho")

Momentos inesquecíveis de uma marca que não contava mais fazer

Não vai ser fácil falar objectivamente nesta crónica da Meia-Maratona da Nazaré pois, passadas 10 horas de ter cortado a meta, ainda me custa a acreditar que tornei a baixar das 2 horas quando já não o esperava fazer mais.
Para a minha "carreira", apontei 3 objectivos, concluir uma Maratona (um dia...), baixar dos 50 minutos numa corrida de 10 (qualquer dia é o dia...) e baixar das 2 horas numa Meia, único objectivo já concretizado, mais exactamente em Dezembro de 2007 na Meia de Lisboa, com o tempo de 1.56.35, num dia onde estiveram reunidas as mais ideais condições atmosféricas e num percurso rápido e plano.
Em virtude de diversas vicissitudes, como a fractura do pé e a dificuldade em ter tornado a adquirir a forma, não contava mais baixar das 2 horas. Dizia, convictamente que o tinha feito num dia e não iria conseguir repetir. Isso implica uma média de cerca de 5.30 ao quilómetro, o que ainda há pouco me era difícil manter numa prova de 10, e desde o meu regresso da fractura que o melhor tempo era 2.14.33
Vim para esta Meia ciente que a minha forma melhorou a olhos vistos, em virtude de todo o novo esquema de treinos que tenho aplicado desde Julho, mas como tenho privilegiado mais a velocidade que longas distâncias, sabia que o melhor que podia contar era um tempo abaixo das 2.10, o que já era bastante bom para o que tenho feito em Meias.
Desde a partida que, naturalmente, fui para uma média de 5.30, o que me assustou pois ia ter 21.097 metros pela frente e iria claudicar se não abrandasse. Por duas vezes tentei reduzir mas não consegui pois não me sentia bem ir mais devagar e mantive esse ritmo. Por volta dos 4 quilómetros comecei a ter uma estranha sensação que iria dar para manter sempre essa velocidade. Deixei-me ir, com os quilómetros a passarem e a aguentar-me bem. Aos 14 senti os atacadores do sapato direito soltos. Parei, apertei e mal recomecei, e apesar de ainda faltar um terço, 7 quilómetros, tive a certeza que iria assim até ao final, começando a sonhar com 1.59 e a possibilidade, impensável à partida, de tornar a baixar das 2 horas. Mais à frente acreditei que ia para 1.58 e no último quilómetro que afinal seria 1.57. Porém, para maior alegria, o tempo acabou por ainda ficar no minuto anterior, 1.56.53 de tempo real e a apenas 18 segundos do meu record.
Claro que se pode pensar no tempo que estive parado a apertar o atacador, não sei se mais ou menos que 18 segundos, mas isso é algo que nem me preocupo. Se tivesse feito uma prova sempre a pensar num record, poderia questionar, mas como fiz algo que me deixou com a felicidade que as fotos demonstram, está tudo melhor que bem.

É sempre um momento único participar nesta Meia, e apenas o fiz pela 2ª vez, e sentir toda a sua mística. No local da partida, era contagiante a alegria de cada atleta em participar em mais uma edição da Mãe das Meias, e já vão 36. Além de terem sido chamados e recebido uma lembrança os 3 atletas que fizeram anos neste dia, foram igualmente chamados 2 atletas que somam 35 e 34 participações, respectivamente Henrique Hélder e Manuel Arons de Carvalho. Henrique Hélder apenas falhou a 1ª edição, por ter apenas 14 anos, tendo já corrido na 2ª com 15 anos. Arons de Carvalho só tinha falhado uma nos anos 90 por estar no estrangeiro, mas no ano passado acabou por não correr pois a 30 minutos da partida, quando calçava os ténis, teve um problema com uma hérnia discal e enquanto os seus colegas partiam, ele ia de maca para o centro de Saúde.

A organização é excelente e muito rodada e tivemos uma partida em condições, o trânsito completamente cortado, reabastecimentos com água e esponjas de 5 em 5 quilómetros, público entusiasta (a passagem pela praça perto dos 4 quilómetros é digna de nos sentirmos "vedetas"), um bonito prato como recordação, além de outros mimos.

Luís Ginja do Reboleira inscreveu o seu nome como vencedor nesta prova, com o tempo de 1.09.39. Esta marca mantêm a tendência das últimas 3 edições onde o tempo vem piorando e apenas é batido pelo da edição inaugural. O seu avanço foi de 14 segundos para Óscar Mendes do Liberdade e 30 para Carlos Santos do Benfica.
No sector feminino também uma estreante a ganhar na Nazaré, Chantal Xhervelle dos Machada Runners, 1.24.57 que é quase 9 minutos mais rápido que a marca do ano passado, com a vencedora dessa mesma edição, Patrícia Ferreira da Zona Alta a 3.43 e Patrícia Monteiro da Clark a 4.39
Classificaram-se 1.169 atletas, o que contraia a tendência de descida de participações que vinha ocorrendo há 3 edições consecutivas, pois este ano tivemos mais 130 atletas do que no ano passado e 19 em relação a 2008.
De registar que houve 237 inscritos que não compareceram. Provavelmente alguns assustaram-se com as previsões, que apontavam para alerta amarelo com aguaceiros e rajadas de vento, à semelhança do que aconteceu durante a noite, mas o tempo deu tréguas, antes da partida o sol esteve bonito, apenas caíram uns pequenos pingos por volta da hora de corrida e depois com cerca de 2.05 de prova, é que choveu forte uns 5 minutos, aliado a um forte vento.

Venha a edição 37!

2 comentários:

  1. Olá João.

    Que bom que foi ouvir o meu telemóvel tocar eram exactamente 13:06 e vi o teu nome, pensei - "o João levou o telemóvel e está a ligar ainda em prova..."
    Mas não... deste-me uma alegria enorme por saber que havias concluído a prova há uns bons largos minutos... ou seja, um tempo fenomenal!!!
    PARABÉNS JOÃO!!!
    Continua, porque - Pelo sonho é que vamos!
    Sandra

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  2. Obrigado! Há que manter o momento! :)

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