segunda-feira, 16 de maio de 2016

UTSM ou como a insensibilidade destrói sonhos

Este artigo é uma opinião pessoal de alguém que não participou no Ultra Trail de São Mamede mas que acompanhou in loco a prova desde as 7 da manhã até depois da meia-noite, tendo passado por todos os PAC entre o 4º e o 9º.

E sem dúvida que este não era o artigo que pretendia escrever e que nunca pensaria fazê-lo pois estava a assistir a uma organização em grande, com especial incidência aos voluntários nos PAC que passaram longas horas no seu posto e ofereciam sempre o maior apoio e simpatia aos atletas que iam chegando. E como importante é esse apoio a quem está a praticar um esforço tremendo.

Lamentavelmente, toda a grandiosidade deste evento ficou manchada por uma atitude incompreensível, e não constante no regulamento, que destruiu o esforço de três atletas, obrigados ditatorialmente a morrerem na praia quando já tinham passado os 97 km dum total de 102 que compunham este desafio.

Dois desses eram a Isa e o Vítor que estabeleceram um plano de 3 anos no UTSM, com presença em 2014 e 2015 nos 42 km para se balancearem para os 100 este ano. 

Estudaram o regulamento e verificaram que havia 3 barragens. PAC 3 (30 km), onde tinham que passar até às 7 horas de prova, PAC 6 (60 Km), até às 14 e PAC 9 (91 km) até às 22.30. O limite na meta eram as 24 horas.

Analisando estes tempos, realça uma incongruência entre o tempo limite no PAC 9 e a meta pois quem chega em 22.30 para 91 km, mantendo a mesma média nos últimos 11 km demorará 2 horas e 43, chegando assim às 25.13
Mas também é verdade que em todas as anteriores edições foram classificados atletas até bem depois das 24 horas, como no ano passado onde os últimos chegaram em 25.14, como a página do Facebook da prova destaca bem.
Naturalmente que nada quereria dizer que este ano não fechassem mesmo às 24 horas, como estava no regulamento, mas uma coisa é chegar à meta com o controlo fechado, outra é nem lhes ser permitido concluir a parte final do trajecto.

A Isa e o Vítor estiveram sempre muito bem e decididos, provando que tinham capacidade para a distância e para o projecto que delinearam para estes 3 anos e que se consumaria neste fim-de-semana.
Conscientes das suas capacidades, iam tendo em conta os tempos limites, seguindo em todos com margem.
No PAC 3 passaram com mais duma hora de avanço, no PAC 6 com 45 minutos e no PAC 9, já com a dificuldade adicional da noite ter caído, chegaram com 35 minutos de avanço, tendo demorado cerca de 15 minutos no PAC. 

Nesta altura foram apanhados pelo vassoura que acompanhava a última atleta em prova e seguiram os quatro.

Já nenhuma dúvida restava sobre que iriam concluir os reais 102 km. Tinham passado a última barreira e estavam preparados para os últimos 11 km, para cumprirem o seu sonho.
Claro que haveria a dúvida sobre se iram ser classificados (pelos anos anteriores sim), mas sentiriam a glória da meta e a certeza que tinham conseguido concluir uma prova com 3 dígitos.

Até lá, uma passagem pelo último PAC, o 10 com pouco mais de 97 km e a quase 5 km da meta. 

E é aqui que surge o caso. Foram informados que não poderiam continuar pois iriam chegar depois das 24 horas. 
Defenderam-se invocando o regulamento, onde não constava nenhuma barreira no PAC 10. Após o PAC 9 apenas haveria na meta. Reclamaram e quiseram falar com o director de prova. Chegou a haver uma chamada telefónica por parte da outra atleta para o director mas este desligou ou caiu a chamada. Depois souberam que ele se ia dirigir para lá. 
Entretanto na meta, chegavam dois atletas com 24.17 e eles continuavam no PAC 10 à espera. 
Quando aí chegaram, a média daria para cortarem a meta com 25.00 / 25.05. 
10 minutos antes de chegarem ao PAC 10, tinha passado por esse PAC uma atleta que depois cortou a meta em 24.50 e foi classificada. Eles teriam chegado à meta 10 minutos depois, o máximo 15.

Claro que havia esperança que o director de prova resolvesse a contento o problema. Era tudo uma questão de sensibilidade e bom senso, além de se cumprirem os regulamentos onde não havia barreira no PAC 10.
E para que servem os regulamentos? Não só para os atletas terem que cumprir, sob pena de desclassificação, como os próprios organizadores serem os primeiros a respeitarem as regras que criaram! 
Pode haver excepções? Sim, claro, casos imprevistos (os tais casos omissos), como condições de tempo adversas ou os atletas apresentarem sinais que poderá colocá-los em risco. 
Ora nenhuma desta situação sucedeu, portanto nada havia que obrigasse a uma excepção

Também importante é saber qual o papel dum director. Não é para ostentar um título importante mas sim alguém a quem os atletas sabem que podem falar em caso de algum problema. Depois, cabe-lhe decidir.
Ora ouvir os atletas não fez parte das funções deste director que chegou lá e decidiu da pior forma, ditatorialmente pois não permitiu alegações dos atletas, esquecendo-se da real importância da sua função. 

Claro que estaria acordado há demasiadas horas e bastante desgastado, mas... e os atletas que estavam em esforço há 24 horas? Que tinham aguentado tudo e lutado pelo sonho da meta? Para quem, como dizia a outra atleta, o realizar esta distância era o seu grande sonho? 

Não só não estava no regulamento barragem no PAC 10 como nada custava deixar seguir estes atletas até à meta, independentemente de os classificar ou não.
E se havia alguma justificação, não foi dada. Ora como não foi dada, como seria obrigação dum responsável, corresponde a não haver qualquer justificação.

O que esta decisão fez foi cercear de forma cruel todo o esforço e sonhos destes três atletas. Com que benefício?

Na altura, estava eu junto à meta e reclamei sobre este facto. Reagiram duas elementos da organização. Uma conhecida atleta que reagiu de forma correcta mas outro elemento foi muito infeliz ao criticar o ritmo a que estes três atletas vinham. Ora a organização colocou 3 barreiras e eles cumpriram em todas. Se a organização colocou esses tempos limites é que até essa altura é aceitável.
Fica bem a um elemento da organização mesquinhar com o andamento de atletas quando estes até cumprem com o pedido? 
Claro que para o limite na meta já não mas aí houve um tremendo erro de cálculo por parte de quem os estabeleceu pois que expliquem como alguém que passa aos 91 km em 22.30 consegue passar às 24 em 102.

E sobre essa crítica do ritmo, que a organização decida quem quer ter como inscritos. Apenas elite e diminuem fortemente os tempos limite, ou fazer a festa da corrida, permitindo também a presença de atletas que não correm tão rápido mas que dão tudo o que têm, que se esforçam de igual forma, que vão aos limites dos seus limites e mais além, e que enchem as listas de inscritos, constituem a maior fatia da receita das inscrições, dão muita mais visibilidade e divulgação à prova e seus patrocinadores e contribuem para não ter havido um quarto para alugar em Portalegre, com os devidos benefícios para todo o comércio local.

A Isa irá depois fazer o relato da prova no seu blogue, apenas pretendi aqui relatar o que vi, a minha opinião pessoal, e salientar o que uma decisão, incorrecta e mal avaliada pesa no destruir de sonhos de quem tanto se esforçou e cujo final é irrecuperável.

25 comentários:

  1. Inacreditável..nem sei como comentar isto... Muita força Isa e Victor, um grande abraço.

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  2. Como já vos disse: até me custa a crer que isto se tenha passado desta maneira. Sinceramente, acho que esta história tem de ter outro desfecho e para isso acho que deveriam fazer uma exposição à Associação de Trail Running de Portugal e à Federação Portuguesa de Atletismo.

    Fiquei muito triste pela Isa e pelo Vítor.

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  3. Eu nem acredito! Deve ser uma revolta tão grande ser "barrado" a 5km da Meta por este motivo!! Ou melhor, este "não-motivo". Se passaram no último corte antes do tempo, e se ele existia já prevendo que provavelmente esses atletas já chegariam depois das 24h, não percebo essa atitude! Quando muito, eram informados de que a meta encerraria às 24 e não seriam classificados. Agora isto? Enfim, estou de acordo com tudo o que escreveste e triste com este desfecho.
    Beijinhos para todos

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  4. Estas são sempre questões muito complexas.

    Gerir expectativas, gerir cansaço, gerir muitas horas, quer da organização, quer dos participantes, tem de haver sempre sensibilidade e bom senso, de todas as partes.

    Conforme já conversámos ontem, de uma forma breve, esse corte no PAC10 não foi (e isto na minha opinião) justificado. Não estava no regulamento, e não haviam condições climatéricas para tal acontecer, mas com certeza que o regulamento diz que as decisões da organização são soberanas, e o Director da prova decidiu da forma que achou melhor na altura, tendo em conta as circunstâncias, deve dar-se um voto de confiança.

    Falando do que sei e do que vi, o percurso nos quilómetros que faltavam eram simples (nada perigoso), mas não vi o "estado geral" desses três participantes, independentemente do ritmo a que viessem e portanto só posso avaliar "ao longe" e não sei se a decisão foi acertada ou não, só o próprio a poderá justificar, caso considere necessário.

    Resumindo, e onde é que quero chegar? Já cheguei por algumas vezes em último em algumas provas onde participei, e sou da opinião que são os últimos a chegar que fazem a prova, não os primeiros.

    São esses últimos, com as suas expectativas, aqueles a quem tem de dar-se mais atenção, quer a nível de abastecimentos quer a nível de acompanhamento e tratamento, pelo menos durante, e depois, é que é por essas e por outras que há provas onde faço questão de estar sempre presente, e outras onde vou, e nunca mais volto mas... Isso sou eu, somente um atleta cá do fundo do pelotão...

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  5. Absolutamente lamentável o que aconteceu nessa prova.
    Quanto a sugestão da Anabela eu vou dizer aqui uma coisa que se calhar vai dar uma grande polémica: eu não reconheço qualquer autoridade nem a Associação de Trail Running de Portugal nem Federação Portuguesa de Atletismo para intervirem nesta matéria.
    A Federação Portuguesa de Atletismo nunca se interessou nem pelas provas de estrada nem pelo trail e no que concerne à estrada até tudo fez contra essas provas durante muitos anos.
    A Associação de Associação de Trail Running de Portugal de Portugal está longe de representar todas as organizações e entidades envolvidas no Trail Running em Portugal.
    Na minha opinião em relação ao Trail Running em Portugal é que não há uma organização que realmente represente todas a entidades envolvidas na organização de provas de modo a se poder ter um regulamento que seja aceite por todas a entidades envolvidas na modalidade, só com um regulamento assim se podem evitar situações destas e penalizar as organizações que cometam graves erros como me parece ter sido o caso.
    Não havendo uma entidade que regulamente a modalidade e em que todos os organizadores vejam legitimidade na mesma a solução passa por se fazer o que sempre foi feito em relação as provas de estradas: os atletas têm de separar o trigo do joio e penalizar as provas cujo a organização não lhe merece confiança não participando nas mesmas. Provavelmente será o que vai ter que ser feito em relação à prova em questão.
    Mas aguardemos por um esclarecimento dos organizadores, quem sabe um pedido de desculpas, a garantia de que o ocorrido não volta a acontecer.
    É triste ter de condenar uma prova que segundo os relatos que tenho lido é bem organizada por um atitude irreflectida do seu director e um erro crasso no regulamento. Mas se não houver um assumir das culpas perante o ocorrido por parte dos organizadores o caminho vai passar mesmo por “riscar” essa prova do calendário.
    Nota: uso a expressão Trail Running sobre protesto pois não vejo necessidade de recorrer a estrangeirismos quando a língua de Camões é tão rica!

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  6. A organização deste tipo de eventos tem as suas compensações!! Que outra justificação haveria para tanto marketing?! Fiz as edições de 2013, 2014 e 2015 e em cada uma delas foi notória a degradação no tratamento dado aos atletas. Com o aumento de inscrições aceites pela organização, resulta a depreciação dos chamados 'mimos' dispensados noutros cenários. Se o director da prova estava demasiadamente cansado para ouvir os visados, então teria de repensar o que andaria ali a fazer. Sobra o aumento da oferta para nós, os interessados fazermos a selecção que se impõe, no nosso interesse. Troquei a UTSM de 2016 pelo 4º Trilho das Lampas. Poderão dizer que não se podem comparar alhos com bugalhos e eu dir-vos-ei, exactamente. Nas Lampas sou bem recebido. Sinto desde que lá chego que faço de alguma forma e dentro da m/dimensão, alguma diferença. Em Portalegre sinto-me como um número, um elemento de estatística. Se tenho pena? Claro que tenho. Portalegre ficará sempre na m/memória. Mas ficará mais pela experiência de 2013. Menos pela de 2014. Menos ainda pela de 2015. Nesta 5ª edição, com os 60Kms a partirem em conjunto com os 100Kms foi o transbordar dum copo que já vinha (quase) cheio. Afinal a prova principal qual é?? Não vale tudo apenas pelas estatísticas. Não pode valer tudo!!

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  7. Olá João!
    Como é evidente, concordo com tudo o que escrevestes.
    Quero agradecer mais uma vez todo o apoio que nos destes, antes, durante e após a nossa prova.
    Muito obrigado!

    Abraço e beijinho à Mafalda

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  8. Nem sei bem o que dizer, apenas que me revoltam situações destas. Está tudo dito no teu texto, com o qual concordo a 100% ... não estando no regulamento este barramento não poderia ter sido feito, os regulamentos existem para serem cumpridos por ambas as partes. Se depois os classificavam ou não, já são contas de outro rosário ... lamentável ... Isa e Vitor, muita força, levantar a cabeça e siga para a próxima aventura.
    Abraço

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  9. Para mí el valor de una crónica es siempre ambigua, puesto que es personal y totalmente subjetiva. Doy fe de los esfuerzos de la organización para mantener a "atletas" dentro de carrera. Quisiera que quienes opinan como el autor de esta crónica hagan examen de conciencia y valorasen si realmente estaban en óptimas condiciones para afrontar el reto. En otras carreras de similares condiciones no son tan tolerantes y los tiempos de corte empiezan en el km 10. Entiendo que lo hacen para evitar los problemas que ocasionan corredores prácticamente fuera de carrera. Desde aquí mi más sincera enhorabuena a la organización, a los voluntarios, a mi querido Fernando Alvez Barrero por su inestimable esfuerzo por conseguir que quienes van justos al final de carrera, justos de tiempo, de fuerzas, de material, de entrenos, lleguen a meta o lo más cerca posible ... No creo que haya en Portugal y España carreras preparadas con tanto cariño y dedicación. Animo a toda el equipo ACP-UTSM a seguir realizando esta labor en favor del Trail, que no es perfecta y tiene sus defectos, por supuesto, pero el primero de ellos es ser demasiado tolerantes con los tiempos de corte. Un fuerte abrazo!!

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    1. Caro Jose Manuel, conheço a Isa e o Vítor há anos. Somos da mesma equipa e já fizemos muitas corridas juntos, incluindo Maratonas. Sei assim avaliar se estavam em condições de continuar. E estavam, como qualquer pessoa, mesmo sem os conhecer, via sem qualquer dúvida.
      Sobre outras provas com outros limites mais baixos, estamos a falar é desta e eles cumpriram todos os intermédios, não podendo ser barrados num local que o regulamento não previa.
      Se no UTSM são muito tolerantes? Que decidam se querem apenas corrida pare elite...
      Boas corridas!

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  10. Olá Isa e Vítor eu sou a outra atleta, a Maria que fez convosco a prova a partir dos pac 9. Sofri convosco a desilusão de não puder alcançar um sonho. Após tantas horas, fomos tratados de forma rude e cruel e confirmo, sim,o diretor desligou-me o telefone na cara! Foi um prazer conhecer-vos e desejo-vos as maiores felicidades! E sabem que mais? Nós somos tão ultras como os atletas que acabaram a prova. Apenas fomos impedidos de cortar a meta! 5 kms nao destroem a nossa história! Parabéns guerreiros!

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    1. Olá Maria!
      Muitos parabéns por todo o empenho e esforço, que só não foi devidamente recompensado na meta porque não deixaram.
      Força para os próximos objectivos!

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    2. Excelente e verdadeiro relato.
      Obrigada, João!

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  11. Caríssimo João lima e demais visados. Partilhei na página social do evento este seu post e nele dei a resposta que pode ser dada. Lamento o sucedido mas rejeito totalmente que a insensibilidade esteja do nosso lado e na minha decisão. Não me vou alongar porque por nós fala a nossa atitude na vida e nas coisitas a que estamos ligados. Que fique contudo claro o seguinte: Durante as 24 h 14 m em que os 3 concorrentes que referiu estiveram no evento receberam todo o apoio da Organização, nomeadamente a companhia e a tenção do nosso concorrente "vassoura", foram transportados ao estádio por nós e quando lá chegaram ainda estava montado todo o imenso dispositivo médico mobilizado para lhes prestarem a assistência de que pudessem necessitar, bem como todo o apoio alimentar que colocamos em 10 PAC's e na Meta. Às 9 h da manhã, escassas 7 horas após termos finalmente "descansado" de 46 h ininterruptas horas a trabalhar - estou a falar apenas de uma pessoa, eu! - já estava a receber um telefonema de um concorrente a solicitar que a Organização lhe proporcionasse o apoio médico que rejeitou na véspera por se encontrar cansado, já que não conseguia mover-se da viatura onde pernoitara. A minha decisão e a minha conduta qual foi? Dizer-lhe que chamasse um familiar, o 112 ou um táxi? Não, levantei-me da cama e lá fui levá-lo ao servido de urgência do Hospital de Portalegre. Por nós falam 53 anos de dedicação à causa. Não é a inveja de alguns, a ligeireza de algumas análises ou a eterna insatisfação de outros que nos afectam conscientes que estamos daquilo que fazemos e do respeito que nutrimos por todos. Caro João Lima, julgo não o conhecer pessoalmente, mas numa oportunidade que haja gostava de poder falar consigo olhos nos olhos para falarmos de alguns pormenores que estão por detrás de decisões para si aparentemente erradas. Votos de continuidade do maior sucesso para o seu blogue. Abraço. (Diretor de Prova do UTSM)

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    1. Caro João Correia, terei a maior disponibilidade de falar consigo olhos nos olhos. Mas chamo a atenção que o que os 3 concorrentes se queixaram é de nem ter falado com eles olhos nos olhos...
      Se tanto aplaudo as outras atitudes que teve durante a prova (e que no texto refiro a grandiosidade que estava a assistir até àquele momento), tenho que criticar este momento onde houve insensibilidade e crueldade com o esforço de 3 atletas que deram tudo pela meta que lhes foi negada.

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    2. Lamento mas tenho que voltar ao diálogo para repor a verdade dos factos. Desloquei-me propositadamente ao PAC 9 para comunicar pessoalmente a decisão aos visados e uma das viaturas disponibilizadas para os transportar era precisamente a minha. Podia ter comunicado a decisão pelo coordenador do PAC. Tinha sido muito mais fácil para mim. Dou sempre a cara. Não vou responder a mais nada mesmo que me acusem de ser o Judas reencarnado. Abraço, então.

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    3. Apenas uma correcção ao que escreveu, foi no PAC 10 e não 9 (esse sim, a última barragem no regulamento e que foi devidamente ultrapassada pelos 3 atletas)

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  12. João Lima 100% de acordo com o que escrevestes. Já praticamente não corro com dorsal mas também cada vez tenho mais receio de meter em provas sem conhecer muito bem as organizações para não ter dissabores. E quanto maior é a distancia mais esse medo aumenta! Se um erro, da organização, nos destruir uma meia maratona olha faz-se outra! Se um erro da organização, nos destruir uma ultra maratona são meses e meses de trabalho, esforço e sonhos que vão por água abaixo. A voltar a fazer uma ultra tinha de ter muita confiança nos seus organizadores porque é como entregarmos um pouco da nossa vida a desconhecidos! E com a proliferação de provas de trail e de organizadores das mesmas cada vez há mais gente a dar menos garantias de qualidade organizativa! Não me parecia ser o caso da prova em questão mas no melhor pano cai a nódoa e neste caso a nódoa veio na forma do director da prova! E se uma prova é um colectivo que a organiza o director da mesma é o rosto da prova e uma atitude como a deste senhor é o suficiente para deitar por terra todo o trabalho de uma organização. Não foram só os atletas barrados que saíram prejudicados mas toda a organização do UTSM - Ultra-Trail de São Mamede que viu a todo o trabalho posto em causa devido a uma atitude arrogante e prepotente. Muita gente pode não o saber mas eu já ando nisto há uns anos e afirmo que ser director de uma prova é das funções de direcção mas delicadas e complicas que há e exige um perfil muito próprio que esse senhor manifestante não tem!

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  13. Fico triste pelo Vitor e pela Isa. Não imagino sequer nem quero imaginar. Não conheço as circunstâncias, não me posso pronunciar para além de referir que se não constava do Regulamento aquele posto controlo... que mais posso dizer?

    Por outro lado, sei que a Organização tem legitimidade para impedir os atletas de prosseguir, por esta ou aquela razão...

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    1. Certo, Ana, tem essa legitimidade mas tem que justificar qual a razão, o que não foi feito...

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  14. Amigo, mais uma vez obrigada por toda a vossa força ao longo da prova. Obrigada também pelo teu testemunho.

    Entre hoje e amanhã tentarei escrever um artigo no meu blogue onde irei relatar aquilo que aconteceu, pois penso que assim que as pessoas souberem como fomos tratados já não vão ser tão apoiantes da organização.

    Mas quero esclarecer que achámos a prova 5* até aquele momento, o problema foi precisamente quando chegou o director de prova. Foi nitidamente arrogante conosco, nunca nos olhou nos olhos e pior, quando informámos que iríamos apresentar reclamação por escrito respondeu-nos com um extremamente arrogante e rude "Epá, façam o que quiserem...."
    Inadmissível!

    Nós nunca pedimos para sermos classificados nem tão pouco pedimos medalhas, nós só queríamos terminar a prova. E segundo o regulamento, se havia um limite de 24h NA META, só aí nos poderiam "barrar", portanto aí sim teríamos que aceitar que não nos classificassem.
    Mesmo assim é extremamente duvidoso...pois em anos anteriores e mesmo este ano classificaram pessoas após as 24h...se são assim tão rigorosos a cumprir o regulamento então porque classificaram todas estas pessoas ano após ano? Nós é que fomos as excepções! Nós é que nem sequer podemos terminar!

    E não me venham com "nós oferecemos boleia para a meta e os atletas aceitaram"...pois assim que nos ofereceram boleia nós referimos que não queríamos boleia mas sim continuar a prova até ao fim!
    Mas enfim, amanhã relato com mais calma no meu blogue.

    Nunca mas nunca iremos descer ao nível com que nos trataram. E uma coisa é certa não voltaremos ao UTSM. Há mais provas e há mais trilhos em Portugal.

    Beijinhos João e Mafalda

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    1. Isa e Vítor,
      No seguimento da leitura da vossa experiência no UTSM e depois da minha primeira experiência no UTSM em 2016 e das participações desde Janeiro deste ano no Hard Crono Serra Archeira, Trail dos Abutres, Trail de Bucelas, UTAX, Trail de Lousa e Trail Peneda-Gerês e para não falar das provas onde tive o privilégio de participar pelo país fora o ano passado, permitam dizer-vos que na minha modesta opinião o UTSM não fica atrás de nenhuma delas relativamente á organização.

      Reclamações de atletas haverá sempre e devem ser feitas de forma responsável para permitir às organizações melhorar, compreendo o vosso desagrado pelo que aconteceu e acredito que a organização no futuro irá tratar estas situações no regulamento de forma clara e objetiva para não suscitar dúvidas sobre as decisões que forem tomadas.

      A melhor forma de todos resolvermos este assunto é estarmos no UTSM 2017 e confirmarmos olhos nos olhos que é melhor que o UTSM 2016 e que todos demos o nosso modesto contributo para que assim fosse.

      Bons treinos para todos e em particular para quem estiver no Estrela Grande Trail que se aproxima, e até 2017 UTSM.

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  15. Depois de tanto ler, inclusive as respostas...não há palavras.

    Pode haver justificações mas não palavras.

    Seja como for, não tira o mérito ao Casal.

    Abraço

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  16. Extrato do regulamento do UTSM 2016
    "(...)
    2.5. Tempo limite
    O UTSM (Ultra-Trail da Serra de São Mamede): 24 h de tempo limite.(...)"

    Cada um, nunca esquecendo o seu julgamento pessoal, interprete como quiser. Uma coisa o Director da Prova fez, decidiu dentro do regulamento mesmo que não nos agrade!

    Resta-me apenas lamentar a ligeireza como alguns dos opinadores deste blog, sem terem conhecimento das razões de ambos os lados, tomam partido do texto escrito por João Lima!

    Uma coisa é certa, para o ano lá estarei outra vez!

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    1. Lamento profundamente que não tenha tido a coragem de dar a cara, escondendo-se no anonimato.

      O director de prova não cumpriu com o regulamento pois era bem claro que as barragens davam-se nos PAC 3, 6 e 9. Nunca no 10. Tendo passado com margem no PAC 9, os atletas tinham todo o direito de seguir para a meta, cumprindo a distância e aí sim, poderiam não ter direito à classificação, tal como o regulamento explicita.

      E tal como escrevi, e deve ter lido, a questão não se colocava em serem classificados (que pelo regulamento não tinham direito, apesar de ser sempre dúbio uns serem-no, tendo passado largamente as 24 horas e outros não) mas cumprir a distância que se propuseram e provaram conseguir.

      Ao contrário de si, e porque sou uma pessoa educada, despeço-me desejando boas corridas.

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