domingo, 15 de novembro de 2015

Nazaré: Fazer uma excelente corrida e acabar em frustração

O trio terrível volta a atacar, desta feita na Nazaré :)

Que a última falta do teu amigo não te faça esquecer todas as suas virtudes

Esta é uma máxima que tento sempre seguir e se ajusta em pleno ao que se passou hoje na Nazaré. Houve uma falha (que por acaso me doeu como irão perceber) mas só não erra quem nada faz e esta organização demonstrou em 40 anteriores edições da alta qualidade que sempre se pautou e a transformou numa corrida mítica. 
Quando refiro a dita falha é por constatação, nada mais, ademais numa edição complicada, com várias incertezas até perto da data, inclusive do próprio dia se 8 ou 15, e onde o percurso teve que ser alterado por obras na Marginal.
E foi exactamente essa alteração de percurso que originou que em vez dos certificados 21.097 metros, se passasse para cerca de 22 km.  

Ora, e já começa a ser fado meu, quando estou "naqueles" dias (e no nunca alcançado objectivo de sub50 aos 10 km isso sucedeu várias vezes...) há qualquer coisa que vem impedir o desiderato, geralmente por a distância ser menor ou algumas maior.

Esta foi a minha 43ª Meia-Maratona e nas anteriores 42 apenas por 3 vezes baixei da barreira das 2 horas. A primeira na Meia integrada na Maratona de Lisboa em 2007 com 1.56.35 (actual record), 3 anos depois na Meia da Nazaré com 1.56.53 (a 18 segundos do record mas onde fui obrigado a parar uns segundos para apertar o atacador que se tinha solto...) e mais 3 anos após, 2013, na Meia dos Descobrimentos com 1.58.26

Como se vê, é algo que não é nada fácil para mim e hoje não parecia ser uma boa altura. As razões eram 3: 
- Não me poupei nos treinos nos últimos dias (não foi um erro mas sim por estar orientado para outro algo)
- Estava muito calor (S.Pedro esqueceu-se que já estamos a meio de Novembro?)
- As bronquiectasias activaram outra vez e não tinha os pulmões a funcionarem a pleno.
Ora, contra todas as expectativas, senti-me bem desde a partida e toca de meter esse objectivo na cabeça. 

Lutei, lutei muito e sofri, sofri muito por causa da dificuldade em respirar a 100%. 
O que é certo é que a média estava confortavelmente dentro do tempo. Havia era algo que me preocupava. As placas quilométricas estavam cada vez mais desajustadas e de forma alarmante.

Esperançoso, pensava que fossem acertando mas cada vez ficavam mais afastadas. Até que a uns 4 quilómetros do fim, caí na real e vi que a distância iria ser muito superior aos 21.097 e não iria dar para sub 2 horas.

No entanto, e apesar das dificuldades que estava a sentir para respirar correctamente, e consciente que não iria contar, decidi continuar no mesmo esforço para passar na verdadeira distância de Meia abaixo das 2, o que consegui com 1.59 e pouco.

Acto contínuo, perdi o gás todo e arrastei-me nos últimos cerca de 900 metros, chegando a andar, pois a gana tinha-se esgotado naquela meta fictícia. Foi de tal maneira que cortei a meta real com o tempo de chip de 2.07.08, o que dá bem a imagem do que foram essas últimas centenas de metros.

Confesso que o meu estado foi de completa frustração. É tão raro um tempo assim e sucedeu logo nesta circunstância. E a frustração foi maior quando venci o calor e o que os pulmões me apoquentavam e afinal acabei derrotado por uma situação inesperada.

Ok, podem dizer que ao menos sei que consegui fazer menos de 2 horas em 21.097 mas... não é a mesma coisa. Não é oficial.

Quanto à competição propriamente dita, e naturalmente pelo referido, este foi o pior tempo de sempre dum vencedor nas 41 edições. Quanto à participação, a quebra foi significativa (de 1.022 em 2014 para 750), sendo a 39ª participação em 41, apenas superior às duas primeiras edições.
A divulgação tem sido escassa nos últimos anos e hoje pagou pelo atraso do anúncio da prova, numa altura que muitos já estavam inscritos noutras corridas e num momento que os calendários estão muito preenchidos.

Foi a minha 7ª presença na Nazaré e venha 2016 pois a Mãe é imperdível!

Para a semana vou a outra Meia, em estreia em Évora mas essa vai ser, em princípio, nas calmas.



Para terminar, uma pequena homenagem àquela que considero a cidade mais bonita do mundo


27 comentários:

  1. Boas João , é curioso que não fui por motivos físicos mas já me tinha apercebido que este ano a prova ía dar "raia" ...começou no anuncio da data e vejo agora que terminou na distancia!!!Amadorismo puro nos tempo que correm não se justifica.Boa sorte para o Alentejo e tudo de bom para todos.Abraço

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    1. Olá Joaquim. Não concordo com o termo amadorismo mas sim dificuldades que nem nos passam pela cabeça.

      Um abraço

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    2. Acredito que a palavra amadorismo será dura , no entanto a Meia da Nazaré é um" produto" de muito valor para ser tratada assim , a constante perda de atletas nos últimos anos é sinonimo disso mesmo , ou seja pouco empenho para progredir em consonância com os dias de hoje.Abraço.

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  2. É daquelas provas que eu um dia gostava de fazer!

    Quanto ao erro deles, uma prova pode estar perfeita a todos os níveis, mas quando me falha a nível de distância... Epa posso nem o demonstrar mas fico lixado. É que é como tu dizes, sempre que uma coisa dessas acontece é quando íamos para um recorde pessoal ou coisa parecida.

    Um abraço João

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  3. Foi pena o calor e foi pena o km a mais. Não foi a manhã mais agradável mas pelo menos celebrámos o facto de estarmos vivos e podermos correr. E podemos não ter atingido os nossos objectivos mas pelo menos corremos pelas nossas pernas...

    De qualquer forma foi mais uma ida à Nazaré entre amigos e com um muito agradável almoço :)
    A próxima será melhor!

    Beijinhos

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    1. E o que é bom corrermos pelas nossas pernas... ;)

      Beijinhos e venha a próxima

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  4. Pois, Nazaré é Nazaré e a mãe é por vezes carinhosa, mas noutras é inflexível.
    Esta 41ª edição começou torta, realizou-se eu sei, mas à custa de muito esforço de muita gente amadora. Mas nestas coisas, como noutras, não há milagres e as pressas nunca dão bom resultado. Estranhei de facto o meu gps não assinalar as distâncias de acordo com as marcações, mas sinceramente a questão dos tempos já há muito deixou de ser importante para mim e alheei-me completamente do assunto. Percebo no entanto a importância que tinha essa marca para ti ontem, nas circunstâncias em que correste e só posso desejar que fique para uma próxima oportunidade.
    Abraço

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    1. Obrigado Alexandre. Foi pena não nos termos visto.

      Um abraço

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  5. Acontece .. é chato mas acontece. Fica aquele amargo de boca ... mas tenho a certeza que quem ficou mais chateado com a situação foram os organizadores ... sei do que falo, pois ainda recentemente nos aconteceu em Lamas. Mas é como dizes, são muitas edições a correr bem, se o próximo problemazito acontecer na 82ª edição estamos bem :) .... acho que me vou estrear na Mãe no próximo ano, pois com os cuidados redobrados que a organização vai ter, vai ser TOP :)
    Quanto a ti, bela prestação na mesma ... muitos parabéns!
    Abraço e força

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    1. Se o próximo problema for daqui a outros 41 anos, terei 96 anos... será que ainda corro? :)

      Um abraço e obrigado

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    2. Claro que corres... há dúvidas? :):):)

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  6. Perder e ganhar é desporto! :)
    Desta vez perdeste mas, aceitar a derrota já é meio caminho andado para ganhar na próxima! Dá-lhe João!

    Abraço

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    1. Perdi... é como quem diz. Não contou. Porque consegui-o ao fim de 21,097...

      Um abraço

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  7. João, triste pelo que relatas relativamente à prova. Também eu me inscrevi antes, em provas para as datas deste fds e não estava em condições físicas para fazer uma meia maratona. A Nazaré é como uma segunda casa (passei lá, boa parte dos Verões da minha infância) e não merece este sentimento de quase «afogamento» da sua prova. Espero que nos próximos anos, seja reavivada! É bem necessária e conto lá estar no próximo ano, assim tenha saúde para tal! Parabéns pela tua prestação! 43 meias é um feito! Grande abraço, Amigo!

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  8. Imagino a frustração!! Mas mesmo assim não deixou de ser uma boa prova e é isso que deve ficar na memória.
    Para a semana também vou a Évora, mas muito devagarinho, ainda tou a recuperar do Porto.

    Encontramo-nos lá!!

    Abraço

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    1. Sim senhor, lá nos encontraremos nesta edição inaugural

      Um abraço e obrigado

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  9. Estou tão longe, mas tão longe dessa doença de "recordite" que tenho muita dificuldade a encaixar-me nisso! Para mim o prazer está em correr simplesmente sem cronometro nem marcas! Isso ficou lá atrás há muito anos para mim. Eu só me interessa é correr o máximo de km que consiga! Mas entendo que seja chato o que te aconteceu também o seria para mim antigamente. Mas estás em grande forma isso é notório!
    Nota: a cidade mais bonita do mundo para é a minha Lisboa! Mas uma afirmação dessas é sempre polémica pois para a fazer tinha de conhecer todas as cidades do mundo! Abraço e cuidado com os satélites! hi hi hi hi

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    1. Tudo tem a sua época, Jorge, e quando estavas capaz, não desperdiçavas a oportunidade de fazeres história, fazendo registos que hoje te orgulhas.
      Quanto ao satélite... sei não! :)

      Um abraço

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    2. Mesmo assim antigamente não havia GPS e as medições da provas também falhavam muito, acreditas que nunca dei grande importância as marcas que fiz até porque na altura nem eram nada de especial. Olha agora dou mais valor ao que fiz que na altura :). Mas a marca que mais gostei de fazer foi nas 12 horas, sempre liguei mais a distancias que a tempos, gosto mesmo é de conseguir correr muitos km!

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  10. Olá João! É aborrecido quando as distâncias nos enganam... Lembrei-me de quando os 20km de Cascais se tornaram nos 20+1 km de Cascais, no ano passado, se não estou em erro. Custa muito quando afinal percebemos que a meta não está onde deveria. Mas enfim, é isso, que não se repita muitas vezes e correr é um prazer.
    Mas aquilo que eu quero saber mesmo é: quantas meias-bananas já comeste desde dia 18 de Outubro? :):):)

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    1. Olá Sofia!
      Espero que esteja tudo a ir bem contigo.
      Confesso que não percebo a pergunta das meias-bananas. Todos os dias de manhã, a primeira coisa que como é uma banana.
      Ah!!! Estava a escrever esta última frase e de repente fez-se luz! A meia-banana... eh eh eh. Essa ficou para a história :)

      Beijinhos e obrigado

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  11. Fizeste uma grande prova João!
    Foi pena a prova não ter os km correctos.
    Não foi oficial, mas tu e nós sabemos, a grande marca que farias.

    Abraço

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  12. Eu compreendo, mesmo nós sabendo o que conseguimos, se não for "oficial" parece que fica sempre a faltar qualquer coisa. De qualquer forma, muitos parabéns! E força para a Meia de Évora, é uma cidade que gosto muito.
    Beijinhos

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    1. Obrigado Rute. É isso mesmo, não conta!

      Évora é linda. Esta meia vai ser nas calmas. preciso de recuperar do esforço (pró boneco) na Nazaré.

      Beijinhos :)

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