terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pancadas, macacos e respeito


Sejamos claros, há três tipos de atletas a competir nas nossas corridas. Os de elite, que ganham a sua vida desta forma, os não profissionais mas que lutam pelos melhores lugares e prémios e os atletas que correm pelo prazer de correr, cada um com os seus objectivos pessoais.

Logicamente todos têm que ter consciência do seu valor e posicionamento no pelotão, colocando-se dessa forma na partida.

Há um ditado que se aplica na perfeição a esse momento de início de corrida: "Cada macaco no seu galho". Se alguém vai lutar pela vitória seja na geral ou no escalão, deve posicionar-se à frente, pois se não o fizer prejudica-se a si próprio. Mas se alguém tem andamento para meio do pelotão, é daí que deve partir pois se se colocar à frente não é a si que prejudica mas os seus colegas que vão lutar pela vitória e encontram ali alguém que lhes esbarra caminho, existindo mesmo a possibilidade de tropeções ou quedas. Cada macaco colocar-se no seu galho é uma questão de respeito, e por falar em respeito, utilizo aqui o termo macaco como exemplo do ditado e não de forma depreciativa.

Que muitos atletas têm as suas pancadas, é verdade, mas se algumas são inócuas, outras merecem a nossa reprovação. É o caso vertente de quem se coloca na primeira fila da partida em todas as provas que participa (inclusive naquelas onde nem dorsal tem), sabe-se lá porque razão, para após o tiro de partida ser de imediato engolido pelo pelotão. Não tem qualquer fundamento e é perigoso!

Decerto que todos nós já assistimos a casos do género mas há exageros intoleráveis. Como o caso que estou a citar e que, estando anteontem na Corrida de São Domingos de Benfica à frente do pelotão na prova aberta, que estava uns metros atrás da linha de partida para dar espaço aos atletas de elite que iam disputar o campeonato nacional, quando estes se posicionaram foi furando até chegar à primeira fila da elite! 

Como nem todos cabem nessa primeira fila, esse atleta ao colocar-se ali, ficou inclusive à frente de quem ia disputar tão importante título e que teve de partir de 2ª fila, prejudicando assim quem vive do Atletismo.

E o que ganhou? Partindo em primeiro foi ultrapassado por cerca de 8 centenas de atletas!

Esta forma de proceder sucede em todas as provas que este atleta participa, inclusive aquelas onde nem dorsal tem, ou o dorsal é doutra prova, como se pode comprovar nas fotografias das partidas das mais variadas corridas.

Esta situação é intolerável e tem que ser divulgada pois o chico-espertismo não é solução e cabe a todos nós defendermos as nossas corridas de elementos perturbadores ao bom desenrolar das mesmas.

39 comentários:

  1. Na década de 80 (em que colaborei com algumas organizações) abundavam este tipo de “cromos”!
    Parece-me que hoje em dia os corredores estão muito mais civilizados e já não abundam situações como a referida aqui a não ser quando há uma câmara de televisão por perto pois elas têm o condão de atrair cromos em abundância!
    Não sei o que levou este corredor a tomar esta atitude. Será que queria dar ares de grande atleta colocando-se sempre na linha da frente?
    Realmente conseguiu-se destacar mas pelos piores motivos: como bobo da corte, cromo e alguém que não tem o mínimo respeito nem pelos outros atletas nem por si próprio.
    Se tivesse optado por se colocar junto de outros atletas de pelotão do seu nível poderia competir saudavelmente com os outros corredores e não ficaria exposto ao ridículo.
    Espero que este texto sirva para fazer este corredor entender as coisas, ganhar alguma vergonha, e passar a ter atitudes mais honestas e dignas.
    Já agora acrescento que vale a pena clicar na foto a fim de ampliar a mesma e ficar a conhecer melhor o “cromo” que se distingue, na perfeição no meio dos atletas de elite.
    Atenção que todos nós temos direitos a participar em provas independentemente das nossas capacidades atléticas ou compleição física mas temos a obrigação de nos colocarmos no devido lugar ou seja no nosso galho como diz o amigo João Lima.

    ResponderExcluir
  2. @JoaoLima
    Gostei do seu texto, e concordo consigo em tudo o que disse. Realmente o cromo nota-se à distância devido à sua proeminente compleição física (aka barriga de cerveja. Eu até o apelidaria de emplastro em vez de cromo... :)

    ResponderExcluir
  3. Bom texto João, por acaso antes da prova estava a comentar com uns amigos exactamente o mesmo atleta que está nessa foto. Em quase todas as provas aparece sempre na 1ª fila de forma completamente desnecessária.

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É, João. Não estamos a falar duma prova mas de muitos anos sempre a ver o mesmo!

      Um abraço

      Excluir
  4. João, de facto é uma falta de respeito com essas atitudes, mas a verdade é que o homem é conhecido por isso mesmo.
    Eu antes de o conhecer já tinha ouvido falar no senhor da bandeira da primeira fila.
    Agora em tom de brincadeira, ele só foi à primeira fila para dar um empurraozinho à Ana Dulce para ela tentar ganhar :p

    Um abraço e boas corridas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois... a Dulce não precisa nada de empurrões...

      Um abraço

      Excluir
  5. Ainda no domingo, em Braga, pude observar muitos desses... "senhores". A zona de partida até era larga e estava dividida por secções. Os dorsais tinham a correspondente letra E (elite), A (abaixo de 40'), etc. Mesmo assim, desrespeito total. Já assisti a atropelamentos por desrespeito... com o infrator a achar-se pleno de razão!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas isso é sempre, Carlos. Quem prevarica ainda pensa que se lhe assiste todo o direito!

      Um abraço

      Excluir
  6. Boas João, já tinha reparado, principalmente nas provas de menor distancia (5, 8 ou 10 km) este fenómeno.

    Mas esta personagem nunca tinha visto. Quando vi a foto, pareceu-me ver o "Zé Manel O taxista" na linha da frente. :D

    Como referiste e bem, acima de tudo pode tornar-se perigoso.

    ResponderExcluir
  7. João, nem me atrevo a dizer aqui o que me passa pela cabeça nestas situações. E estou à vontade para falar, como sabes das várias provas que já partilhámos, normalmente começo sempre no fim do pelotão.
    Forte abraço!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas se fosse só este não era nada mau, o problema é a quantidade deles que se espalham no pelotão.
      Lembro-me na Marginal à Noite do ano passado de ver, também na 1ª fila, uma senhora mais velha que a minha mãe e com um "volume" que dava para perceber que não era atleta de 1ª fila, e também, bem no meio do pelotão, uma criança com cerca de 4 ou 5 anos ao pé dos pais, de bicicleta. Só pensava o que poderia acontecer à criança e aos atletas se se "esbardalhassem" uns por cima dos outros.
      Enfim...

      Excluir
    2. E dos casos que relatas, não venham falar em falta de experiência. Bastar pensar. Mas, como disse noutro dia, há quem julgue que pensar é usar pensos...

      Um abraço

      Excluir
  8. Não conheço o atleta em questão (e nem entendo o comportamento!!!), mas concordo com tudo o que escreveste, João. Cada macaco no seu galho!

    Beijinhos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se começares a reparar nas fotografias das partidas das mais diversas provas por aqui, notarás num constante denominador comum...

      Beijinhos

      Excluir
  9. Olá João, parabéns por mais um post interessante. Não há mais nada a dizer sobre isto, é triste e espero que a divulgação "ajude" estes cromos a ganhar juizo e a respeitar os outros, se não for por entender a questão, que seja pela vergonha.
    Abraço

    ResponderExcluir
  10. Belo texto João. Como diz o Jorge Branco, felizmente parece que essa espécie (os "cromos") estão em vias de extinção. Pode ser que um dia acabem por completo.
    Cabe-nos também a nós (atletas do meio/fim do pelotão) chamar à atenção desses "senhores".
    Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Tigas. Foi o que senti. Obrigação de denunciar em nome da correcção nas nossas provas

      Um abraço

      Excluir
  11. João, concordo com tudo o que aqui foi dito.
    Eu não conheço o cromo porque começo sempre lá atrás.
    Porquê estar ali a atrapalhar os atletas de elite?
    Isto não devia ser permitido.

    Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não devia mas, infelizmente, não há regra a impedir.
      Mas mesmo que houvesse, neste caso tinha que partir no pelotão da sua corrida e não do campeonato nacional e na Corrida do Tejo consegue intrometer-se na parte reservada apenas à elite, furando quando retiram as grades, e partir... de primeira fila.

      Parece ser um caso perdido...

      Um abraço

      Excluir
  12. Onde é que está o botão "Like" ?

    Concordo em absoluto!

    Abraço.

    ResponderExcluir
  13. Olá João,

    Tenho vindo a constatar que este senhor (se é que poderei dizer "senhor"), tem-se apresentado na linha da frente em grande parte das provas em que participo... Verifico tal fato quando vejo as filmagens ou fotos... O que me irrita solenemente, porque como dizes, cada macaco no seu galho e para além de ser muito perigoso, esta pessoa está a atrapalhar a corrida de quem é profissional, apenas porque gosta de ser "CROMO".

    Pensando agora assim - e se todos nós decidíssemos ser "CROMOS" e fossemos todos para a linha da frente? Como seria?

    E pior ainda... é que sempre que o vejo, raramente esta pessoa tem um dorsal da prova, apresenta-se sem dorsais, ou com dorsais de outras provas...

    A minha questão é esta - Este senhor, já se percebeu que não é atleta, não respeita este nome nem é digno de o ser...Mas será que as organizações das provas não conseguem colocar um ponto final nesta situação?

    Não podemos deixar que este tipo de cromos se achem com graça, porque não tê graça rigorosamente nenhuma...

    Desculpem os leitores deste blog, todo este desabafo, mas irrita-me solenemente a falta de respeito para com toda esta família que é o atletismo.

    Obrigada João, por chamares a atenção de algo de tamanha importância.

    Sandra Martins

    ResponderExcluir
  14. Pois é , também já vi destas "cenas".Realmente é incrivel como existem estes xicos espertos.Aqui á uns anos quando andava mais um pouco uma vez ainda tentei partir na frente a convite de um amigo , mas nunca mais pois ali não é o meu lugar.Aqui temos muitos destes tipo , assim como aqueles que cortam nas provas...esses sim mereciam ser fotografados.abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ui, amigo Costa, se vamos falar dos que cortam nas provas... Ou de quem fez a saudosa Corrida do Metro ... de metro!

      Enfim...

      Um abraço

      Excluir
    2. Corrida do Metro de metro??!!
      E então maratonas feitas no estrangeiro (com tempos que nem são capazes de aguentar numa meia maratona) com o recurso ao metro?!
      O melhor é estar calado!

      Excluir
    3. Sim, Jorge. Se começamos a falar disso, ficamos aqui até à meia-noite!!! :)

      Excluir
  15. Olá João
    concordo por inteiro, este cromo é bem conhecido, outros que são cromos que também os há e muitos quer-me parecer que também andam à deriva com o galho mas isso dava panos para mangas...

    Em relação a este caso muito concreto ficam duas dúvidas:
    A publicidade (panfleto) prévia à prova tinha lá na 1ª fila este mesmo atleta, não podiam ter usado outra foto mais a mais de um campeonato nacional?
    Numa prova que foi campeonato nacional como é possível uma partida com tudo ao molho (campeonato nacional de estrada e participantes da corrida de São Domingos)?
    Abraço e resto de boa semana.
    António Almeida

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá António.

      No panfleto colocaram a fotografia da partida desta prova no ano passado. Claro que o dito atleta tinha que estar no seu sítio "reservado"...

      Um abraço

      Excluir
  16. Viva João,

    Apenas para acrescentar que a tua indignação é perfeitamente legítima, parece-me ao ler os comentários se o senhor não tem capacidade para entender o ridículo que é. A organização não deveria permitir esta situação ainda mais sendo uma prova que faz parte do calendário nacional de estrada. Se quer visibilidade que corra nú com orelhas de burro no meio da A2 ou que salte da ponte com as cuecas da mulher a fazer de parapente. As provas abertas são para todos mas nem todos deveriam poder participar, viver em sociedade implica aceitar regras de condutas quem não as cumpre. fora! Não achas?

    Desculpa a extensão e o conteúdo mas fico ;( grrrr

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho sim senhor, Jorge!

      E como compreendo o teu grrr!

      Um abraço

      Excluir
  17. Caro João,

    Comecei a participar em provas há cerca de um ano e sou daqueles que correm pelo prazer de correr, lutando pelos meus objectivos pessoais (melhorar tempos, disfrutar da paisagem, etc., de acordo com a ocasião e a disposição). Pela minha (pouca) experiência, concordo cada vez mais com os blocos de partida em função dos tempos, especialmente em provas com muitos participantes e fundamentalmente por questões de segurança e de segmentação de atletas e respectivos objectivos, como refere (e também por ser mais divertido, pois parte-se num grupo com um ritmo semelhante ao nosso, o que para mim é positivo).

    Nas provas em que não existem esses blocos - nem para atletas de elite - já me parece que, independentemente de todas as desvantagens que possam existir, é legítimo a qualquer um desejar partir da frente e fazer por isso. E aquilo que entendo fazer por isso é acordar mais cedo para conseguir uma boa posição na partida (não estou a falar de situações de empurrões, pôr-se à frente, etc.). Todos estão em condições de igualdade, todos pagaram para participar na corrida, logo não deve ser assumido que uns têm mais direito do que outros para partir da frente. Excluo daqui aquelas situações típicas de pessoas de vão para andar, conversar lado-a-lado e outras semelhantes, potenciadoras de perigo para os restantes participantes. E é óbvio que tem de existir uma certa sensatez, mas acho que quem corre com prazer também não gostará de sentir estar a atrapalhar os outros ou ver-se constantemente a "competir" no início das provas com quem tem outras ambições e andamento.

    Era esta apenas a achega que pretendia dar. Isto porque, concordando com o que diz, já vi muitas vezes amigos meus que, chegando constantemente às provas em cima da hora da partida, passam depois a vida a reclamar que havia muita gente lenta à sua frente que devia ter saído mais atrás...

    Quanto ao demais, não percebo qual é o gozo de cortar caminho ou de, havendo blocos de partida, querer partir de onde não se pertence. Mas é bom vir aqui e ver que essa opinião é partilhada por todos.

    Cumprimentos e continuação de boas corridas!

    ResponderExcluir
  18. Caro João Lima,
    De facto tem toda a razão e não deixo de concordar plenamente consigo.
    Estando neste mundo das corridas há pouco tempo, também já me tinha apercebido deste tipo de atitudes. Todavia o caso em foco parece-me mais ter que ver com alguma pobreza de espírito do que propriamente com uma atitude pensada, ou excesso de competividade do "atleta"!
    A questão de que fundo que aqui vejo é: como é que a sociedade pode lidar com pessoas que não têm o mesmo referencial de valores da maioria?..nivelar por baixo?..ser condescendente?..ser intrasigente?
    Não é fácil!
    No caso concreto, apesar de subscrever por inteiro a sua análise e, por outro lado discordar de algumas das reações de alguns comentários, que tendem um pouco para um tipo de "linchamento popular", posso dizer que soltei uma boa risada quando ampliei a foto!!
    Boas corridas e parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir