terça-feira, 2 de julho de 2013

Alexandrino Silva lança duras críticas à Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência


No seu site oficial, a ANACR - Associação Nacional de Atletismo em Cadeira de Rodaspublicou o seguinte comunicado que passo a transcrever por colocar em causa o futuro competitivo dum atleta e que espelha o estado a que chegámos no apoio a quem o merece:

Lisboa, 25 de junho 2013 - O atleta paralímpico Alexandrino Silva disputou dia 22, a Grandma’s Marathon, em Duluh nos Estados Unidos, completando a distância em 1h37m37s, um registo que lhe permite a reentrada no projeto Paralímpico. A Grandma’s Marathon realiza-se todos os anos, no cenário bélico de Duluth, Minnesota (EUA). A sua primeira edição foi em 1977 com apenas 150 participantes. Atualmente conta com mais de 7.000. À chegada a Portugal, o atleta desvalorizou o valor da marca alcançada e lançou duras críticas à Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD), “sei que consigo fazer muito melhor, infelizmente desde há algum tempo, que não corro apenas contra o relógio. Querem matar a modalidade e estão prestes a conseguir.” 

O atleta natural de Vilar do Monte, em Barcelos, foi proposto pela Associação Nacional de Desporto Deficientes Motores, para integrar a comitiva nacional, ao Campeonato do Mundo de Atletismo, que se realiza em Lyon, França de 18 a 29 de julho. “Um dia antes de ter viajado para os Estados Unidos, recebo uma chamada da FPDD, a questionar-me se queria integrar a comitiva. Se sim, se estava disposto a pagar do próprio bolso a minha presença no Campeonato do Mundo. Como é óbvio disse que não, já suportei do meu bolso este ano, duas provas internacionais, para tentar fazer mínimos. O pior de tudo é que, quando chego aos Estados Unidos, vi na minha caixa de correio eletrónica a convocatória. O meu nome não estava lá”, adianta, frisando ainda que “este é já o segundo ano em que o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) deixa atletas da área motora fora das competições. Esta situação é uma vergonha, porque o lema do CPP é Igualdade, Inclusão e Excelência Desportiva”. Alexandrino Silva refere ainda já ter falado com a Associação Nacional de Desporto para Pessoas com Deficiência Motora, que já pediu explicações para o sucedido. “Mesmo que venham a dar-lhes razão, fico mais uma vez em terra depois de milhares de euros gastos, para apenas me deixarem competir com as cores nacionais”, conclui o atleta barcelense.


SITUAÇÕES ANÓMALAS 

Confrontado com as notícias, João Correia – Coordenador Técnico de Atletismo para a área motora – confirma que foram cometidas várias irregularidades pela FPDD, ao longo dos últimos meses. “É com manifesto desagrado que tenho acompanhado de perto, o processo do atleta em questão, que não é uma situação nova, de desrespeito hierárquico para com esta Instituição. Existiram falhas graves, prontamente reportadas às entidades responsáveis.”, adianta João Correia. 

Questionado sobre os próximos passos a tomar pela ANDDEMOT, João Correia, responde que “as situações foram reportadas, teremos que aguardar por uma resposta.” “O que se passou com o Alexandrino Silva, jamais deveria ter acontecido, principalmente em vésperas de disputar uma importante competição.” lamenta. 

O Presidente da Direção

Mário Trindade 

ANACR - Associação Nacional de Atletismo em Cadeira de Rodas

6 comentários:

  1. Muito importante a divulgação do que se vai passando num lado tão pouco falado do atletismo o que é uma grande injustiça para estes atletas que são verdadeiros heróis.
    Infelizmente as notícias não são boas.
    Um abraço

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    1. E cada vez mais, Jorge, este lado do Atletismo está a ser ignorado!
      Um abraço

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  2. O que choca aqui, é a forma como são tratados os atletas e assuntos desta importância...telefonemas à última da hora (antes de provas importantes), por mail???, etc....a falta de dinheiro não explica tudo, a prepotência e falta de sensibilidade de quem manda e executa - será que já foram atletas? Infelizmente não é só no atletismo...é uma tristeza.
    Abraço

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  3. Obrigado João por nos ajudar esta triste realidade, coisa que já acontece desde há muito tempo... já não é a primeira vez que denunciamos este tipo de situações... mas acabam sempre por dizer que está tudo bem e os atletas reclamam sem razão... enfim infelizmente não é só no desporto adaptado que isto esta mal.
    há pessoas que estão em certos lugares e pensam que são os reis do mundo, fazem e desfazem o que querem e bem lhes apetece, o pior de tudo é não um com poder que chame essas pessoas a responsabilidade.

    assim vai o estado do nosso país.
    Mário Trindade

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    1. É isso mesmo, Mário, assim vai o estado do nosso país...

      Um abraço

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