sexta-feira, 2 de março de 2012

Spiridon 200 - Depoimento de Egas Branco


Homenagem à Revista Spiridon, na saída do número 200, após 34 anos de publicação ininterrupta.

A primeira vez que vi, e li,  a Revista Spiridon foi com o número 15 (Março/Abril 81) e foi justamente em Abril desse ano que fiz a minha primeira prova de estrada, iniciando uma nova etapa desportiva na minha vida. Nessa altura já a “jangada” dirigida pelo Professor Mário Machado tinha ultrapassado a que suponho ter sido a sua fase mais difícil, singrando a caminho de se tornar o ícone da Corrida para Todos no nosso País.

A partir daí tornei-me um leitor fiel e depois seu assinante, até hoje. E sempre procurando seguir os conselhos e ensinamentos técnicos que a Spiridon me foi transmitindo, não esquecendo o comportamento e a ética desportiva com que a Revista sempre se preocupou. Assim foi durante a minha mais ou menos longa carreira de corredor de pelotão (1981-2006), em 26 anos de muitas participações, muitas alegrias, algumas decepções trazidas pelas lesões, quase sempre inevitáveis em quem quer forçar um pouco mais a máquina que é o corpo humano, aproximando-a dos seus limites de rendimento. Em todos os seus aspectos a Revista foi um guia. Até nas minhas incursões por outros desafios, como a Maratona e a Corrida de Montanha, tendo acompanhado como atleta, e com muito prazer, parte do arranque desta última.

Tornei-me entretanto um modestíssimo caminheiro, depois de mais de um quarto de século como modesto corredor de pelotão. Mas a fidelidade à leitura da  Revista felizmente mantém-se. É que para além da excelência dos artigo técnicos, versando todos os aspectos da corrida a pé, não podemos esquecer que se trata também de uma história quase completa da modalidade em Portugal, com referência a quase todas as grandes competições disputadas entre Novembro de 1978, seu primeiro número, e a actualidade.  Folheá-la e ver as suas capas é recordar muitos dos grandes momentos desta modalidade, lembrando grandes atletas (e estão lá quase todos os que admiramos muito, no feminino e no masculino, neste País), mas também recordando amigos que fizemos ao longo desta actividade desportiva. Se alguns já desapareceram infelizmente do nosso convívio e serão sempre motivo de sentida recordação, outros estão bem vivos e recomendam-se como é o caso da capa do número 199, com grandes exemplos de desportivismo e de fraternidade (além de serem também grandes atletas).

À Revista e à sua Direcção um Bravo pela sua extraordinária proeza de terem tornado realidade um sonho e de o manterem vivo há 34 anos. Votos de continuação, com grande abraço

Egas Branco
(Atleta há mais de 30 anos, maratonista e ultra-maratonista, actualmente caminheiro, co-responsável por um blog dedicado ao Atletismo e não só)

Não deixe de ler o depoimento de António Matias, publicado hoje no Último Km


Na próxima 2ª feira, retomaremos a publicação de depoimentos.

2 comentários:

  1. Egas, se mais não fosse, tornar-se um caminheiro depois de tantos anos de corrida já significa que quando não se pode correr... Caminha-se, parar só mesmo quando as pernas se recusarem a andar.

    A Revista Spiridon foi uma pedrada no charco de quem pensava que a sua existência seria efémera.

    Poderei dizer que já teve o seu tempo áureo, mas continua a ser o treinador de muitos dos que agora começam ou que já tendo uns anos disto, nunca tiveram um treinador.

    Parabéns Egas e continua pois quando eu não puder correr junto-me a ti, como até já fiz uma vez "Entre a Serra e o Mar".

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Mário!
    É sempre um prazer a tua companhia nessas caminhadas, embora só seja possível quando estás lesionado, o que é mau... Se te disser que, ao invés, gostava era de te acompanhar nalgumas passadas da corrida, não minto. E quem sabe? Grande abraço

    ResponderExcluir