Após 25 anos de existência, a Meia de Setúbal ganhou vida nova com a edição deste ano, excepcionalmente disputada em Setembro, regressando já em 2016 ao tradicional Maio.
O grande problema desta Meia até ao ano passado, na minha opinião, era o percurso, feio e monótono.
Desde 2011 que participo, ininterruptamente, e utilizava esta prova como treino mental pois aquela ida e volta à Mitrena era boa para treinar a cabeça de quem não gosta de rectas a perder de vista.
No ano passado o percurso foi alterado mas foi pior a emenda que o soneto, num dia onde quase tudo correu mal em termos organizativos.
A deste ano, agora com a chancela da HMS, foi muito bem organizada e com um percurso duro e selectivo mas bom e bem bonito, com o ponto alto na subida da serra com paisagem de encher o olho.
Para mim, esta era uma Meia na qual colocava forte pressão para a fazer bem, pois preciso de readquirir a confiança que anda pelas ruas da amargura em relação a algo que vai suceder de hoje a 4 semanas.
Aquele problema pulmonar relatado na semana passada, estava a melhorar mas desde sábado que ficou mais activo. Debilita mas tinha que lutar.
E foi assim desde a partida. Fui à luta até onde aguentasse. Até chegar à dura subida, o meu problema foi de luta mental, contrariar pensamentos negativos. A maior crise foi aos 6 km onde me sentia tão bem fisicamente e a cabeça dizia para parar, imaginem. Mas consegui dar a volta o que é positivo.
Durante uma corrida, a minha maior arma é a força mental, e isso é que me levou a já ter concluído 4 Maratonas, mas para aquela que se aproxima é exactamente o que receio, que a cabeça me traia. É que para as outras pensei sempre positivamente e para esta não estou a conseguir de modo algum.
Claro que chegado à subida, que se prolongaria por mais de 5 quilómetros, com algumas abertas no meio, não tive mais tempo para pensar disparates. Assustei-me foi aos 9 pois o sol estava a bater forte e com o esforço da subida comecei a sentir-me demasiado quente. Felizmente a seguir entrámos numa zona com sombras e a temperatura corporal normalizou.
Comecei a sentir o cansaço apenas nos 3 últimos km, apesar da média pouco ou nada se ter ressentido. Tive aí a preciosa companhia do Pedro Burguette a quem agradeço.
E cheguei assim à meta com 2.06.18 de tempo de chip. No final forcei um pouco pois queria cortar a meta até 2.06.30 para a média dar abaixo de 6 (5.59)
Apesar do calor e da dureza (e das bronquiectasias), esta minha 42ª Meia-Maratona, foi a minha 9ª melhor marca. E a melhor do ano e do escalão M55
Como a confiança melhorou (para aí de 10 negativos para 5 negativos...) é neste pensamento que tenho que me focar. Apesar do momento não ser o melhor, apesar do calor e apesar da dureza, fiz melhor que 33 Meias e apenas batido por 8 (repetir muitas vezes para ver se entra alguma coisa nesta cabeça que está "dura" em relação ao dia 18 de Outubro)
Resumindo, foi uma rica manhã de corrida e convívio, numa Meia que dá gosto participar. Parabéns aos organizadores e continuem com este formato!
Não quero terminar sem deixar uma palavra muito especial ao amigo Carlos Cardoso que concretizou hoje um feito FANTÁSTICO, como ele há-de relatar. Muitos parabéns, grande Papa Kilómetros! :)