domingo, 20 de setembro de 2015

Na (bem e bonita) renovada Meia de Setúbal


Após 25 anos de existência, a Meia de Setúbal ganhou vida nova com a edição deste ano, excepcionalmente disputada em Setembro, regressando já em 2016 ao tradicional Maio.

O grande problema desta Meia até ao ano passado, na minha opinião, era o percurso, feio e monótono. 
Desde 2011 que participo, ininterruptamente, e utilizava esta prova como treino mental pois aquela ida e volta à Mitrena era boa para treinar a cabeça de quem não gosta de rectas a perder de vista.
No ano passado o percurso foi alterado mas foi pior a emenda que o soneto, num dia onde quase tudo correu mal em termos organizativos.

A deste ano, agora com a chancela da HMS, foi muito bem organizada e com um percurso duro e selectivo mas bom e bem bonito, com o ponto alto na subida da serra com paisagem de encher o olho.

Para mim, esta era uma Meia na qual colocava forte pressão para a fazer bem, pois preciso de readquirir a confiança que anda pelas ruas da amargura em relação a algo que vai suceder de hoje a 4 semanas.

Aquele problema pulmonar relatado na semana passada, estava a melhorar mas desde sábado que ficou mais activo. Debilita mas tinha que lutar.

E foi assim desde a partida. Fui à luta até onde aguentasse. Até chegar à dura subida, o meu problema foi de luta mental, contrariar pensamentos negativos. A maior crise foi aos 6 km onde me sentia tão bem fisicamente e a cabeça dizia para parar, imaginem. Mas consegui dar a volta o que é positivo. 
Durante uma corrida, a minha maior arma é a força mental, e isso é que me levou a já ter concluído 4 Maratonas, mas para aquela que se aproxima é exactamente o que receio, que a cabeça me traia. É que para as outras pensei sempre positivamente e para esta não estou a conseguir de modo algum.

Claro que chegado à subida, que se prolongaria por mais de 5 quilómetros, com algumas abertas no meio, não tive mais tempo para pensar disparates. Assustei-me foi aos 9 pois o sol estava a bater forte e com o esforço da subida comecei a sentir-me demasiado quente. Felizmente a seguir entrámos numa zona com sombras e a temperatura corporal normalizou.

Comecei a sentir o cansaço apenas nos 3 últimos km, apesar da média pouco ou nada se ter ressentido. Tive aí a preciosa companhia do Pedro Burguette a quem agradeço.

E cheguei assim à meta com 2.06.18 de tempo de chip. No final forcei um pouco pois queria cortar a meta até 2.06.30 para a média dar abaixo de 6 (5.59)

Apesar do calor e da dureza (e das bronquiectasias), esta minha 42ª Meia-Maratona, foi a minha 9ª melhor marca. E a melhor do ano e do escalão M55
Como a confiança melhorou (para aí de 10 negativos para 5 negativos...) é neste pensamento que tenho que me focar. Apesar do momento não ser o melhor, apesar do calor e apesar da dureza, fiz melhor que 33 Meias e apenas batido por 8 (repetir muitas vezes para ver se entra alguma coisa nesta cabeça que está "dura" em relação ao dia 18 de Outubro)

Resumindo, foi uma rica manhã de corrida e convívio, numa Meia que dá gosto participar. Parabéns aos organizadores e continuem com este formato!

Não quero terminar sem deixar uma palavra muito especial ao amigo Carlos Cardoso que concretizou hoje um feito FANTÁSTICO, como ele há-de relatar. Muitos parabéns, grande Papa Kilómetros! :)


Historial da Prova

Os 4 ao km presentes: Vitor, Isa e eu

sábado, 12 de setembro de 2015

Meia das Lampas - Oh yeah! (ou quando a lógica é uma saborosa batata!)

O quarteto 4 ao Km presente (eu, Vítor, Isa e João Cravo)

Começando por explicar o título, o "oh yeah" tem dois significados, um de alegria pelo privilégio de ter participado uma vez mais nesta FANTÁSTICA Meia que o Fernando Andrade e sua equipa coloca todos os anos de pé (e já lá vão 39) e a outra de alívio por a ter concluído depois da coisa ter estado complicada durante a semana.
Quanto à lógica, tal como se costuma dizer, por vezes é uma batata, e se tinha tudo para hoje registar o meu pior tempo em 4 edições desta (nunca é demais dizer FANTÁSTICA) Meia, acabei por marcar o melhor!

Passando a detalhar, sem recorrer ao "era uma vez", após a lesão que me impediu de correr 2 semanas e meia em Agosto, tudo parecia estar a regressar à normalidade e domingo passado iria para um longo. Dos 25 a 26 km planeados... fiz 3... e digo em extenso três para não pensarem que estou a gralhar.
Recordam-se daquela infecção pulmonar mês e meio antes da Maratona de Sevilha 2014? Pois tal como disse na altura, fiquei com marcas permanentes, em forma de bronquiectasias. Felizmente a maior parte das vezes estão sossegaditas, mas noutras despertam. Foi o que aconteceu e daí ter feito aquele hiper-curto longo, pois este problema é muito debilitante, em especial em subidas. Ora o que há nas Lampas? As famosas Rampas.

Tenho estado a tentar debelar o problema mas ainda cá está. Com tratamento adequado, penso daqui a duas semanas estar a 100% novamente. Mas o receio sobre esta Meia adensou as muitas dúvidas. Durante a semana apenas consegui fazer um treino de 8 e outro de 10 mas ambos a muito custo. 
Será que terei que ficar no km 12 quando se passa novamente pelas Lampas? Será que conseguirei ir mas quando cortar a meta já todos tomaram banho, jantaram e cearam?
Pois essas eram as minhas dúvidas pertinentes.

Só que desde manhã sentia-me com mais força do que nos últimos dias. Para ajudar à festa, e além dos membros e tronco, também temos cabeça, e se ela nos derrota algumas vezes, noutras é uma inesperada aliada. Já perceberam que foi o que sucedeu, para mais ajudado por rever velhos amigos, eu que não fazia uma prova desde 11 de Julho (2 meses e 1 dia) e sabemos o que aquele ambiente nos inspira.

Com a preciosa ajuda da armada 4 ao Km, fomos em formação cerrada durante 16 km. O muito público presente (penso que hoje estiveram ainda mais), presenteou-nos com reconhecido apoio, frisando algumas vezes o bonito de irmos em equipa. 
E os Km foram passando e as subidas feitas bem melhor do que a expectativa mais optimista. Cedo concluí que iria terminar e, surpresa, nunca iria andar um metro que fosse. Sem nada dizer, ia olhando para o relógio, pensando "queres ver que?".

Aos 16 o João Cravo teve que se atrasar um pouco e aos 19 comecei a descolar da Isa e do Vítor, seguindo a menos de 100 metros deles mas sem conseguir acompanhar o seu passo final.

Ao aproximar-me da meta, realizei que iria mesmo bater as 2.14.33 que desde 2010 detinham a honra de ser a minha melhor marca nesta Meia (que não sei se já disse mas é FANTÁSTICA!) e não seria por escassos segundos mas sim por 1 minuto e 21. Tempo de chip 2.13.12 com grande alegria na meta. Pela prova, pela marca e pelo bem que me senti (logicamente cansado mas feliz).

Há 2 maneiras de ver a coisa. Uma pela veia pessimista: " Eh lá... como fazer mais 21 km em cima destes para completar aquela receada Maratona?" E a outra pela veia que prefiro, a optimista: "Se mesmo com este problema fiz assim bem esta Meia (que é FANTÁSTICA!), estando curado dele, o dia 18-10 será para festejar"
(mas aqui que ninguém nos ouve, além da pessimista e optimista, também há a veia realista, e a realidade é que continuo "borradinho" com esta Maratona. Mas também já percebi que isso só passará quando ajustar as contas com ela. Me aguardem!)

Como curiosidade, foi a minha Meia nº 41 e a minha corrida nº 341. Ou seja dominado pelo número 41. E quando se chega ao 41... a meta da Maratona já se avista!

E para terminar, e apesar de saber que já o disse, tenho que reafirmar que esta Meia é FANTÁSTICA! 
E porque tenho que o dizer tantas vezes? 
Porque o Fernando Andrade merece. 
Porque a sua equipa merece.
Porque o público merece.
Porque São João das Lampas merece.
E sabem porque todos merecem? É por ser FANTÁSTICA! :)




quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Parabéns Nélson Évora!

Nélson Évora alcançou hoje a medalha de bronze no Triplo-Salto do Mundial de Atletismo!

Uma medalha é sempre um momento ímpar na vida dum atleta, mas no caso vertente de Nélson Évora é um sentimento amplificado por tudo o que ele sofreu nestes últimos anos, nunca deixando de lutar e crer. Uma grande vitória da persistência e um enorme exemplo! 

Destaco aqui este feito pela sua expressão, mas TODOS os que têm estado presentes neste Mundial merecem a nossa admiração e reconhecimento. 
Quem sabe o que as coisas custam a alcançar, compreenderão esta frase. Os "jornaleiros" sentados no conforto da sua cadeira, que se danem.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ufa... uma Meia em treino

Às 7 da manhã, arranquei do Passeio Marítimo de Oeiras rumo ao Complexo Desportivo do Jamor, para depois regressar.

Foi o primeiro treino longo após a lesão que no início do mês me obrigou a 2 semanas e meia de paragem.

Já na 6ª feira tinha feito 15 km e este era o momento para tentar uma distância maior.

A intenção cifrava-se entre os 20 e os 22 km e acabou por ser pouco mais do meio (21,1 ou uma Meia-Maratona).

No entanto, foi difícil, mesmo muito difícil. Que diferença para o passado mês de Julho onde despachava 24 a 25 km com uma certa naturalidade. A paragem forçada fez-me regredir e se este era o mês para fazer uns treinos de 30, está a ser custoso completar uma Meia.

Mas completei-a e não há como voltar atrás. O caminho é em frente e é com isto que tenho que jogar. Para medo desta Maratona já basta o que tinha, não adianta esconder. 

Daqui a semana e meia, haverá outro longo. Espero que um pouco maior (24?)

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Boa sorte aos nossos 16 mundialistas!


Começa amanhã, estendendo-se até ao dia 30, o Mundial de Atletismo.

Disputa-se em Pequim onde se realizaram os Jogos Olímpicos de 2008 (já passaram 7 anos?!?).

A nossa representação é composta por 16 briosos atletas a quem endereço as maiores felicidades e o desejo que tudo corra pelo melhor.

São eles:

Femininos

Ana Cabecinha – 20 km marcha – Pechão 
Dulce Félix – 10.000 metros – Benfica 
Filomena Costa – Maratona – Jardim da Serra
Inês Henriques – 20 km marcha – Rio Maior 
Irina Rodrigues – Disco – Sporting
Patrícia Mamona – Triplo Salto – Sporting
Sara Moreira – 10.000 metros – Sporting
Susana Costa – Triplo Salto – Benfica
Vera Santos – 20 km marcha – Sporting 

Masculinos

Hélio Gomes - 1.500 metros – Benfica
João Vieira – 20 km marcha – Sporting 
Nelson Évora – Triplo Salto – Benfica
Pedro Isidro – 50 km marcha – Benfica
Sérgio Vieira – 20 km marcha – Benfica
Tsanko Arnaudov – Peso - Benfica
Yazaldes Nascimento – 100 metros – Benfica

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Já corro novamente! :)


Após 2 semanas e meia de paragem, estou de volta, recuperado!

Estava difícil e sem sinais de melhoras até que na 5ª feira praticamente deixei de sentir o problema. Na 6ª e sábado não senti absolutamente nada e ontem decidi ir fazer um teste.

Foram 3 km muito devagarinho. Curiosamente, custaram-me um pouco, imaginem! Há 3 semanas fazia longos e agora senti-me penro por 3 km após esta paragem.

Mas nada senti, o que se manteve ao longo do dia e me levou hoje a arriscar 10 km.

E ai que sensação de liberdade!!!!! Ao contrário de ontem, hoje corri solto, confortável e parecia um passarinho livre da gaiola. Completei os 10 de forma confortável (59.43) e sempre a sentir-me bem. Apenas no final senti-me um bocadinho cansado mas é natural. 
E já passaram 6 horas e o pé continua perfeito o que indicia que o mau tempo já lá vai!

Na 4ª feira vou outra vez treinar, e desta vez para experimentar os sapatos novos, o que ainda não pude fazer, indo ao final do dia ao Urbano para outra "tareia" e aproveitar para ver como está o pé.

Claro que perdi uns longos, e vou perder mais nesta semana pois não dá para recomeçar logo com longos (perco assim 4) mas, como não vale a pena chorar sobre o leite derramado, há que aproveitar o que tenho agora para ir à luta e encarar aquela que em 2013 se ficou a rir mas que a 18 de Outubro quem se vai rir sou eu e muito!

Fotografia gentilmente enviada pelo Jorge Branco :)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Para onde foi este público?

(Fotografia publicada na Revista Spiridon nº 4 de Maio/Junho 1979)
Correndo em Portugal, corre-se no meio de bem compostos pelotões mas ladeados por escassos espectadores ou mesmo inexistentes. 

Conheço duas honrosas excepções, a São Silvestre da Amadora e a Corrida das Fogueiras em Peniche, que nos fazem sentir campeões com tanto apoio e incentivo.

Daí que na minha estreia internacional em Sevilha, há ano e meio, tenha-me sentido noutro mundo com milhares e milhares de pessoas a gritarem e aplaudirem desde o 1º ao último atleta, só lhe faltando levar-nos ao colo. 

E o apoio internacional é bem visível quando se corre em Lisboa com ruas desertas de espectadores, e com o barulho de fundo de nervosas buzinadelas de quem não quer esperar uns minutos, e de vez em quando lá aparece alguém a gritar e aplaudir. Passamos por eles e... são estrangeiros.

Mas terá sido sempre assim? 

A desfolhar uma Revista Spiridon bem antiga (a nº 4 referente a Maio / Junho de 1979), deparei com a foto que publico em cima.

Refere-se ao Grande Prémio de Alcoitão, disputado a 18 de Março de 1979 pelas 17 horas, com a distância de 7.000 metros, cerca dum milhar de inscritos e onde o vencedor foi Renato Graça do CDUL em 23.36

Mas o que nos surpreende nesta foto é verificar o mar de gente que preenchia por completo os passeios!

Para onde foi este público?

De certo que haverá imensas justificações para termos passado deste entusiasmo para o deserto dos passeios.  

Pessoalmente, recordo-me de como eram os jornais desportivos e os telejornais da época. Dando prioridade ao futebol, tinham sempre espaço para os restantes desportos. E as pessoas tanto seguiam o futebol como as outras modalidades. Ao ouvirem falar, interessavam-se. E na altura, era frequente e constante os jornais desportivos terem notícias dessas modalidades também na primeira página. E estamos a falar duma época em que se publicavam apenas 3 vezes por semana.

Hoje, com os desportivos a serem diários, com a proliferação de canais televisivos e de programas noticiosos, o futebol tem praticamente exclusividade assegurada (e até aqui há diferenças pois dantes noticiavam os vários clubes e agora parece que existem apenas 3...) 

Quem é mesmo apaixonado por uma modalidade, vai à procura das notícias, nomeadamente nos sites dedicados, mas o grande público não foi educado a apreciar e seguir modalidades que não sejam a ditadura do futebol, pois não lhes são dadas a conhecer.

É a minha opinião, gostava de ouvir o que pensam no que poderá ter acontecido a este público da fotografia.