terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Fechar o ano na festa que é a São Silvestre da Amadora

João Cravo, eu, Isa e Vitor. Os 4 ao Km presentes. Ou deverei dizer os 4 sorridentes ao Km? :)

E aqui noutro ângulo (Foto Orlando Duarte)

Uma vez mais as ruas da Amadora encheram-se de milhares de espectadores que com aplausos, gritos e buzinas fizeram a festa, contrariando o habitual cinzentismo do nosso povo. 
Aqui ao lado, é bem conhecido o incrível entusiasmo popular de espectadores a quem falta apenas levarem-nos ao colo. Deste lado da fronteira, o silêncio é apenas interrompido por algumas furiosas buzinadelas de quem se injecta em stress. Quando se ouve um incentivo, normalmente vem em forma de espanhol, francês ou outra língua que não a nossa, fruto da vaga de turismo que tem aliviado as nossas contas.
Mas das dezenas de provas que se realizam semanalmente, e que ultrapassam largamente o milhar no ano, há pelo menos 3 que fogem a esse destino. A São Silvestre da Amadora, a Corrida das Fogueiras em Peniche e, dizem-me pois ainda não corri lá, a Scalabis Night Race em Santarém.
O que terão estas provas que as outras não têm? Ou, visto doutra forma, o que se passa nas outras para não existir esta simbiose?

Ao sempre presente apoio popular na Amadora, juntaram-se óptimas condições atmosféricas para a quadra e uma organização sempre irrepreensível da HMS. Todos foram recompensados com novo record de participação. Após tal ter sucedido em 2017 com 1.460, nesta edição saltou-se para os 1.599 classificados.
E assistiu-se a história pois havia um quarteto de atletas com 3 vitórias nesta mítica prova (Carlos Lopes, Domingos Castro, Manuel Damião e Rui Pinto) e agora o recordista passou a ser Rui Pinto com 4 vitórias, tendo sido até a sua mais rápida em 29.46 (as outras foram em 29.49, 30.10 e 30.25).
No sector feminino, venceu Ana Mafalda Ferreira, entrando para uma lista onde pontifica Fernanda Ribeiro com os seus 7 triunfos.

Por tudo que já referi, fácil é de compreender que esta é daquelas provas obrigatórias no meu calendário. Assim, e em 13 épocas de corridas, foi a minha 11ª participação. As únicas falhas foram por força maior, dado que em 2008 estava com o pé partido e em 2017 a recuperar da operação às cataratas. Só situações destas me fazem faltar a esta festa.

A minha prestação foi positiva, atendendo ao facto de não estar a treinar velocidade, pelo período "quente" que atravesso com a participação entre 2 de Dezembro e 28 de Abril em 3 Maratonas. A prioridade é outra.

Como sempre, esta prova é para dar tudo, como se o fim do ano marcasse também o fim dum ciclo que de seguida regenera. Arranquei e imprimi o melhor ritmo para o momento. Apesar do aquecimento não ter sido o ideal, aguentei bem o impacto e a longa subida inicial, conseguindo nos limites controlar a respiração.

Com a máquina a responder bem, estava dado o mote para assim manter prova fora, sem nunca ter noção do ritmo a que ia pois de noite não consigo ler o relógio (a operação curou-me a vista ao longe mas, naturalmente, não ao perto, e se de dia com luz natural ainda consigo ver os números grandes, de noite é para esquecer). Foi assim uma corrida diferente, sempre no escuro quanto ao que ia e poderia fazer.

Na fase inicial da prova (Foto Orlando Duarte)
Passei muitos companheiros nas subidas mas nas descidas (o meu calcanhar de Aquiles) foi tentar aguentar. Sempre com a dúvida de como iria reagir à tal subida dos comandos, aos 5 e pouco.

E quando aí cheguei, surpreendi-me pois aumentei o ritmo, como se metesse uma abaixo. Fui subida dos comandos afora sempre no limite da respiração mas satisfeito pela resposta que estava a dar. Tal deu-me força extra para o resto do percurso. Recuperar no plano entre esta subida e a última, também durinha mas mais curta e encarar bem os dois últimos quilómetros favoráveis. Estes são a descer mas como não são descida acentuada, tornam-se óptimos para dar o que ainda se tem.

Quase na meta e a gritar "Bom Ano" ao autor da foto, Orlando Duarte
A aproximar da meta estava muito curioso em relação ao tempo que iria registar pois, como já referi, estava completamente às cegas em relação ao que vinha a marcar. 
Quando vislumbrei o marcador na meta, confesso que tive um momento de decepção pois esperava uma marca melhor em 2 ou 3 minutos (registei 56.57) mas de imediato passou pois o sentimento que prevaleceu foi de grande satisfação por ter dado tudo o que tinha neste percurso bem duro. E quando se dá o que se tem, tudo é excelente.

A realidade é que neste momento o meu máximo em provas mais rápidas não é o mesmo que em tempos relativamente recentes mas é por uma boa causa.  

E terminou assim 2018. Um ano em que participei em 26 corridas, palmilhei 1.928 quilómetros (quer em treino ou corrida) e cumpri da melhor forma o grande objectivo da época, a Maratona de Valência que foi uma verdadeira felicidade.
Os 1.928 quilómetros são a 3ª maior quilometragem das minhas 13 épocas, só abaixo dos últimos 2 anos (2016 - 2.204 e 2017 - 2.316). Esta diferença justifica-se por ter ficado a zero em Janeiro, devido à operação às cataratas, a um Fevereiro a médio gás pelo regresso e 3 semanas de paragem em Junho por ter torcido o tornozelo.
Venha 2019 e o inédito de ir participar em 3 Maratonas! Que as lesões fiquem bem longe!

Desejo a todos, em particular, um excelente 2019. No geral, o melhor que poderia haver era o fim de tanto ódio que mina as sociedades, o fim dum extremismo muito perigoso que faz recordar alturas infames de há 80 anos atrás. O fim de mentiras com os piores propósitos, frutos do errado lema "os fins justificam os meios". O fim de ódios indescritíveis só por que alguém tem uma cor, orientação, ideologia, clube e sei lá mais o quê diferentes e que alguns apenas vêm como factor de divisão e nunca de união, de complementaridade. 
Façamos que a nossa única passagem neste planeta valha a pena, por nós e por todos!


16 comentários:

  1. Amadora está na lista para 2019 :) … excelente ano o teu de 2018. Deesejo-te que 2019 seja no mínimo igual, se possível ainda melhor.
    Grande abraço

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    1. Muito obrigado Carlos! Para o ano então cá te teremos :)

      Grande abraço

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  2. É sempre uma grande festa a São Silvestre da Amadora! Para mim não há igual!

    Muitos parabéns pela tua prova amigo!

    E um 2019 recheado de coisas boas e, claro, sempre com corridas.

    Beijinhos

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    1. Muito obrigado e deixo o mesmo desejo para ambos! :)

      Beijinhos e venha a 11a!

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  3. SS da Amadora, quem sabe um dia terá mesmo que ser.

    Excelente 2019 para ti João e por acréscimo, para os teus.

    Abraço

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    1. Esta prova é obrigatória!
      Faço meus os teus votos :)
      Um abraço

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  4. Que festa incrível! Acabei por não ir, e fiquei com imensa pena, porque já sei que foi mesmo espectacular :) Numa prova com esse ambiente, tudo corre melhor :)

    Acho que esse sentimento de grande satisfação é mais do que merecido! O teu foco agora é outro e fizeste um tempo muito bom, mesmo assim :)

    Um excelente ano para ti também, João! E obrigada por nos dares o privilégio de partilharmos contigo as tuas aventuras em tantas provas e tantos quilómetros :) Um 2019 cheio de saúde e sem lesões, para que consigas completar os 3 grandes desafios que tens planeados!

    Um beijinho

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    1. Coloca-a no calendário deste ano que vais adorar :)

      Um excelente ano também para ti e todos os teus!

      Beijinhos e, se não for antes, vemo-nos nos ovos moles :)

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    2. Ainda nos vemos em Cascais, pelo menos :)

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  5. Adorei o primeiro paragrafo João. É exatamente isso que me vai na alma quando penso nestes assuntos.

    Parabéns pela tua prova e um excelente 2019! E com certeza nos encontraremos em Sevilha!

    Grande abraço

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    1. Eu vou atrás de ti em Sevilha :)

      Um abraço e muita força nessa preparação!

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  6. Ainda não escrevi sobre a São Silvestre de Lisboa, mas foi frustrante ir do Terreiro do Paço até ao Rossio a gritar "Bora lá Lisboa" e ouvir "Animo, venga!" de volta.

    Junto-me à comitiva que, de forma incrível, ainda não fez a São Silvestre da Amadora. Tenho que conseguir incorporar a prova nos planos de celebração do ano novo. :)

    Venha de lá 2019! Abraço!

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    1. Pois... os espanhóis são inexcedíveis! Os tugas... só em raras provas.
      Tens que ir a esta São Silvestre. Garanto-te que vais adorar!!!!

      Um abraço

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  7. Já que voltei ao comentários, volto também a brincar contigo!
    "Atão" a maratona não é uma prova rápida?

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    1. Para os que fazem duas muito baixo, é quase uma prova de sprint! :)

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