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(Fotografia publicada na Revista Spiridon nº 4 de Maio/Junho 1979) |
Correndo em Portugal, corre-se no meio de bem compostos pelotões mas ladeados por escassos espectadores ou mesmo inexistentes.
Conheço duas honrosas excepções, a São Silvestre da Amadora e a Corrida das Fogueiras em Peniche, que nos fazem sentir campeões com tanto apoio e incentivo.
Daí que na minha estreia internacional em Sevilha, há ano e meio, tenha-me sentido noutro mundo com milhares e milhares de pessoas a gritarem e aplaudirem desde o 1º ao último atleta, só lhe faltando levar-nos ao colo.
E o apoio internacional é bem visível quando se corre em Lisboa com ruas desertas de espectadores, e com o barulho de fundo de nervosas buzinadelas de quem não quer esperar uns minutos, e de vez em quando lá aparece alguém a gritar e aplaudir. Passamos por eles e... são estrangeiros.
Mas terá sido sempre assim?
A desfolhar uma Revista Spiridon bem antiga (a nº 4 referente a Maio / Junho de 1979), deparei com a foto que publico em cima.
Refere-se ao Grande Prémio de Alcoitão, disputado a 18 de Março de 1979 pelas 17 horas, com a distância de 7.000 metros, cerca dum milhar de inscritos e onde o vencedor foi Renato Graça do CDUL em 23.36
Mas o que nos surpreende nesta foto é verificar o mar de gente que preenchia por completo os passeios!
Para onde foi este público?
De certo que haverá imensas justificações para termos passado deste entusiasmo para o deserto dos passeios.
Pessoalmente, recordo-me de como eram os jornais desportivos e os telejornais da época. Dando prioridade ao futebol, tinham sempre espaço para os restantes desportos. E as pessoas tanto seguiam o futebol como as outras modalidades. Ao ouvirem falar, interessavam-se. E na altura, era frequente e constante os jornais desportivos terem notícias dessas modalidades também na primeira página. E estamos a falar duma época em que se publicavam apenas 3 vezes por semana.
Hoje, com os desportivos a serem diários, com a proliferação de canais televisivos e de programas noticiosos, o futebol tem praticamente exclusividade assegurada (e até aqui há diferenças pois dantes noticiavam os vários clubes e agora parece que existem apenas 3...)
Quem é mesmo apaixonado por uma modalidade, vai à procura das notícias, nomeadamente nos sites dedicados, mas o grande público não foi educado a apreciar e seguir modalidades que não sejam a ditadura do futebol, pois não lhes são dadas a conhecer.
É a minha opinião, gostava de ouvir o que pensam no que poderá ter acontecido a este público da fotografia.