terça-feira, 23 de junho de 2020

Numa comparação, o factor mais importante é o termo de grandeza

Numa caminhada, tive a sempre excelente companhia da Tânia e Raúl

Lisboa é ao pé do Porto? Diremos que não, pensando sempre em termos do tamanho de Portugal. Mas se o termo de grandeza for a distância de Portugal a uma das mais longínquas pontas da Europa, digamos Moscovo, a resposta muda para Lisboa e Porto ficarem perto entre si.
Ou se pensarmos numa multa de, por exemplo, mil euros. Para nós seria um valor brutal. Mas para um multi-milionário? Já seriam trocos pois, como sempre, é o termo de grandeza que relativiza a comparação.

Se pensarmos em corridas pedestres, baixar dos 50 minutos aos 10 é algo de espectacular? Para cerca de metade do pelotão, é banal. Então para a elite, é lento demais. Mas para alguns atletas, é um grande marco, pois vai ao limite das suas capacidades. Fala quem andou 10 anos a lutar por esse objectivo, até finalmente o ter obtido, e quem me conhece sabe que não foi por falta de treino ou de empenho, algo de que me posso orgulhar de sempre ter tido, mas cada um tem os seus limites e capacidades.

Como se viu, para a elite e quem fica mais para a frente, é uma marca fraca e para o pelotão será média. Mas se pensarmos na totalidade da população, qual a percentagem que consegue esse registo? Seguramente que 99,99% de toda a população não o consegue. Visto por este prisma, já é algo de muito especial. Mais uma vez, o termo de grandeza a pontuar.

A que propósito vem toda esta divagação? Pelas minhas caminhadas.
Será legítimo perguntar como pode uma pessoa orgulhar-se de caminhar um km em 9.27 quando já fez um a correr em 3.54? 5 km em 49.05 quando já correu em menos tempo 10 km? Onde se irá buscar motivação a caminhar quando se corria com tanto prazer?

Pois é, mais uma vez vamos parar ao termo de grandeza. Estas são as capacidades actuais e possíveis e só essas é que podem ser comparadas.
Após a facada na alma que sofri por constatar que as corridas acabaram para mim, só me restavam duas opções. Ou ficar num canto a lamentar tudo o que perdi, ou agarrar com as duas mãos o que posso fazer. E o que posso fazer é caminhar, é a única solução para me manter activo, logo há que dedicar-me de alma e coração.

Quando falo em caminhadas, não me refiro a passeios calmos mas sim passada activa e energética.

Nas primeiras, como já escrevi no artigo anterior, os músculos e tendões tiveram que se readaptar após tão longa paragem, em especial os dois meses após a paragem, onde pouco me mexi.

Sabia que a coisa ia evoluir mas não esperei que fosse em tão pouco espaço de tempo. Situação possível por não estar a iniciar-me mas sim vindo dum passado de 15 anos nas corridas.

As dores que tenho no joelho são constantes e sempre presentes. O maior problema é quando me levanto após estar sentado. A boa notícia é que, nas caminhadas, não aumentam com o avolumar de distância ou incremento no ritmo. Aliás, se a passada for bem activa, nas horas seguintes até se nota uma ligeira diminuição das dores. O que não deixa de ser curioso.

Nada a ver com as caminhadas, mas já por duas vezes que acordei com o joelho estranho (nesses dias não caminho), situação que fica assim até meio da tarde e depois passa, como se houvesse ali qualquer coisa que saísse do sítio e depois tornasse a encaixar. Algo a ser falado com o médico na consulta para a semana. Mas que me deixa assustado e com receio que vá prejudicar a continuação das mesmas. Receio legítimo após o que já passei.

Tenho caminhado 5 km por dia com uma maior ao domingo (neste foram 10 km) e descanso semanal à segunda. Quando estiver bem rodado nestas distâncias, aumentarei os quilómetros

E é este o ponto de situação. Focado nas caminhadas e ciente que não é mesmo possível correr. Inimaginável o impacto de bater com a perna no chão com uma passada de corrida.  Focado no que é possível e com alguns objectivos (temos sempre que nos motivar com algo). Um deles muito especial mas, pedindo desculpa por ficar no domínio dos Deuses (dos Deuses e de meia-dúzia de "eleitos").

Sempre pensando na idiossincrasia do termo de grandeza, é importante termos a arte de transformar as nossas pequenas vitórias em grandes feitos, porque sabemos o que nos custaram e porque são elas que nos oferecem o sal da vida. 
Por isso, aqui fica o registo da evolução do meu quilómetro mais rápido em caminhada.
2020-05-31
18.00
2020-06-01
16.11
2020-06-03
15.30
2020-06-03
15.14
2020-06-03
15.05
2020-06-04
14.50
2020-06-04
14.10
2020-06-06
12.53
2020-06-06
12.32
2020-06-07
12.25
2020-06-07
12.06
2020-06-10
12.00
2020-06-11
11.58
2020-06-11
11.40
2020-06-11
11.33
2020-06-11
11.28
2020-06-12
11.22
2020-06-13
11.05
2020-06-14
10.39
2020-06-16
10.19
2020-06-16
  9.55
2020-06-18
  9.42
2020-06-18
  9.27

sábado, 6 de junho de 2020

Se não é possível correr, caminha-se...

Depois do artigo anterior, ainda consultei um outro especialista, muito por dentro da problemática do joelho, apenas por descarga de consciência, tendo confirmado o que já se sabia, não tenho hipótese para tornar a correr e o que ando a fazer para reforçar à volta do joelho, exercícios e caminhadas para tentar atenuar as dores, é o correcto.

Por outras palavras, a medicina não tem neste momento uma solução para estes casos. No entanto, se pensarmos o quanto a medicina tem evoluído, na questão premente do joelho basta recordar como eram invasivas as operações ao contrário das praticadas actualmente, quem sabe se no futuro não aparece uma solução eficaz e ainda em tempo útil para o meu caso?

Após tão longa paragem de 5 meses de actividade física, com especial incidência nos dois meses após a cirurgia onde apenas podia realizar os exercícios indicados, regressei à actividade física em forma de caminhada. Tal como diz a famosa frase, se não podes correr, caminha...

Passei a fazer uma caminhada diária, tendo hoje sido o 8º dia. Nos 3 primeiros dias cerca de 2,5 Km, a partir daí 4 km.

No primeiro dia muito enferrujado, andei a 18 ao km, que pouco mais é do que estar parado. E acabei cansado, imaginem!

Com o desenrolar, a evolução física tem sido positiva, já não termino cansado e a média por km foi baixando para 16, depois 15, 14 e hoje já consegui fazer os 4 km entre 12.31 e 13.02 por Km.

Sim, sim, sei perfeitamente que ainda é muito devagar (até fui ultrapassado por vários que passeavam descontraidamente) mas para mim já é uma grande vitória. 

Para quem não está por dentro de tempos de caminhada, tudo que seja de 12 ao Km para cima é devagar e 10 é o bom. O objectivo é conseguir chegar aos 10.00 ao km e caminhar todos os dias. Quando já estiver mais rodado, uma vez por semana fazer uma caminhada longa

Se o joelho dói a andar? Sim, mas também dói se estiver parado... O problema é que em várias alturas começa a prender e aí tenho que abrandar ou parar um pouco. Isto ainda está muito por arames mas os exercícios de reforço à volta do joelho e o caminhar têm ajudado. O problema que impede que possa correr, agora ou no futuro, são os famigerados impactos.

E agora a pergunta sacramental: Como é que alguém que sempre amou correr, tirando um enorme prazer da corrida, consegue motivar-se para apenas caminhar?
Bom... tenho que fazer qualquer coisa pela forma física, até porque estou com 60 anos e o que faça ou não faça agora irá repercutir-se positiva ou negativamente no futuro. 

Mas a grande motivação, e que impede que falte qualquer dia na caminhada, é a esperança que num futuro a medicina invente uma solução para estes casos e possa regressar à corrida, sendo muito mais fácil fazê-lo se mantiver sempre as caminhadas. 
Sim, sei que sou um sonhador mas sonhar não custa e alimenta-nos a alma.