sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Um treino no lindo Parque da Cidade do Porto


Pela primeira vez após a inesquecível Maratona de Sevilha, calcei as sapatilhas (estou no norte não vou dizer ténis!) e fui treinar um pouco.

Aproveitando estar de passagem pela sempre bonita cidade do Porto, fui conhecer o famoso Parque da Cidade e adorei! 

Um espaço que nos faz sentir em plena natureza e não numa cidade, correndo entre pinheiros e lagos, indo junto ao mar. 

As pernas estão a responder bem, a parte cardio-respiratória é que ainda está a acusar o belo esforço de domingo, por isso fiz apenas 4 quilómetros muito devagar (6.30) mais para desentorpecer para domingo onde me esperam os 20 kms de Cascais, prova que irei apenas para participar e fazer parte da festa, não me preocupando com a marca mas só chegar ao fim, descansado por o limite este ano até ser de 3 horas!

Mas voltando ao Parque da Cidade do Porto, já estou com saudades dele. Que belo local para treinar! E não o explorei na totalidade. Fica para uma próxima deslocação.
Agora, para compensar todos estes esforços, vou comer umas belas Tripas à Moda do Porto! :)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Uma Maratona de sonho em Sevilha!

És minha!

Quis o acaso que nos cruzássemos. E desde então, anseio com cada teu novo reencontro.

Como explicar sensações tão intensas que nos parecem irreais? Como explicar emoções tão profundas que nos dominam por completo? Como explicar aquela que foi a minha corrida mais inteligente, divertida e emocional que alguma vez fiz? Como explicar o receio e ansiedade que me assaltaram em especial na última noite? Como explicar a felicidade extrema de ver amigos do coração conseguirem feitos sensacionais?

6 atletas medalhados, 6 atletas felizes, 6 atletas que se suplantaram!

Km 37 - Depois duma rua com esplanadas e muitos gritos de apoio, o que é uma constante nesta prova, começo a ouvir música duma banda. Ao olhar em frente vejo muita animação desses músicos a tocarem e saltarem, deixando apenas um pequeno corredor para passarmos. A música é do Indiana Jones, um som triunfal de herói de aventuras. Mas não é só o Indiana que é herói (fictício), eu nessa altura também me sinto um herói (real), levanto os braços e passo nesse corredor aos saltos. Sim, aos saltos! Quem me diria que alguma vez numa Maratona saltaria dessa maneira com 37 kms nas pernas? Era o estado de felicidade que mantinha desde a partida

Na feira da Maratona, já com os dorsais

3 da manhã - Acordo e não durmo mais. Faltam 6 horas para começar a Maratona e não consigo dormir. Não seria preocupante se nas anteriores 5 noites tivesse dormido mais do que 4 horas em todas com excepção duma que foram 5. O descanso é fundamental e a ansiedade traiu-me nesta semana! (a sombra de 6 de Outubro sempre presente!). A Mafalda apercebe-se que estou acordado e só ouve da minha parte "Não vou conseguir!". Estava cansado demais. Fisicamente não me sentia em condições nem para 10 kms quanto mais uma Maratona, distância que só tinha realizado uma vez, em forma e com uma preparação perfeita.
O querer era enorme mas a constatação que tinha chegado ao dia sem o trabalho mínimo feito, por um inoportuno problema pulmonar, era doloroso.
Para tentar ajudar, faz-me massagens nas pernas, mas o estado de cansaço era geral.

Um apoio de ouro. Mulher e filhos :)

Km 39 - O único em que senti cansaço forte e o que mais andei. Devo ter feito cara de dificuldade e uma espectadora aproxima-se de mim e com os dedos faz aquele gesto de pouco e diz em catalão "Podes pensar que estás esgotado mas ainda tens isto de força. Vais conseguir!" De imediato retomo a corrida levantando bem alto o punho em sinal de vitória, agradecendo as palavras. Mais do que gritos de apoio, muitos parecem que adivinham a frase ideal para nos transmitir em cada momento.

Até cartazes de apoio tínhamos!

6 e 40 da manhã - Pequeno almoço. Assusto todos os meus amigos com a cara que cheguei à mesa. Surpreendidos e meio assustados, tentam animar-me mas não estou virado para esse lado. Depois do 6 de Outubro, não posso tornar a desistir, deixando em perigo a continuação da minha carreira de maratonista. Quero muito aquela meta e tenho muitas maratonas sonhadas. Entre as quais uma daqui a ano e meio que terá um significado muito especial, mas isso são contas doutro rosário. Quero, quero, mas não estou preparado. Não fiz longos, o problema pulmonar debilitou-me fisicamente, e a tosse que mantenho não engana que a coisa ainda não está a 100%. Estou a horas de estragar outro sonho e este muito forte.

Os 4 "4 ao km" presentes. Infelizmente falta aqui alguém que não merecia a contrariedade que sofreu, naquele que foi o momento duro do fim-de-semana. Força amiga!

Km 40 - Vejo a placa 40 e mal consigo acreditar que vou tão folgado e feliz. Nesta altura, arrastava-me penosamente na Maratona de estreia. Agora estou à vontade. A táctica funcionou na perfeição! 
Não a quis divulgar a ninguém. Não queria pressões pois necessitava de estar descansado e sabia que se a divulgasse, naturalmente caiam em cima de mim pois pareceria um suicídio. Mas era a minha única hipótese.
Sem dúvida que treinos importantes que nos correm mal, acabam por nos ensinar imenso. O único que pude efectuar maiorzinho foi 3 semanas antes e foi péssimo. Mas o melhor que me poderia ter acontecido pelo que me ensinou. Sabia que a táctica tinha de ser de sobrevivência e era a que dizia que ia fazer. Mal imaginavam que para sobreviver teria que atacar. Naquele treino, vi que arrastar-me na primeira Meia para me salvaguardar, levar-me-ia até talvez perto dos 24. 24 feitos em muito tempo o que já me desgastaria (porque não é só a velocidade que desgasta mas o tempo que se está em esforço). Chegaria aí cansado e com pouca margem para, ao ter que misturar caminhada e corrida, chegar antes do limite. Mas se colocasse uma média de 6.00 (o que para mim numa distância destas é rápido), passaria aos 20 kms a bater as 2 horas. Ficaria com 4 horas para 22 kms o que de imediato me tranquilizaria. Como não sabia como reagiria a um muro ou cansaço extremo, por causa de estar ainda debilitado, entre os 20 e os 30 forçava-me a caminhar 200 metros e correr 800 em cada km. Mas tinha que ser cumprido ao metro. A partir dos 30 tentar manter este esquema mas se nalgum sentisse necessidade de em vez de andar 200, fosse 250 ou 300, tudo bem.
E foi assim, analisando todos os prós e contras que concluí que esta era a única táctica para me levar à meta e antes do controlo fechar. 

Os 6 atletas do grupo da viagem, com o Nuno na sua posição de marca :)

8 da manhã - Vamos ao carro deixar os fatos de treino. Após o primeiro contacto que me assustou ainda mais, o ar fresco (frio mesmo) teve o condão de me acalmar e mudar. Comecei a sentir o empenho, a força, a dedicação. É isto que quero, é isto pelo qual vou lutar. Vejo ao fundo a entrada do túnel. O tal momento repetido exaustivamente no meu pensamento. Entrar no túnel, passar à pista e dirigir-me à meta.
Regresso ao pé do restante pessoal e já sou outro. Venha a Maratona!

A alinhar para a partida

Km 41 - Na primeira parecia-me que faltar um quilómetro era outra Maratona em si. Agora era desfrutar. Queria chegar. Queria cortar a meta. Mas também queria prolongar o prazer de estar nesta corrida. Pelo público e pelo momento que atravessava. A táctica tinha sido perfeita. 20 kms em grande e o resto controlado. Os conhecidos que me ultrapassavam naqueles metros que andava, davam-me apoio, pensando que ia em dificuldade mas logo viam o meu sorriso rasgado a dizer que estava tudo bem controlado. 
Não imagino o número de vezes que levantava os braços para agradecer ao público, a série de gracias que dei, o sorriso que lhes fazia e que me levou a ouvir muitas vezes 'guapo!'. Foi tudo memorável, foi tudo melhor que num sonho. Nada de sofrimento exagerado, de muros. Apenas divertimento, felicidade e emoção. Muita emoção. Várias vezes o apoio era tal que me vinham as lágrimas aos olhos. Verdade seja dita, as lágrimas eram tanto pelo apoio como pela constatação que ia conseguir. 
Sou de 1960, cresci a ouvir sempre o que os miúdos dessa época ouviam. "Um homem não chora". Como se o ser homem nos transformasse num bloco de pedra e gelo sem emoções ou a superá-las com ar de matador. Se Descartes dizia 'penso, logo existo', sou pelo 'emociono-me, logo existo'.
Falta um quilómetro e já vejo o estádio. O tal túnel está à porta. Duas atletas da Açoreana estão junto à sua camioneta, vêm-me ao fundo e gritam por mim, vindo correr na minha direcção. Respondo com outro ritmo mais vivo. Ritmo que irá até à meta. Meta que desde o 2º quilómetro soube que ia ser minha.


Ao km 10 grito para a Mafalda "Eu vou conseguir" para a sossegar para o ritmo que levava. Tudo estudado, tudo controlado

Km 2 - Após a partida, as primeiras centenas de metros junto ao casal Isa & Vítor. À frente, o casal Sandra & Nuno. Sinto-me bem, as pernas respondem, a pulsação está perfeita. Aproxima-se o final do primeiro quilómetro e está na hora de fazer o teste. Um quilómetro a atacar e ver a reacção. Se boa, partia para a tal táctica. Caso contrário, ia pelo que seria lógico, calmamente, mas com o receio do falhanço. 
Sem nada dizer, deixo a Isa & Vítor, chego ao lado da Sandra & Nuno, a Sandra exclama 'gosto deste João', mas logo se assustou, tal como os restantes. Eu tinha disparado, eu tinha desaparecido fugindo pelo pelotão dentro. Consciente que iria assustar todos os presentes e o Jorge Branco que estava a acompanhar os tempos pelo site e que iria chamar-me todos os nomes nas minhas passagens. Mas era o que tinha que fazer, mesmo sabendo que esta é uma táctica que não se usa na Maratona. Mas era a única que nestas condições me poderia salvar, por mais paradoxal que possa parecer. Cada um de nós é um caso e temos momentos estranhos. Como o saber algo quando falta tanto. Na memorável Meia dos Descobrimentos, aos 5 kms já tinha a certeza que ia fazer um super tempo pois sabia que aquele ritmo não ia quebrar. Há dias que os sinais que recebemos dão-nos essa garantia. E neste domingo foi o que se passou. Aos 2 kms soube que ia aguentar bem mais 40. Só não imaginava que o tempo ia ser tão surpreendente. 
Todos nós sonhamos com o que consideramos impossível mas neste estado actual baixar das 5.30 seria mesmo impossível. 
Mas o João de domingo não conhecia essa palavra e continuei a cumprir tudo à risca. Sempre feliz, sempre divertido, sempre emocionado.


27 a caminho do 28

Km 41,7 - A volta exterior ao estádio prolongava-se. Haveria de chegar ao portão Sur, ao tal, mas continuava a percorrer o seu exterior. Curvo e de repente vejo o portão à minha frente. Com a velocidade com que o sangue salta pela carótida, as lágrimas começaram a deitar tudo cá para fora do que esteve reprimido desde 6 de Outubro, do que esteve ameaçado para esta meta. Do que temi. Oiço berros. A Sandra e o Nuno do lado direito, a Nora e Margarida do esquerdo. A respiração sempre controlada, baralhou-se por completo com a mistura de ansiedade de estar quase o tocar o céu. 
Entro no túnel e vem-me à memória a Divina Comédia de Dante. As coisas que nos lembramos em momentos limites!
Para quem não sabe, a Divina Comédia foi escrita há 700 anos. De comédia nada tem. As obras da época eram divididas em tragédia e comédia. Tragédia usava uma linguagem apenas entendida por eruditos, enquanto a comédia utilizava linguagem entendível por todos. 
Esta obra condicionou e condiciona toda a iconologia e percepção que temos de inferno e paraíso. É uma viagem dividida em 3 partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Começa-se no inferno, segue-se o purgatório onde se purga por todos os motivos que levaram ao inferno e acaba-se em pureza no paraíso. 
Porque me veio à ideia esta obra em pleno túnel, em plena convulsão de emoções? A 6 de Outubro tive o meu inferno. Desde então, passei o resto do tempo a purgar o que se passou nesse dia. Agora, vendo a claridade ao final do túnel, sentia que ia entrar no paraíso!


Uma constante nesta prova. Sempre a sorrir! :)

Km 4 - Rui Cabral, o português com maior número de Maratonas (chegará às 300 em Novembro!!!), chama-me. Ordena-me 'hoje é para acabar!' e eu feliz por o reencontrar, sentindo isso como mais um sinal, pois também estive nos primeiros quilómetros da da minha estreia a falar com ele. Olhando para ele e interrogando-me como se consegue chegar a um número destes!


Linda!

Km 41,9 - Entro no estádio. Piso o tartan, liberto toda a alegria. Levanto os braços, baixo os braços, dou as mãos a mim próprio. Falo, grito. Não sou narcisista, longe disso, mas neste momento tive uma admiração enorme por mim. Há 39 dias, escrevia um muito sentido 'Sinto-me tão triste!' aos amigos mais chegados, conhecedor que não poderia participar nesta Maratona, em virtude do problema de alguma gravidade que me apareceu. Mas o desejo era tão grande que cerrei os punhos, fui à luta recusando-me a deitar a toalha ao chão e neste momento estava em êxtase a correr de braços abertos para esta paixão chamada meta de Maratona.
Faço a última curva, estou de frente. Tento esticar mais os braços como que a agarrar já. A Mafalda filma e acena ao mesmo tempo. A Joana e o Ricardo estão nas bancadas. Não os vejo mas sinto-os. E sinto que levo um pelotão comigo. Todos vós, que sempre me apoiaram, que sempre me fizeram crer. Todos cortámos a meta. Reacção instintiva e habitual em mim, meto as mãos na cabeça, vergado pela emoção. O tempo? 5.07.59! 5.07.59! Além da corrida mais divertida, feliz e emocional, um tempo completamente impossível para o momento actual. Apenas a 5.46 dum record em momento perfeito de forma e preparação. E nessa Maratona tive sempre a preciosa ajuda de companhia e nesta sempre sozinho. Tudo fruto da corrida mais inteligente que alguma fiz.
Chego ao pé das assistentes que colocam as medalhas. Mais lágrimas e um beijo muito sentida e carinhoso na medalha, na linda medalha. 
Percorro os túneis até à saída. Lento, muito lento. Tanto queria ir ter com todos, como queria eternizar aquele momento.  

Gente feliz!

Km 15,5 - Tinha prometido a mim mesmo. Aos 15,5 fazia uma festa. Poderiam pensar o que quisessem, verem de repente um atleta festejar do nada. Mas era um festejo a enterrar um momento negro. Foi aos 15,5 a 6 de Outubro. Quis o acaso e grande coincidência que a Mafalda, Joana, Ricky, Nora e Margarida estivessem ali. Devem ter estranhado tanto euforia na minha passagem. 

Com quem me dá tudo o que sou

Após a meta - Saio do estádio. Vejo ao longe o Vítor que levanta os braços. Respondo efusivamente. A Isa é a primeira que encontro e o inevitável sucede. Abraçamo-nos a chorar. Mais quando lhe pergunto o tempo e oiço o fabuloso que ela fez. Pela 2ª vez estávamos abraçados a chorar. Naquilo que parece o mesmo acto, as razões são diametralmente opostas. A 1ª vez tinha sido ao km 15,5 a 6 de Outubro...
Segue-se um forte abraço ao Vítor e a chegada da Mafalda, para mais um muito emocional momento. 
O que a Mafalda aturou nestes dias. Com alguém que passava do receoso 'Não vou conseguir' ao convicto 'Eu vou cortar aquela meta!' num espaço de minutos.
Seguiu-se o Ricardo, a Joana. E a Sandra. A Sandra! Mais um momento muito forte e especial! Foi a sua estreia e logo de sonho com uma prova doutro mundo. Nuno, perdido de orgulho pela sua menina, Orlando extremamente feliz por quase aos 60 continuar a baixar das 4 horas, Nora, Margarida...
Tudo gente feliz, orgulhosa e unida! Um momento ímpar!

Com a Sandra que fez uma Maratona de estreia para a qual não há palavras!

O mais incrível é o que sofri na parte final da Maratona de estreia e agora acho que as 5 horas voaram rápido demais. 
Há momentos e razões que não se explicam. Sentem-se!  

Novamente junto a ti, nesta paixão que tanto tem de desejo como de lamento pelo tão escasso tempo que nos é reservado mas que deixa perdurar uma memória eterna.

Próximo reencontro: Porto, 2 de Novembro

Frente e verso dum troféu muito especial que o Nuno fez
Os 5.08.08 foram engano meu. O tempo real é 5.07.59

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Campeón!


Acabadinho de regressar, fica aqui um pequeno video de quando cortei a meta, como simbólica forma de agradecimento por todo o apoio que me deram e por tudo que me fizeram acreditar, o que me ajudou sobremaneira a realizar a corrida mais inteligente, divertida e emocional que já alguma vez efectuei.

Estando neste momento cansado pela viagem vou já, e finalmente, descansar em condições. Amanhã lerei os mails, comentários, facebook e escreverei o relato da prova, no que será um artigo muito difícil de transcrever toda a felicidade que senti e as emoções que me dominaram.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Adeus, até ao meu regresso


Ainda faltam uns dias para partir para Sevilha mas, em princípio, este será o meu último artigo até segunda à noite onde virei aqui dizer o "sim ou sopas" e na terça o relato completo do que sucedeu na 30ª Maratona de Sevilha.

Vou estar pela 3ª vez à partida duma Maratona e espero que seja a 2ª vez que corte a linha de meta.

Na primeira, Dezembro de 2012, estava preparado e concluí. Na segunda, Outubro de 2013, estava preparado e fui forçado a desistir aos 15,5 por um inesperado e cruel problema. 
Agora, não estou preparado fisicamente mas tenho em mim uma vontade férrea. Chegará? 

Sempre admirei todas as frases, textos e filmes de motivação que nos fazem crer que a força mental supera tudo. Hoje sei que nem sempre é assim. Aprendi-o a 6 de Outubro. 

Desde aquele dia, segui uma preparação adequada para terminar esta Maratona e, de preferência, baixar das 5 horas (na que realizei marquei 5.02.13).
Em Dezembro estive numa forma que já não tinha há 3 anos. Seguiu-se Janeiro e um problema bronco-pulmonar eclipsou toda essa forma e colocou mesmo em causa a minha participação.

Recuperei mas sem tempo para os fundamentais treinos longos nem para readquirir uma forma que permita encarar com confiança 42.195 metros. Mas é o que tenho e é com isso que tenho que lidar e reconhecer que tive o mérito de não desistir do sonho quando todas as indicações iam em sentido contrário.

A legenda diz tudo (apesar do erro em inglês): Don't stop. Keep running!
Para tal, necessito de aplicar uma estratégia o mais inteligente possível para uma corrida de sobrevivência cujo único fito é a meta. Não quero saber de tempos, desde que acabe até 5.59.59 para não chegar com o controlo encerrado.

Dificilmente será imaginável o quanto quero e o quanto significa para mim chegar àquela meta. 

Poderei, finalmente, retirar dum cantinho do cérebro esta fixação permanente que vai alimentando e condicionando as minhas emoções.

O que posso prometer é que irei dar o tudo por tudo para o conseguir. Até pela dívida de gratidão que tenho para todos vós que, incansavelmente, têm manifestado todo o vosso apoio e me fazem acreditar.
Tenham a garantia que vos levo a todos comigo e isso será um boost inquantificável.

Segunda à noite regressarei aqui. Seja para dizer o que for, uma coisa é certa: Não esqueço cada uma das vossas palavras. 

Um abraço do tamanho do mundo!
(e não se preocupem pois, não sei como, mas... EU VOU CORTAR AQUELA META!)

Uma boa corrida a todos os participantes. Divirtam-se e sejam felizes!

Só quero chegar aqui, à entrada no estádio, para...
... cortar a meta lá dentro!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Florence Kiplagat bate record mundial feminino da Meia-Maratona!


Ontem em Barcelona, Florence Jebet Kiplagat bateu o record mundial da Meia-Maratona com a marca de 1.05.12, destronando a sua compatriota queniana Mary Keitany que detinha o anterior record com 1.05.50, marca alcançada faz amanhã 3 anos.

O baixar da hora e 5 está aí à porta...

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Uma fantástica tarde na Corrida dos Namorados

Eu e Lúcia, uma grande equipa! 

A amizade 4 ao Km / Açoreana, com os amigos Nuno, Guedes, Sandra, eu, Sofia e Lúcia

A Xistarca, em muito boa hora, decidiu organizar uma corrida inovadora no nosso país, a Corrida dos Namorados.  

Consistiu em 12 quilómetros no belo Jardim da Quinta das Conchas, repartidos pelas duplas (um atleta masculino e uma feminina), onde cada um fazia 6 kms (2 voltas de 3 kms) e passava o testemunho à sua companheira de equipa. Uma prova de estafetas mas com esta originalidade.

Um local destes tem tudo de bom para correr

Milagre dos milagres, para o que sucedeu nos últimos dias e um bocado após a prova, não choveu, emprestando mais entusiasmo e alegria a todos que desfrutaram do espaço e da corrida.

Tudo bem organizado e com a vantagem de, ao ser em voltas, permitir a quem estivesse a assistir e aos atletas que não estavam no seu turno, a acompanhar a prova em vários locais.

O momento mais vibrante era no final da primeira volta onde, em especial os atletas masculinos, tiveram a possibilidade de passar por um estreito corredor feito por todas as atletas femininas que estavam à espera de correr e que animavam a passagem dos homens com animados gritos de apoio.

Cá está o estreito corredor com grande entusiasmo

Sem dúvida um conceito a repetir pois são momentos como este que nos alegram e fazem esquecer o que de menos bom possa suceder durante a semana.

Nuno passa o testemunho a Sandra. Ambos estiveram espectaculares e entre 179 equipas terminaram em 24º!!!

Para a história fica a dupla Carlos Silva - Sofia Monteiro que triunfaram em 43.02 (19.06 para Carlos Silva, o melhor tempo masculino e 23.56 para Sofia Monteiro, a 4ª melhor feminina)

Sofia Monteiro corta a meta em primeiro lugar vencendo em conjunto com Carlos Silva

No 2º lugar terminaram Jorge Alves (5º tempo masculino) e Liliana Alexandre (2ª marca feminina), a 31 segundos dos primeiros, completando o pódio o casal Scutaru, Alex com a 2ª marca masculina e Verónica com a 5ª

O tempo mais rápido feminino foi de Vera Fernandes com 22.51, atleta que com a companhia de Sérgio Lima terminaram no 4º lugar.

Muitas duplas (penso que a maioria) eram de casais, aproveitando alguns para passar o testemunho com um beijo

Cortaram a meta 186 duplas. Se costumo colocar a percentagem de participação feminina, pois foi naturalmente de 50% :)

Eu a meio da corrida

Quanto a mim, fiz equipa com a Lúcia Tavares, atleta com grande potencial mas que corre poucas vezes. Mas se com as poucas vezes que corre, faz grandes provas, imagine-se onde poderia chegar!

Testemunho passado, aí vai a Lúcia em grande estilo!
E aqui em plena prova a receber o meu incentivo 

Entre 186 equipas ficámos em 81º, claramente na primeira metade, eu tendo realizado uma média de 5.22 e a Lúcia de 5.17 (!)
Como se pode ver pela velocidade, esta prova foi por larga margem a mais rápida que fiz após este problema bronco-pulmonar e que deu para ver que se a resistência está longe do ideal, já foi possível correr a esta média, um grande alívio após algumas preocupações com alguns resquícios nas primeiras noites desta semana.

E, inclusive, marquei 4.57 num quilómetro, valores só possíveis pela responsabilidade que sentimos quando sabemos que alguém está à espera do nosso testemunho.

E isto tudo com um percurso que não se pode considerar meigo, tendo alguma lama em meia dúzia de locais, onde tínhamos que fazer um ligeiro desvio pela berma.

E a Lúcia em sprint para a meta para terminar a nossa corrida

Em resumo, uma grande tarde, um grande ambiente e um conceito claramente a repetir.


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A habitual selfie destes treinos com Vítor, Mafalda, eu, Ricardo e a Isa, a especialista destas fotos

E como a preparação não pode parar, hoje de manhã foi dia de treino suave de 12 quilómetros pelo Passeio Marítimo de Oeiras, num treino que já começa a ser habitual uma semana antes da Maratona.

Excelente companhia da Isa e do Vítor e a surpresa dum 4º elemento que fez cerca dum terço do treino, o meu filho Ricardo (que diga-se de passagem, se começasse a treinar dava-me abadas monumentais!)

Já não me lembrava bem como era correr ao sol (...) e o que vale é que era de ritmo suave pois o passeio tinha muita gente a aproveitar uma manhã de sol que já não havia há um certo e prolongado tempo.

De hoje a uma semana, a esta hora, já o controlo fechou há mais de 2 horas. O que terá acontecido? Para mim, estaremos todos nas nuvens! :)

Histórico! Lavillenie bate record mundial de Bubka!!!




Um dos mais míticos records mundiais caiu ontem em Donetsk, cidade ucraniana, país de Sergey Bubka, atleta que dominou o Salto à Vara de forma arrasadora e onde, centímetro a centímetro foi cimentando records mundiais a alturas que outros nem se aproximavam. 6.14 ao ar livre, 6.15 em pista coberta.

Durante mais de 20 anos duvidava-se se haveria outro atleta capaz destes feitos. Pois ontem o francês Renaud Lavillenie saltou, em pista coberta, 6.16!!!

Escreveu-se uma página histórica na modalidade

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Atenção aos participantes do GP do Atlântico - Percurso alterado

Devido às condições climatéricas que se têm vindo a registar e com os estragos que têm produzido, a organização do 15º Grande Prémio do Atlântico (Costa da Caparica) viu-se forçada a arranjar um percurso alternativo de emergência por a Polícia Marítima ter vedado o acesso ao pontão junto ao mar, fazendo que a prova este ano tenha 300 metros a menos (9.700)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Apelo, acordo negocial e curiosidade


Eu sou daqueles que defendem a chuva. Ao contrário dos que maldizem a sua vida quando caem umas pinguinhas (mas ficam muito preocupados em altura de seca), sei que a água é tão necessária que se torna o sangue da terra. 
E, sendo corredor ao ar livre, não é por estar a chover que me inibo de praticar o desporto que escolhi. Muito mais me custa correr ao calor e sol.

Mas... uma coisa é certa. Já chega! Reconheço que já estou farto de:
- Ir correr e o som que ouço é chap chap
- Estar a correr sem olhar para a frente mas para o chão para fugir às poças
- Ter que gerir muito bem a roupa de treino pois está difícil secar a que foi lavada
- Estou farto de estar a guiar e ter sempre uma escova a bailar à minha frente
- Olhar para a janela e ver sempre cinzento
Chega que já é demais! Se falei que à água é o sangue da terra e não podemos permitir uma anemia, também não pode ser uma hemorragia destas.

Assim faço um apelo, a quem regula o clima, para dar umas tréguas. Vá lá...
Ou então... vamos a um acordo. Continuo a suportar este tempo com a condição de aceitarem a seguinte encomenda para dia 23 em Sevilha: Temperatura constante de 10 graus, sol tapado pelas nuvens e sem chuva nem vento. 
Pode ser? Sim?!? Então selamos já o acordo com um aperto de mão!


E para acabar, que de disparates já chega, uma curiosidade sobre este blogue que completa 4 anos de amanhã a uma semana e já recebeu o bonito número de 267.757 visitas (neste momento, quando lerem já será mais) ou, dito doutra maneira que impressiona mais, já ultrapassou o quarto de milhão!
A curiosidade prende-se com o facto de estar quase a ser atingida a impressionante marca de 5.000 comentários. Está mesmo muito perto! Será neste artigo? E quem dará o comentário 5.000?
Pois não vou dar pistas se falta apenas 1, 5, 10 ou 20 comentários. Vamos deixar o acaso escolher quem será!
Obrigado a todos por este número!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

8141 !



Já conheço o meu número de dorsal para a 30ª Maratona de Sevilha. É o 8141!

E digam lá se não é um rico número para cortar a meta? :)

Quem quiser saber o seu número, consultar aqui

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Habemus bom senso!


Em informação vinculada no Facebook da Spiridon (donde retirei a imagem em cima), soube-se que ficou hoje decidido que a hora de partida da 2ª edição da Rock'n'Roll Maratona de Lisboa vai ser às 8.30 e não a aberração das 10 horas da edição inicial, numa altura supostamente de ainda calor, como se verificou e muito.

Essa hora foi um autêntico atentado aos atletas e é com regozijo que se verifica a sua alteração.

A Meia-Maratona da Ponte Vasco da Gama, partirá, como habitualmente, às 10.30, o que permitirá uma entreajuda na parte final entre os dois pelotões.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Chap chap em Mem Martins

Marta, eu, Sandra e Nuno antes do aquecimento

Dizem que correr faz perder peso. Pois hoje se nos pesássemos antes e após a corrida, teríamos aumentado de peso devido ao encharcado que ficámos pois esta corrida é tão simpática que até a chuva gosta de comparecer. E não se tem feito rogada!

Hoje, tempo frio, chuva, muita chuva e constante que não parou um segundo que fosse e com água bem fria, e tudo ajudado com um forte vento que conseguiu estar sempre contra.  

Foi pena que as condições atmosféricas não tivessem premiado melhor todo o esforço que a Real Academia faz para nos brindar com uma prova de 10 quilómetros selectiva e cuja simpatia de todos é o mote.

É o que assisto edição após edição e que me faz regressar sempre. Em 7 edições estive presente pela 7ª vez, apesar de ter corrido em 6 pois na 2ª edição a minha presença foi de espectador, agarrado a duas muletas, consequência de ter o pé esquerdo partido.

E aproveito para daqui enviar uma palavra de louvor aos cerca de 10 voluntários que estavam no reabastecimento que, sendo a meio, coincidiu num local onde estava ainda mais vento. Numa manhã de frio, chuva e vento, saíram do conforto de suas casas para nos proporcionarem água. 
Tenho sempre o cuidado de, ao passar pelos reabastecimentos, dizer qualquer palavra, seja obrigado, bom dia ou outra que reconheça o seu esforço. Infelizmente nem todos são assim e apenas falam destes voluntários caso algo corra mal. 
Portanto, daqui envio um caloroso agradecimento a estes voluntários. 

Foto da prova vista pelo espelho retrovisor do carro

Quanto à prova em si, e devido ao temporal, estivemos dentro do carro com a Sandra e Nuno, e a Marta e pais no carro ao lado, até 10 minutos antes, altura que saímos para efectuar o aquecimento possível.
Após a partida, tentei logo imprimir um andamento que desse para baixar da hora, o meu objectivo para hoje. Este percurso não é fácil e, apesar de estar a recuperar do problema pulmonar, ainda estou um pouco lento e com dificuldades nas subidas pois aí é preciso pulmão e essa é a parte que tenho afectada. 

A irmos para a meta. Está tremida e cortada mas com as condições de hoje, muito fez a Mafalda!

Desde cerca dos 2 quilómetros que tive o prazer da companhia da Sandra, algo que já não sucedia há uns tempos e que tornou a prova muito agradável. 
No passado corremos tantas vezes juntos que já sabemos de cor como funcionamos. Nas subidas eu adianto-me um bocadinho e nas descidas a Sandra apanha-me. E assim fomos até à meta que foi cortada em 58.50, bem dentro do objectivo proposto, o que me alegrou.

De imediato dei a volta e fui ao encontro da Marta, que vinha acompanhada pelo João Cravo. Ainda cheirou a record mas ficou muito perto, 17 segundos, o que atendendo ao percurso onde o estabeleceu e ao que fez hoje e com a intempérie, este tempo valeu bem mais! Sempre em evolução, a Marta!

Marta a escassos metros da meta

Altura de regressar a casa, completamente encharcados, e tomar um banho quentinho e muito saboroso! E para o ano venha a 8ª edição!