quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Outubro, um mês com 28 dias


Não, não estou a fazer confusão com os 28 dias de Fevereiro. Este mês de Outubro teve 28 dias... de corrida.

Efectivamente, esta foi a altura escolhida para colocar o máximo de carga tendo em vista a Maratona de Valência a 2 de Dezembro.

Passei das 5 corridas semanais para correr praticamente todos os dias, sempre com o balanço de um treino forte, um de recuperação.

O máximo que tinha corrido num mês era, por diversas vezes, 22 dias, valor largamente ultrapassado. Bem como a distância mensal que vinha desde Agosto de 2017 com 256,121 km e agora contabilizei 271,248
Também, como já referido em anterior artigo, o maior número de dias consecutivos a correr passou de 7 para 11 (1 a 11 de Outubro e com a Meia de Leiria de permeio).

Não se acredite que fiz isto para bater esses máximos. A intenção foi apenas uma, ganhar o máximo de quilometragem para em Valência lutar pelo objectivo de cortar, pela décima vez, uma meta em Maratona.

Em Novembro começa uma ligeira acalmia, que vai dilatando a partir da Meia-Maratona da Nazaré, altura que ficam a faltar 3 semanas.

Estes 28 dias foram bem planeados, para não criar excessos, como se comprovam os resultados que tenho obtido. O que notei foi andar com maior necessidade de dormir mais.

Esperemos que até Valência tudo corra bem e nada venha estragar o momento.

Para todos que vão disputar no domingo a Maratona do Porto, os meus desejos duma óptima Maratona e que sejam muito felizes!

domingo, 28 de outubro de 2018

Os meus melhores 20 Km de Almeirim

Os 4 ao Km presentes na corrida (Aurélio, eu, Vitor e Isa) a ladearem a colega Sofia que foi dar o seu apoio

E agora com o companheiro de viagem  Manuel Sequeira

Final de Outubro é altura dos clássicos "20 Quilómetros de Almeirim", prova emblemática pelo seu historial, organização, ambiente e convívio final à volta duma sempre deliciosa sopa da pedra.

Foi a minha 6ª presença e não podia ter sido melhor.

Ao contrário do calor do ano passado, este ano tivemos direito a frio, apesar dum lindo dia de sol, oferta das correntes de massa fria oriundas da Islândia que, ao ouviram que Portugal está na moda em termos de turismo, também quiseram ter o direito de se deslocarem a este cantinho da Europa. 

O frio até ajuda na corrida. O problema foi o vento, em especial aqueles 5 quilómetros entre Almeirim e Santarém com rajadas bem fortes e de frente! Mas já lá vamos.
Curiosamente ao chegarmos muito cedo, numa viagem com a sempre agradável companhia do Aurélio e Sequeira, regozijámos com a ausência de vento, pois a essa hora as árvores não mexiam o que quer que fosse. Mas foi acalmia de muito pouca dura.

Pouco depois chegaram a Isa e Vitor, a que se seguiu a visita da Sofia que nos foi apoiar na fase inicial.

Quais eram os meus objectivos para esta prova? Duas opções, dependia do primeiro quilómetro e suas sensações. Por um lado, queria fazer uma prova mais de ataque e melhorar o meu melhor tempo nesta corrida e que estava em 1.59.36. Como comparação, o meu record aos 20 foi alcançado na passagem aos 20 na Meia-Maratona dos Descobrimentos 2017 com 1.45.48 (sim, segundo as regras da IAAF, os tempos de passagem são considerados records caso exista tomada de tempos). Mas como sabemos, isso foi na melhor altura de forma de sempre. Nesses dois anos super, em 2016 não participei em Almeirim e em 2017 fiz a ritmo calmo por ser uma semana antes do Porto.

Ora bater os 1.59.36 estavam perfeitamente ao meu alcance neste momento mas a minha dúvida era como reagiria a tanto treino, em que termos o desgaste iria influenciar. 
Como se sabe, a minha prioridade é a Maratona de Valência a 2 de Dezembro e toda a minha preparação é feita para conseguir cortar essa meta. Daí que o mês de Outubro esteja a ser o mês de toda a carga. Basta dizer que nestes 28 dias corri em 25. 

Daí a outra opção. Se visse no quilómetro inicial que estava desgastado para conseguir uma marca melhor, e não querendo estragar nada, iria efectuar uma prova calma.

Deu-se a partida e fui no primeiro quilómetro a analisar-me. Há dias que basta o início para aperceber-me como irá ser o resto da prova. Hoje foi um deles. Ao fim dos primeiros mil metros já sabia que poderia atacar que a coisa iria correr bem.

Assim, ao fim de mil metros, estava a "meter uma abaixo" e a impor um bom ritmo. Logo decidi que não bastava baixar das tais 1.59.36, queria baixar da 1.55

No final da volta inicial (cerca de 4,5 Km)
A dúvida prendia-se como estaria o vento na quase recta de 5 quilómetros entre Almeirim e Santarém. Estaria contra num sentido ou então de lado o que prejudicaria ambos? Mal entrei na tal recta, já com 7 quilómetros corridos, constatei que era nesse sentido. E foi o único momento de dúvida. Em quanto iria prejudicar o ritmo?

Fui andando e quando controlava o relógio apercebia-me que a média mantinha-se igual, o que era muito bom. E assim foi, inclusive na Ponte D.Luís (este ano com um Tejo não tão estreito como no ano passado) pois esses mil metros foram os piores. O chapéu teve que ir na mão, caso contrário voava. Aí bateu mesmo com muita força!

Fiz o retorno e ao constatar que não tinha perdido sequer um segundo na média durante os 5 contra o vento, agora daria para aumentar mais a passada e melhorar essa média, passando a visar o minuto 53 e já não o 54.

Estranhamente, e com quem comentei referiu o mesmo, em sentido contrário não se sentiu o vento a favorecer... 

Perto de acabar a recta no regresso, novas contas e com a média que o relógio mostrava, passei a visar o minuto 52. O que durou até reentrar em Almeirim e decidir ir para o 51, o que seria ainda melhor pois dava melhor média que na Meia de Leiria muito bem efectuada 3 semanas antes.

Quase a reentrar em Almeirim (cerca de 17 Km)
As sensações continuavam óptimas, o ritmo cardíaco muito bem controlado, nada de qualquer sinal de quebra, e já a chegar à placa indicativa de 19 km, entrando assim para o derradeiro, pensei que o bonito era chegar aos 50. 

E foi com essa ambição que dei tudo nesse final, sendo recompensado na meta com 1.50.20, dizimando o meu melhor Almeirim por 9 minutos e 16 segundos.

No entanto, se na placa dos 19 sonhei com o minuto 50, ao ver no final 1.50.20, o que pensei foi "bem poderia ter tirado 21 segundos que entraria na casa dos quarentas..." Vá-se lá satisfazer esta gente!

Fiquei a 4.32 do meu record efectuado, repito, numa altura louca, o que me deixou muito feliz e surpreendido pois não acreditava ser possível nesta altura chegar a esta marca de 1.50.20. Sendo que se fosse Meia daria 1.56, menos 2 minutos que Leiria e acabando mais fresco.

Esta semana há mais trabalho profundo a efectuar em treinos, sempre com a mira em Valência, cidade que hoje viu ser batido o record mundial da Meia-Maratona, destronando o anterior registado em Lisboa 2010 (58.18, tendo Abraham Kiptum retirado 5 segundos à marca de Zerzenay Tadese).

No próximo fim-de-semana irei estar no Porto, participando na Family Race (15 Km) integrada na Maratona do Porto, já que fui convidado para participar numa palestra no sábado sobre a evolução da Maratona em Portugal.

Uma boa semana a todos (com feriado de permeio)




O bonito troféu oferecido a todos os participantes

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Calendário 2019


Desde sábado que o calendário 2019 está on-line, estando a ser actualizado diariamente com datas para o ano que se aproxima.

Como sempre, apenas tem datas que já foram anunciadas pelas respectivas organizações, não colocando datas apenas por serem habituais sem haver confirmação, para não induzir em eventual erro. 

O calendário pode ser visto aqui

Espero que possa ser útil com muitas e boas corridas.

Este e os anos anteriores desde 2015, podem ser vistos aqui (caso não apareça como na imagem em baixo, fazer F5 para refrescar a página)


sábado, 20 de outubro de 2018

Os 30 de hoje (com 2 metades iguais!)

O plano dizia que hoje tinha 30 quilómetros para correr. E quando o plano diz, há que cumprir! Foi o que fiz mas antes estava um pouco receoso pois ia entrar numa nova situação. É que dediquei este mês a colocar carga, muita carga. Basta dizer que em 20 dias que Outubro já leva, corri em 18. Aliás, nunca tinha corrido mais do que 7 dias seguidos e entre 1 e 11 de Outubro estive 11 dias a correr todos os dias (e com a Meia de Leiria de permeio e em grande). A propósito dos 11 dias consecutivos, ler a nota final deste artigo (é brutal!)

Assim o meu receio era se o natural desgaste não iria afectar o treino de hoje. Para ajudar à festa, aqueles problemas gástricos que têm andado um pouco afastados, decidiram presentear-me com a sua presença. No entanto, e felizmente, ambas as situações acabaram por não me prejudicar pois o treino correu muito bem!

Adoptei um ritmo muito certinho, confortável e fui vendo os quilómetros a passarem. Não tive quebras e acabei dentro do relativamente bem para quem fez 3 dezenas de mil metros. Claro que a interrogar-me como faria mais 12 em cima desses 30, mas das outras 9 Maratonas que completei, também tinha sempre essa dúvida e terminei-as!

O início foi mais tarde do que os anteriores, fruto de estar menos calor, tendo arrancado às 7.50 do Inatel de Oeiras rumo a S.Pedro do Estoril onde dei a volta e fui até Algés, nova volta e regressei ao Inatel de Oeiras. 

Gosto sempre de ver a relação entre as duas metades e fiquei surpreendido com um facto que julgo ser inédito nos meus longos. Registei um total de 3.16.38, sendo que a 1ª metade cumpri em 1.38.19 e a 2ª em... 1.38.19!!! Certinho ao segundo!!! E não fiz nada para isso. Aliás, se tivesse tentado, o mais certo seria falhar por algum segundo.

Para a semana, dia de correr os clássicos 20 quilómetros de Almeirim.

E agora a prometida nota final que referi no início. 
Fiquei orgulhoso de ter corrido 11 dias seguidos. Mas no exacto dia que descansei, 12, ao ler a Distance Running que nos foi ofertada no saco da Meia da Vasco da Gama, deparei-me com um artigo sobre Ron Hill, atleta que foi o 2º a baixar da barreira das 2.10 em Maratona. Foi detentor dos records de 10 e 15 milhas e dos 25 quilómetros.   

Ora nesse artigo, além dos dados já expostos, li uma coisa que me deixou completamente embasbacado! 
Que se saiba, Ron Hill é o detentor da maior sequência de dias seguidos a correr sem faltar um único dia. Essa sequência iniciou-se a 20 de Dezembro de 1964 e apenas falhou um treino a 30 de Janeiro de... 2017!!!! 52 anos 1 mês e 9 dias a correr todos os dias!!!
Revela 3 coisas. Uma resistência brutal, uma saúde de ferro e uma inacreditável imunidade a lesões, que é ainda a mais espantosa.
Nesse 30 de Janeiro de 2017, no seu facebook apareceu a mensagem "em virtude de estar um pouco adoentado, hoje vou tirar um dia de folga!"
Ron tem neste momento 80 anos e a sua sequência durou dos 26 aos 78 anos. 

Seguem-se duas fotos suas. Uma no seu tempo de profissional e outra recente. E não consigo deixar de ficar embasbacado! :)



terça-feira, 16 de outubro de 2018

Actualização dos máximos em Maratonas disputadas em Portugal (nunca se correu tão rápido!)


A Maratona de Lisboa, Rock'n'Roll nas 5 primeiras edições e EDP Maratona de Lisboa nesta 6ª, ficou para a história como a mais rápida Maratona que alguém já fez em solo nacional.

Desde 2014, 2ª edição desta mesma Maratona, que esse feito estava reservado no nome do queniano Samuel Ndungu que registou 2.08.21
No domingo, o etíope Limenih Getachew despachou os 42.195 metros entre Cascais, Guincho e Lisboa em 2.07.34, numa prova cuja realização esteve em risco devido à passagem do furacão Leslie que acabou por não atingir esta zona. Melhor sorte não tiveram outras zonas do centro do país.

Assim, a tabela de relação de records nas Maratonas nacionais, fica assim escalonada:

Classificados
4.736
Porto 2016
Masculinos
4.098
Porto 2016
Femininos
969
Lisboa 2017
Portugueses
3.308
Porto 2016
Estrangeiros
2.960
Lisboa 2017
Países
68
Lisboa 2016
Marca Masculina
2.07.34
Lisboa 2018
Marca Feminina
2.24.13
Lisboa 2016

A marca feminina ficou a menos dum minuto de também ser batida (43 segundos) mas aguentou-se, quem sabe se até ao Porto.
De registar que todos estes records foram obtidos desde 2016, o que denota bem a evolução que a mítica distância tem tido no nosso país.

Como prova, recordo aqui como tem sido a evolução do record nacional de participação:

Data
Maratona
Classificados
1910-05-02
Jogos Olímpicos Nacionais (Lisboa)
10
1911-06-18
Jogos Olímpicos Nacionais (Lisboa)
22
1978-04-09
Campeonato Nacional (Faro)
23
1979-04-22
Campeonato Nacional (Portalegre)
27
1980-04-20
Inatel (Foz do Arelho)
37
1980-10-12
A.A.L. (Torres Vedras)
45
1981-04-05
Campeonato Nacional (Faro)
49
1982-04-04
Campeonato Nacional (Almeirim)
56
1982-12-20
Spiridon (Autódromo Estoril)
127
1983-12-18
Spiridon (Autódromo Estoril)
176
1984-11-03
A.A.L. (Lisboa)
324
1988-11-06
Xistarca (Lisboa)
442
1990-10-21
Xistarca (Lisboa)
562
1991-10-20
Xistarca (Lisboa)
775
2007-12-02
Xistarca (Lisboa)
825
2008-12-07
Xistarca (Lisboa)
1.005
2009-12-06
Xistarca (Lisboa)
1.153
2010-11-07
Porto
1.180
2011-11-06
Porto
1.515
2012-10-28
Porto
1.671
2012-12-09
Xistarca (Lisboa)
1.681
2013-10-06
Rock'n'Roll (Cascais-Lisboa)
1.836
2013-11-03
Porto
2.763
2014-10-05
Rock'n'Roll (Cascais-Lisboa)
2.865
2014-11-02
Porto
4.040
2015-11-08
Porto
4.406
2016-11-06
Porto
4.736

Salta à vista o grande incremento nos últimos 10 anos, onde o milhar ainda era uma miragem. 
De referir que o record de 22 classificados alcançado em 1911 só foi batido, passando para 23, em 1978, 67 anos depois!

E como o record que foi alcançado, foi o da melhor marca em solo nacional, segue aqui a sua evolução desde o início desta apaixonante e viciante distância:


Data
Maratona
Nome
Marca
1910-05-02
Jogos Olímpicos Nacionais (Lx)
Francisco Lázaro
2.57.35
1912-06-02
Jogos Olímpicos Nacionais (Lx)
Francisco Lázaro
2.52.08
1936-07-05
Campeonato Nacional (Lisboa)
Manuel Dias
2.37.20
1937-03-28
Campeonato Nacional (Lisboa)
Manuel Dias
2.30.38
1954-04-11
Campeonato Nacional (Lisboa)
José Araújo
2.21.00
1971-04-04
Campeonato Nacional (Lisboa)
Armando Aldegalega
2.20.42
1976-03-14
Campeonato Nacional (Faro)
Anacleto Pinto
2.14.36
1987-11-08
Xistarca (Lisboa)
Gualdino Viegas
2.13.59
1992-10-18
Xistarca (Lisboa)
Jacob Ngundu
2.13.34
1993-11-28
Xistarca (Lisboa)
Said Ermili
2.12.29
1994-11-27
Xistarca (Lisboa)
Zbigniew Nadolski
2.11.57
2006-10-15
Porto
Lawrence Saina
2.09.52
2009-11-06
Porto
Philemon Baaru
2.09.51
2013-10-06
Rock’n’Roll Cascais-Lisboa
Paul Lonyangata
2.09.46
2014-10-05
Rock’n’Roll Cascais-Lisboa
Samuel Ndungu
2.08.21
2018-10-14
EDP Cascais-Lisboa
Limenih Getachew
2.07.34

Aguardemos o que a Maratona do Porto, a realizar a 4 de Novembro, nos trará.