sábado, 29 de setembro de 2018

Uma muito boa trintena!

Quando fiz o treino de 30 em Agosto, tive que começar às 6 em virtude do calor. Nessa altura pensei que a trintena seguinte, apontada para final de Setembro, já poderia ser um pouco mais tarde. Engano! O calor mantém-se e daí a necessidade de iniciar a essa hora. A diferença em relação ao mês passado é amanhecer mais tarde, sendo assim quase metade do treino à noite.

Como ao acordar tenho que dissolver na boca um comprimido para amenizar esta questão gástrica, processo que demora perto de meia-hora, e depois aguardar outra meia hora para poder comer, tal implica que para poder arrancar às 6 tenho que despertar às 4.30

E nessa hora houve um sentimento agridoce (nada a ver contigo, Inês!). Agri quando ouvi o despertador (não, não vou repetir as palavras que disse mentalmente...) mas logo passou para doce quando me lembrei que era para fazer um treino de 30, de que tanto gosto!

Iniciei-o entre o confiante e o desconfiado. Confiante que sem problemas o faria, desconfiado por não saber se iria ter problemas. Estou a referir-me à questão gástrica que anda aleatória. Por exemplo, tudo bem no domingo onde pude fazer uma boa Corrida do Tejo, tudo bem na 4ª onde fiz as melhores séries deste ano, tudo mal na 5ª onde o treino de 10 km teve que ser encurtado para 6 e com uma média de 7 ao km, imaginem!!! (dá para ver como me afecta). Felizmente hoje foi um dia bom!  

No início não via ninguém até passar ao lado da Praia da Torre onde várias dezenas de jovens vinham duma festa qualquer. Passar no meio deles quase que me embriagou só pelo cheiro que estava no ar... Mais à frente, iam duas adolescentes e uma disse-me "oh senhor, correr a esta hora? Esta hora é para estar a dormir!". Nem respondi pois o que poderia dizer a alguém que ainda não tinha ido à cama às 6 e qualquer coisa da manhã?

E aí fui eu num ritmo certo e tive a sorte de ter companhia entre os 7 e os 11, o que é sempre uma preciosa ajuda (muito obrigado João Ricardo e muita sorte para a estreia na mítica distância em Lisboa e vemo-nos na maravilhosa Maratona de Sevilha)

Em Agosto tinha registado 3.20.29 e passei hoje à metade em 1.37.11, o que indiciava um tempo final de 3.14, portanto 6 minutos melhor. Mas nessa altura, e por ir a sentir-me bem, lancei-me um desafio: "E se fizer abaixo de 3.10?", ao que respondi "Mas para isso tinha que registar 1.32 na segunda metade, menos 5 minutos!", ao que retorqui "Sim, não é fácil. Mas se tentares?" ao que me levou à decisão de "Vamos tentar!". E assim foi.

Quilómetro a quilómetro a média ia aproximando-se do ideal e sempre a sentir-me bem. Nada como correr como boas sensações! Será que daria assim até ao fim? Não percam a resposta nos próximos capítulos, ou seja, já a seguir.

Deu! Terminei em 3.09.37, cansado mas feliz por sentir que foi um bom treino que me aproximou mais de Valência. 
Ainda há muito trabalho pela frente, há que tentar mitigar este problema (daqui a 10 dias tenho uma consulta) mas as coisas parecem (finalmente!) começarem a endireitar em termos de performance.

Na próxima semana tenho uma Meia-Maratona em Leiria. E ao contrário do que se possa imaginar, não é estreia pois já se realizou em 2014. Estreia será para mim pois nunca corri na bela cidade do Rio Lis.  

Para a semana cá estarei com o seu relato. Até lá, façam o favor de serem felizes!

domingo, 23 de setembro de 2018

Na Corrida do Tejo ou o dia em que o lobo saiu enraivecido da toca onde hibernava

Os 4 ao Km presentes (eu, Isa, Vitor e Aurélio), acompanhados pelo bom amigo João Branco

8 semanas após a última corrida (Bodo no Pombal), regressei a uma linha de partida. No entanto, e quem lê regularmente este cantinho sabe, não estive parado, longe disso pois foram mais de 400 quilómetros que foram corridos neste hiato.

Os treinos longos só dão espaço a corridas de 20 quilómetros para cima, que são as que tenho estipuladas até Valência, mas como não há regra sem excepção, a dita excepção foi hoje na Corrida do Tejo, prova clássica e emblemática do panorama nacional, umas das três de 10 quilómetros mais participada e a prova rainha do concelho ao qual tenho o prazer de residir há 33 anos, Oeiras.

Foi a minha 11ª participação neste evento e veio numa altura crítica a nível de confiança e velocidade. Se os treinos têm corrido bem a nível de resistência, a velocidade tem andado muito fraquinha, contribuindo de forma assinalável o problema gástrico que não me tem deixado e que deu nova crise ontem ao fim do dia, o que provoca barriga inchada e pesada.
Ora essa questão influencia a parte física e não permite um retemperador descanso nocturno, factor fundamental para a regeneração e assimilação da carga.

Os níveis de confiança têm andado muito baixos e esta semana caíram ainda mais. E foi assim que me apresentei na linha, sem confiança mas com muita vontade (aliás, no dia que a vontade e motivação não estiverem nos 100%, o apocalipse deve estar para se dar...).

Dizia, com toda a sinceridade, que ficaria muito feliz se fizesse na casa dos 56 pois via essa marca como improvável de ser alcançada hoje, e não era bluff, era bem sentido.

Mas as corridas provocam coisas extraordinárias. Aquele ambiente mexe connosco. A sensação de estar na linha de partida, seja a 1ª corrida ou a 432ª (como foi o caso), é sempre especial, juntando-se a responsabilidade de ter um dorsal ao peito.
E por falar em dorsal, o orgulho de ver, pela última vez, o carimbo de sub50, marca que tanto lutei (10 anos...) para conseguir. E digo última vez pois a validade para termos direito a partir dessa porta é dum ano e fará um ano um Dezembro que registei o último sub50, não tendo até lá mais corridas desta distância.

Apesar de ter o referido carimbo de sub50, entrei na porta sub60 (podemos entrar em portas atrás, nunca à frente, como é natural), pois sei que não estou com esse ritmo e não quis atrapalhar quem lá estava. 

Na linha de partida
Deu-se a partida e as interrogações eram muitas. Será que iria fazer minimamente bem a prova. Será que vou para um descalabro?

Passados 100 metros, as dúvidas eclipsaram-se. Fico ofendido comigo próprio quando não estou confiante, quando estou negativo. E isso enraivece-me. E quando fico enraivecido... senti o lobo a sair da toca onde esteve estes meses hibernado. Um lobo enraivecido e... toca de ir por aí fora. É para dar o tudo por tudo até onde for possível!

E assim foi. O lobo não se deixou importunar com o muito calor. Quando se fica assim enraivecido, anestesia-se algumas sensações, sejam térmicas ou de cansaço.

Quilómetro a quilómetro, sempre certo sem qualquer quebra. Passagem aos 5 em 26.38 o que indiciava um surpreendente tempo na casa dos 53. Para quem ficaria muito feliz com os 56...

Havia que aguentar na subida dos 7. Feito!
Havia que gerir a descida (meu ponto fraco) para os 8. Feito!
Havia que aguentar na subida do Inatel. Feito.
E agora havia o último quilómetro para fazer e para desfrutar do caminho para a meta.

Meta cortada em 53.11 (após os 26.38 da 1ª metade, 26.33 na 2ª) e muito feliz. Não apenas pela marca mas mais pelas sensações que, ao contrário do que tem sucedido ultimamente, foram óptimas. E nem acabei demasiado cansado!

4 atletas felizes após a meta. Correr é uma felicidade ou não?
Dizia antes da corrida que estava a precisar duma prova ou treino que me corresse muito bem. Ora cá está! 

Agora, mais uma semana de treinos para no sábado tentar um longo de 30.

Uma boa semana a todos!



E já que falei vários vezes em lobos, tenho que acabar com uma foto da Farrusca a quem chamo carinhosamente de Lobinha e de quem sou "avô" :)



quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Actualização do top-10 nacional de Maratona


Com a brilhante prestação de Salomé Rocha na Maratona de Berlim, onde registou a marca de 2.25.27, melhorando em 1 minuto e 41 segundos o seu anterior máximo realizado em Praga a 7 de Maio de 2017, houve uma alteração no top10 nacional em Maratona.

Salomé Rocha subiu de 8ª melhor de sempre para 7ª, ultrapassando Albertina Dias, cujas 2.26.49 também tinham sido obtidas em Berlim, 25 anos atrás.

A relação passa agora a ser a seguinte:

1.
Rosa Mota
2.23.29
Chicago
1985-10-20
2.
Jéssica Augusto
2.24.25
Londres
2014-04-13
3.
Sara Moreira
2.24.49
Praga
2015-05-03
4.
Marisa Barros
2.25.04
Yokohama
2011-02-20
5.
Manuela Machado
2.25.09
Londres
1999-04-18
6.
Dulce Félix
2.25.15
Londres
2015-04-26
7.
Salomé Rocha
2.25.27
Berlim
2018-09-16
8.
Albertina Dias
2.26.49
Berlim
1993-09-26
9.
Filomena Costa
2.28.00
Sevilha
2015-02-22
10.
Helena Sampaio
2.28.06
Amesterdão
2003-10-19

De registar que 6 das 10 marcas foram obtidas na década em curso.

Em sentido inverso está o top10 masculino cuja última actualização data de 2006. 

1.
António Pinto
2.06.36
Londres
2000-04-16
2.
Carlos Lopes
2.07.12
Roterdão
1985-04-20
3.
Domingos Castro
2.07.51
Roterdão
1997-04-20
4.
Manuel Matias
2.08.33
Gyeongju
1994-03-20
5.
Luís Jesus
2.08.55
Paris
2006-04-09
6.
Joaquim Pinheiro
2.09.11
Otsu
1997-03-02
7.
Alberto Chaiça
2.09.25
Paris
2003-08-30
8.
Luís Novo
2.09.41
Berlim
2004-09-26
9.
Hélder Ornelas
2.10.00
Milão
2005-12-04
10.
Joaquim Silva
2.10.42
Viena
1994-04-10

domingo, 16 de setembro de 2018

20 maus*

* Até poderia ter colocado como título "João e os 20 maus" que ficava mais semelhante ao "Ali Babá e os 40 ladrões", mas como os 20 foram km e não pessoas, ficou assim...

Aqui estou de regresso à escrita após uma ausência de duas semanas por uma boa causa como o são as férias.

Foram duas óptimas semanas, muito descansadas em terras algarvias já calmas após o rebuliço que por ali são sempre Julho e Agosto.

Os treinos foram dia sim dia não, e cumpri com tudo o que tinha planeado. E três deles foram na pista de Cross das Açoteias onde em 2010 decorreu o Europeu de Cross que consagrou Jéssica Augusto como campeã europeia, num evento que tive o prazer de presenciar in loco. 

Num desses treinos fui acompanhado num km por Miguel Fonseca de Coimbra que me reconheceu daqui do blogue.

Noto que a resistência continua a estar minimamente satisfatória, o mesmo não se passa com a velocidade que está muito fraquinha desde os problemas entre Maio e Julho.

De regresso a casa, fiz um longuito, ontem já de noite. Estavam planeados 24 mas antes do arranque já tinha decidido encurtar para 20. Isto porque dois dias antes tinha, inadvertidamente, comido qualquer coisa com lactose. Problemas de comer fora e por mais cuidado que se tenha, pode haver qualquer coisa encoberta o que foi o que sucedeu. E como a minha intolerância está no máximo...

Assim, estava com a barriga muito inchada, pesada e com cólicas, além da disposição geral ficar naturalmente afectada.

Tudo isto redundou num treino muito complicado e difícil, onde os quilómetros estavam muito longos e nunca mais conseguia ver o fundo ao tacho. 
Basta dizer que estes 20 km aproximaram-se das duas horas e meia para se constatar a desgraça que foi!!! 
Único ponto positivo, o ter aguentado até ao fim.

Passando esta crise, que costuma durar até uns 3 dias, e hoje está melhor, tudo voltará ao normal. E por falar em voltar, no domingo irei regressar a uma corrida (a anterior foi em Pombal final de Julho), com a clássica Corrida do Tejo.

Entretanto não quero terminar sem falar no dia histórico que hoje foi para o Atletismo, com novo record mundial de Maratona. Local? Berlim... pela 8ª vez na sua história, sendo a 7ª consecutiva!

E se bater um record mundial é sempre brutal, o que dizer quando o é por 1 minuto e 18 segundos?!? Efectivamente, as 2.02.57 que Dennis Kimetto tinha registado em 2014, baixaram hoje, por Eliud Kipchoge, para 2.01.39!!! Média de 2.53,0 por km!!!

Já vamos no minuto 1!!! Sempre disse que gostava de ainda ser vivo no dia que se baixassem das 2 horas. Pois hoje foi dado mais uma forte aproximação. 
Como me recordo do record mundial do Carlos Lopes em 1985 com 2.07.12! Tempo que agora está em 468º na relação de tempos de sempre...

Entretanto Carla Salomé Rocha bateu o seu record pessoal, passando de 2.27.08 para 2.25.27 e passando de 8ª a 7ª melhor portuguesa de sempre. Durante a semana publicarei o top10 nacional actualizado. 
Até lá, uma boa semana a todos!