Um grande obrigado a todos!
O objectivo de hoje passava por um treino que mais não era do que um verdadeiro teste à estreia na Maratona e ao plano que idealizei para mim. Plano baseado em tudo o que tenho lido e ouvido e que moldei à minha realidade.
Para tal, a intenção foi consolidar distâncias de Meias, fazendo várias tanto em corrida como em treino, para depois testar uma distância de 30 quilómetros, algo que já dá para ter uma noção mais ligeira do que vai ser e do que se vai encontrar na prova.
A minha máxima distância era de 23 quilómetros, ainda distante em 19 duma Maratona, e a 7 do objectivo de hoje. E esse objectivo passava também por fazer-me acreditar que é possível cumprir a distância, pois a nível psicológico é um número já na dezena anterior.
Claro que o resultado tanto podia ser dar confiança, como fazer-me entrar em pânico se o teste não resultasse. Mas, como já perceberam pelo título, CONSEGUI!
5 quilómetros já tinham ficado para trás
Para tal, e antes de entrar no relato propriamente dito, quero agradecer a quem de forma tão gentil ajudou-me nesta tarefa. Além da sempre presente Mafalda que vai convivendo com as minhas "loucuras", um obrigado muito especial à Lúcia, Rute e Egas Branco, pela sua presença, fosse a correr comigo ou a apoiar-me no caminho. Também à Isa e Sandra que desde o início se disponibilizaram a acompanhar-me mas que ficaram impossibilitadas tanto por lesão como por doença.
E deixando propositadamente para final, o Jorge Branco que esteve presente a apoiar-me no caminho, tendo para tal vindo expressamente de Muge!
Há gestos de amizade que calam bem fundo e permanecem connosco para sempre!
Apesar da persistente e forte chuva durante toda a noite, tivemos tréguas absolutas de quem "manda lá no tempo", proporcionando uma temperatura ideal para correr. E foi assim que eu, a Lúcia e a Rute arrancámos perto das 9.20, sem eu saber até onde conseguiria ir. Tinha à minha frente uma folha em branco que a iria tentar compor da melhor maneira que conseguisse.
A intenção era percorrer o percurso da Maratona até à Meia (entre Cais do Sodré e Santos), dar aí a volta e retomando a Maratona a partir de perto do seu 34º km. Chegaria ao Estádio perto dos 29.500 e era só questão de dar uma voltinha de 500 metros por ali para perfazer os 30.
Com 16 percorridos, já faltavam menos do que os que tinham passado
Este plano acabou por sofrer um revés quando me enganei após o Estádio do Sporting. Baralhei-me, andámos às voltas, sabia que tinha que passar sobre a Padre Cruz e finalmente vimos uma passagem. Não reparámos, porém, que estávamos a passar sobre a 2ª Circular e não a Padre Cruz (não me perguntem como é que fiz isto que não sei!).
Como estava convencido que tinha sido a Padre Cruz, dizia que tínhamos que ir em frente que iríamos passar no Colombo.
Às duas por três, só oiço a Rute dizer "Ali é o Santa Maria e aqui a Católica!". Foi o momento que percebemos que não estávamos um pouco enganados mas sim muito enganados!
Subimos então a Avenida Lusíada de modo a darmos a volta para ir apanhar a estrada que leva até ao Zoo, daí até Sete Rios e retomar o percurso da Maratona.
Foi aí, em Sete Rios, que a Lúcia se despediu de nós com 14 quilómetros feitos. Mais à frente, na entrada na Fontes Pereira de Melo, encontro com os nossos três apoiantes (Mafalda, Jorge e Egas), que já tinham estado pouco depois dos 5.
No Marquês, aos 16,5 foi a vez da Rute parar. Devo confessar que estes 16,5 passaram-se num instante devido à companhia e a aí interroguei-me como seria para a frente. Mas o que é certo é que me sentia bem e certinho.
Como adoptei ritmo de Maratona (à volta de 7 por km), a respiração ia o melhor possível e as pernas até então também.
Após tanto quilómetro, fazer a Almirante Reis é duro!
Passei na Meia aos 20.100 o que dei para ver que com aquele engano encurtei um quilómetro exacto. Mais à frente registei que tinha acabado de bater o meu record de distância (23 kms) e lá continuei bem até aos 24. É aí que as pernas começaram a refilar comigo, logo na altura crítica de entrar na Almirante Reis e na sua quase imperceptível subida a olho nu mas que vai fazendo muita mossa.
As dificuldades começaram a aumentar mas tive a surpresa, que já não esperava, de encontrar o trio de apoiantes perto da Alameda. Um bocadinho mais de força, que a tinha mas as pernas é que já estavam a doer um bom bocado, e lá fui até ao Areeiro.
Aí, como as dores apertaram, decidi andar um bocadinho, talvez uns 150 metros que foram a única vez que não corri, e que bem me fez pois as pernas foram ao sítio e retomei duma maneira que me deu a sensação que estava em automático. Enquanto estivesse a correr, tudo bem!
Falta quilómetro e meio e o Jorge não regateia palmas
E foi assim que cheguei às imediações do Estádio mas com 28.500, devido ao tal quilómetro de engano. Por isso, lá dei uma volta suplementar a todo o exterior para tornar a passar pela entrada com 29.700, fazendo então 150 para lá, 150 para cá e parar o relógio com 30 quilómetros exactos e o tempo de 3 horas 29 minutos e 17 segundos.
E foi como gosto, pois na 1ª metade gastei 1.46.08 e na 2ª 1.43.09, o que é sempre um muito bom indicador!
O mais curioso é que no final a respiração continuava boa, as queixas eram só de alguma dor nas pernas.
E foi assim que cheguei aos meus primeiros 30 quilómetros! Agora, é que começo a realizar bem o que fiz, ao mesmo tempo que recordo tanta coisa do meu passado no Atletismo (desde 2006).
Este está feito, para a semana é a Meia da Nazaré, depois outro treino longo em Lisboa (talvez de 25), a que se segue Mendiga a duas semanas do dia D.
A partir daí, é ir reduzindo para poupar energias para aquilo que apelido da "minha medalha de ouro olímpica". Conseguir cortar a meta numa Maratona!
(Sei que costumo escrever muito mas hoje acho que ainda foi mais. Também foram 30 kms de relato...!)
Feito! Venha a Maratona!