Carta de amor

Não! Decididamente nada previa termos qualquer hipótese. Éramos o que chamam de improváveis.  

Não que não te admirasse. Aliás, a minha admiração por ti era apaixonada mas, simultaneamente, longínqua, pelas diferenças que nos separavam. Via-te altiva. Ao pé de ti assemelhava-me a um minúsculo ser a quem não é permitido sonhar, pois fugias do limite que os sonhos não limitam.

Quis o acaso, o destino ou qualquer outra designação que a convicção de cada um escolhe, que os nossos caminhos começassem, lenta e timidamente, a aproximarem-se. A atraírem-se, diria melhor. Se mesmo os pólos opostos atraem-se, porque não nós?

Permiti-me sonhar contigo. E a eterna pergunta feita vezes sem conta "Será possível?". Mas há perguntas hermafroditas, pois encerram tanta a pergunta como a sua resposta. Assim, o sonho foi ganhando asas e voando do não realizável para o provável. Se não formos nós próprios a lutar pelo que nos anima, quem mais o poderá fazer?

Demorou. Se demorou! 5 anos de avanços, recuos, timidez e medos. Mas a onda depois de criada, ganha uma força imparável até ao momento da sua concretização.  

Foi num dia de Dezembro, abençoado pelo tempo ideal para tão marcante encontro. Tantas expectativas idealizadas mas ultrapassadas pela realidade que tudo superou. Um momento que se entranhou eternamente.

Dizem que não devemos regressar onde fomos felizes. Puro engano! A paixão exalta a criatividade fazendo de cada vez uma nova experiência. E é com ansiedade que espero pelo nosso novo momento. Diferente e a exigir ainda maior empenho para te poder ter nos meus braços.

Faltam 40 dias e 2 horas. Espera por mim... minha Maratona!