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Eu, João Cravo e Aurélio (faltou na foto o Eberhard) |
Há um ano atrás, após terminar a Corrida do 1º de Maio a minha sensação era... Frustrado! Sensivelmente a esta hora estava a escrever "Corto a meta em 1.20.54 e, tenho que dizer, frustrado. Foram 14.800 metros a sonhar com o record e quando parecia que o tinha, afinal não". Esse tempo estava inflacionado pois a 200 metros da meta "A partir do momento que me apercebi que já não era possível, perdi ar mais rápido que um balão. Perdi toda a força que ainda tinha".
A razão para a frustração do ano passado tinha a ver com o facto de mais uma vez ter ficado tão perto daquele que era na altura o meu record mais antigo (vinha de Novembro de 2007) e, mais uma vez, morrer na praia.
1.20.20 era a marca e por algumas vezes tinha entrado no minuto 20 mas sem o bater (uma das vezes a apenas 2 segundos...). Até que nestas 3 últimas provas de 15... Em Junho, Fogueiras, fiz 1.18.59, marca que nunca pensei ser possível. Mas era e... há um mês nos Sinos, 1.18.03
E chegámos ao dia de hoje e esta é a sua história.
Convívio habitual antes da prova, muita cara conhecida e muitos a perguntarem-me se ia bater mais um record, o que, confesso, já me estava a chatear. Bater um record pessoal é fazer algo que nunca se fez e não uma coisa que se faça todos os dias. Além disso, e como justificava, 1.18.03 era demasiado esticado. Ia sim tentar baixar da hora e 20, o que só tinha feito por duas vezes, exactamente as últimas 2 provas de 15.
Record do percurso era mais que provável pois estava em 1.20.43.
Preocupação principal, aquecer bem para não ter que dar aquele par inicial de quilómetros a ritmo mais poupado.
Senti as pulsações a subirem bem, sinal que vou entrar a matar qb e logo se vê.
A dificuldade nesta prova é o equilíbrio. E por equilíbrio digo em ganharmos margem no início para compensar a subida da Almirante Reis mas sem pôr em causa a restante prova.
A grande vantagem de andar a fazer os resultados que estou a efectuar, é a confiança que é transmitida. Noutras ocasiões seria mais conservador nesta fase inicial, mas agora penso que se da última aguentei, hoje será o mesmo.
Chego ao 4º quilómetro a sentir que estou no limite mas a aguentar. E aí passei a ter uma lebre de luxo chamada Orlando Couto que me acompanhou até perto do estádio. Mais à frente juntou-se outra preciosa ajuda, o Diogo Arraias. Obrigado amigos!
Os primeiros quilómetros tinham sido entre os 5.02 e os 5.05, a partir do Saldanha até ao Rossio foi na casa dos 4.50.
Até aí, a média estava excelente e o baixar da 1.20 parecia um dado adquirido. Será que vai dar para o record? Vamos ver o que a Almirante Reis vai ditar....
Chega-se à fase difícil da prova, a longa subida de 3 km que vai "mordendo" e os tempos passaram para 5.20, o que entrava dentro do esperado, até estava um pouco melhor.
Acabada essa fase, faltavam 3 quilómetros. Ainda haveria forças? Em vez de responder sim ou não, digo quanto fiz e logo tiram as dúvidas. 13º em 4.59, 14º em 4.47 e o último em 4.36!!!
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Quase a entrar no estádio |
Estou no último quilómetro e com a certeza que poderá ser possível tornar a bater este record que chegou a estar quase 9 anos activo e cujo último só fazia amanhã 1 mês. Será que resistiria? Nesta altura pensava que iria ou para 17 alto ou 18 baixo (relembro que a fasquia estava em 1.18.03). Tinha que ir buscar todas as forças que ainda tinha. Nunca deixar de acreditar. A vontade de realizar o minuto 17 era um sonho quase selvagem. 1.17.59 chegava!
Estou quase a entrar no estádio e tenho praticamente a certeza que vou conseguir. Minuto 17, loucura!!!
Entro na pista (impossível não vir à memória o 9 de Dezembro de 2012 em que aqui entrei para completar a primeira Maratona). Olho para o relógio e... AI MEU DEUS!!!!
Foi neste momento que me caiu a ficha. No exacto sítio que me deixou frustrado no ano passado, percebi que... IA PARA O MINUTO 16!!!
Em choque. Reconheço que a partir daqui fiquei meio aparvalhado. Ao contrário do habitual, depois da prova não estava exultante, estava a digerir o que ainda me custa a acreditar.
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Últimos metros, já em choque :) |
Repeti várias vezes e acreditem que o mais sincero possível. Este tempo não é para mim. Rebatiam que sim, que era pois tinha-o feito mas... ainda me custa a acreditar. OIho para o relógio, e a classificação confirma-o, e nem sei o que dizer. 1.16.41, menos 1.22 que o anterior e o "disparate" de 4.02 a menos do que o melhor neste percurso.
Muito obrigado a quem me ajuda, apoia e acredita em mim (mais do que eu).
Sinto um orgulho muito grande pelo que tenho alcançado nestes últimos loucos tempos. E o orgulho maior é por sentir que todo o esforço que tenho aplicado, tem dado juros muito mais altos que alguma vez imaginei.
Sei o muito que tenho esforçado. E estou a receber tudo ao melhor estilo boomerang.
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Meta cortada, Diogo Arraias festeja, eu desligo o relógio para a posteridade |
Próxima prova: 21 de Maio em Alverca.
Os próximos dois fins-de-semana são reservados para treinos longos para "não esquecer".
Sei que ainda falta meio ano para o Porto, mas só consigo qualquer coisa com muito trabalho. Há que dar no duro :)
Uma excelente semana a todos. Divirtam-se e sejam felizes!