Pela 8ª vez em 10 épocas, estive na Corrida das Fogueiras, local obrigatório de visita no último sábado de Junho.
Este ano com nova partida, para evitar o afunilamento inicial e permitir uma maior participação, facto que resultou em 2.728 classificados, batendo em quase 400 o anterior máximo.
Para compensar o adiantamento da partida, acrescentou-se uma volta por Peniche ao 13º quilómetro.
Como sempre, o povo penichense saiu à rua em grande, e a nova partida permitiu um início com entusiástico público a vibrar com todo o pelotão.
Aliás, fiquei com a sensação que este ano havia ainda mais apoio. Este povo é incansável!
É sabido que estou num bom momento de forma, fruto de todo o trabalho que tenho vindo a desenvolver desde Novembro, aliado à ausência de qualquer lesão ou maleitas (como tive várias o ano passado).
E como quanto mais treino, mais sorte tenho, a intenção desta prova era dar o máximo. O objectivo primário era estabelecer a melhor marca desta Corrida (1.24.10 em 2011) e aproximar-me o mais possível do record absoluto dos 15 km, valor que seria muito difícil de alcançar pois é de 1.20.20
Foi a 11 de Novembro de 2007 que na 3ª Corrida pela Saúde (Hospital Amadora-Sintra) registei essa marca. 4 anos depois, na 29ª Corrida dos Sinos em Mafra quedei-me a 2 segundos (!) e este ano na 34ª Corrida Internacional do 1º de Maio fiquei a 23 segundos.
Este percurso não é tão favorável a marcas, principalmente a pessoas com um problema de visão que as faz ver menos que o normal à noite, o que retira alguma confiança na passada em especial na subida de 4 quilómetros onde reina mais escuridão. Apesar deste ano ter levado uma lanterna que auxiliou mas tenho consciência que com luz natural teria outra confiança na passada.
Consciente destas dificuldades, ignorei-as, pois a intenção era o ataque máximo. O resultado final logo se via.
E foi uma corrida diferente para mim. Ao contrário do habitual, a ir para o retorno não reparei quem liderava nem os perseguidores. Não reparei nas crianças com as mãos estendidas e, se me perguntarem o que achei do quilómetro novo, não sei opinar. Fui de tal maneira concentrado, que a minha energia era sempre para a próxima passada, abstraindo-me do resto, apesar de ouvir todo o apoio.
Desde cedo que ficou garantida a melhor marca das Fogueiras, e por boa margem (acabaria por serem 3.40 a menos) mas o resto logo se via. Dar o máximo!
Aos 10 quilómetros foi a única vez que fiz contas. Passei exactamente em 54.00, o que daria 1.21.00 na meta. 40 segundos de diferença para recuperar em 5 quilómetros, ainda afastava mais a já de si remota hipótese de bater o record absoluto de há 8 anos. Mas não quis saber. Atacar!
E foi assim, nunca cedendo um só segundo, que fui até à meta. E sem ver o tempo para não desperdiçar fracções de segundo.
Com a meta à vista, dei tudo o que ainda tinha para dar. Corto-a e olho para o relógio. Relógio que dá os minutos e segundos mas a partir da hora apenas apresenta horas e minutos.
Marcava 1.20, momento de emoção, o coração bateu mais. Quantos segundos seriam? Terei conseguido bater aquela marca histórica. Fui até aos segundos e... 30
1.20.30, fiquei a escassos 10 segundos. Sei que dei tudo, que este tempo, neste percurso e condições de luz vale mais que o outro bem mais acessível, mas... não pude deixar de sentir um certo amargo de boca.
E amargo de boca porquê? É que o record não era recente. Vem de há 8 anos e ontem estive muito perto de o bater.
10 segundos ainda são 10 segundos, mas não chegam a um segundo por quilómetro. Para ser exacto, fiquei a 67 centésimos de segundo por quilómetro...
E daria um gozo ainda mais especial passar a deter o record feito com 47 anos quando tenho 55.
Não há como dar a volta, nesta idade vão-se perdendo segundos a cada ano que passa. Mas, não me digam nada pois eu continuo a ignorar essa realidade. Até quando não sei. Apenas quero aproveitar o momento.
E o momento que se segue é, a partir de amanhã, o início de preparação para a tão temida Maratona de Lisboa.
Nestes dois meses que se seguem, a única prova será daqui a 2 semanas na Lagoa de Santo André, pois esta é daquelas que também não se podem perder.