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Os nossos companheiros de viagem, o sempre simpático casal Nuno/Sandra |
Com boas provas ao pé de casa, o que me tem levado a percorrer 130 quilómetros até uma pequena povoação chamada Mendiga, pelo 4º ano consecutivo?
Esta pergunta só tem razão de ser se feita por alguém que não conhece este verdadeiro acontecimento chamado Grande Prémio da Mendiga e onde a corrida é apenas um pretexto.
Localizada no concelho de Porto Mós e com uma população de 930 habitantes (censos 2011), unem-se para dar vida a esta prova de Atletismo, usando o lema "Mendiga sabe receber".
O ponto nevrálgico é o pavilhão onde decorre uma feira de artigos regionais, daqueles que em linguagem científica costumam caracterizar-se como "bons comó caraças!". A animação é dada por um grupo regional, desta feita composta por 4 jovens acordeonistas. A simpatia das suas gentes está presente em todo o momento, antes, durante e após a prova. Corrida que tem uma extensão de 16.300 metros e que decorre junto ao sopé da Serra d'Aire, num percurso agradável e selectivo qb. Dois reabastecimentos e no final mais água, bolos, fruta e um troféu de presença.
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O troféu de presença |
Segue-se o momento que todos anseiam, o almoço convívio, bem servido, sem esperas e com a animação do tal grupo. Todos se divertem e convivem pois o Atletismo é isto, a corrida um motivo.
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O animado pavilhão onde se almoça |
No final, regresso ao salão onde decorre a tal feira para sobremesa, entrega de prémios e sorteios que vão desde um fim-de-semana, bicicleta, presunto, etc.
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No salão da feira regional e entrega de prémios |
No regresso, trazemos a certeza que ainda há esperança quando se encontra uma população assim tão generosa.
Mendiga, só se não puder mesmo é que não estarei sempre presente!
Apesar da crise que tem feito diminuir a presença em provas mais afastadas, esta manteve-se praticamente na casa das 4 centenas, quase sempre os mesmos que após descobrirem esta pérola no nosso calendário, não prescindem de aí regressar.
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O vencedores, Carlos Silva e Vera Nunes |
Os vencedores foram exactamente os mesmo do ano passado, Carlos Silva, então no Sporting e agora no Gabinete Fisioterapia Desporto / Reboleira, que marcou 51.14, e Vera Nunes do Benfica que com os seus 59.34 retirou 1.06 à sua marca do ano passado, 3 semanas após brilhante estreia na mítica distância em Nova Iorque.
Colectivamente, o Gabinete Fisioterapia Desporto / Reboleira venceu, seguidos pelos meus vizinhos dos Leões de Porto Salvo.
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A escassos metros da meta |
Quanto à minha corrida, foi a possível e até meteu guerra interna, naquela que foi a marca mais fraca das minhas 4 participações. Curiosamente os meus tempos têm vindo a piorar edição após edição. Iniciei-me em 2010 com um espectacular, para mim, 1.28.05, uma marca que aos 15 era muito próxima do meu record da tripla légua, e apenas uma semana após ter baixado pela 2ª vez, e última até agora (até quando ou para sempre?) das 2 horas numa Meia, no caso Nazaré. Em 2011 registei 1.32.34 que é uma muito boa marca para mim, tal como os 1.33.07 feitos em 2012, numa edição que corri com todo o cuidado pois estava a 2 semanas da minha bem sucedida estreia na Maratona.
Hoje marquei 1.35.19 e os primeiros 4 quilómetros foram em guerra cabeçal pois esta estava armada em parva, fruto de não andar muito bem (como já desabafei aqui). Aos 4, passei por um fotógrafo que me incentivou com um "Vamos lá, força!". Acredite-se ou não, ao ouvir esta frase reagi e lutei o resto da prova, tendo como objectivo uma média abaixo de 6 minutos ao quilómetro, acabando por ser 5.50 que me satisfez relativamente. Às vezes basta uma palavra ou um gesto para mudarmos o chip.
De ontem a 3 meses é o dia da Maratona de Sevilha e prova-se que tenho muito trabalho pela frente.