Antes da prova, com a campeã Margarida Dionísio, companheira de viagem para a Moita |
E também antes da prova, com o campeão Jorge Robalo |
Se olharmos para o calendário anual de Meias, notamos que apenas não há qualquer prova em 2 meses, Julho e Agosto. Historicamente, as que chegaram a realizar-se nesses meses, foram desaparecendo, mudando de data ou reduziram a distância.
Isto porque é sabido que correr 21 km com temperaturas de 30 graus, é um esforço muito desgastante.
Mas também é sabido que a meteorologia já não é o que era e o calor (e seca...) têm vindo a estender-se. Já o ano passado muito calor aqui na Moita, este ano igualmente. E quando assim é, só há uma solução, cerrar os dentes e ir à luta.
Foi a 20ª edição desta simpática Meia, com um percurso e ambiente próprios, numa organização que mantém as coisas boas do passado, aliando-as às coisas boas do presente. E uma das coisas boas do antigamente é o preço. Uma Meia por 5 euros!
Este ano, fizeram um melhoramento bastante importante na entrega dos dorsais. Pormenor que era regularmente o calcanhar de Aquiles desta prova com longas e extensas filas de manhã.
Na sexta-feira entregaram dorsais junto ao Estádio Universitário em Lisboa e no sábado na Moita, mantendo a habitual entrega na manhã da prova, o que fez que essas longas filas encurtassem bastante.
Já com o dorsal 27 desde sexta, cheguei à Moita com 1 propósito e 2 receios. O propósito era baixar das 2 horas, o que seria apenas a minha 8ª vez em 52 Meias, mas com a particularidade de terem sido apenas 4 nas primeiras 47 e ficariam assim 4 nas últimas 5 (onde a única das últimas 5 que não logrei, foi exactamente na Moita há um ano atrás quando fui em média até aos 12 e depois quebrei pelo forte calor que se fez sentir).
Os receios eram como iria reagir ao grande esforço 3 dias antes na Corrida do Pirilampo, onde alcancei um fantástico tempo para mim (novamente sub50 como pode ser lido aqui), e que digo desde já que foi um receio infundado pois senti-me bem recuperado e não julgo que me tenha afectado minimamente. E o outro receio era sobre o forte calor que iria estar.
Primeiros metros (Foto Luís Duarte Clara) |
Também estava calor no Pirilampo mas foram apenas 10 km e a corrida entre as 10.00 e 10.49, neste caso a distância era de 21 e com a corrida entre as 10.30 e cerca das 12.30, estando ainda na memória o que sofri de calor na segunda metade do ano transacto.
E por falar em segunda metade, realçar que esta prova pode ser dividida em duas. A primeira parte de 12 km com um percurso agradável e prazeroso, e a segunda parte dura, mais árida e com algumas subidas que sem serem muito fortes, mordem bastante.
A táctica estava bem definida. Atacar desde o início com quem ia para o tal sub 2 horas. Se tivesse que abrandar como na edição 2016, paciência, era um risco consciente e assumido.
E assim o fiz, impondo logo de início um ritmo ideal. Ou melhor, um ritmo uns segundos por km mais rápido para ganhar colchão para a tal segunda metade.
Faço aqui um parêntesis para realçar que esse era o meu ponto fraco (além das descidas mas aí não há nada a fazer). Perdia sempre vários segundos no início pois se começasse ao ritmo ideal, estragava tudo, tinha que ir progredindo. Fiz um longo trabalho para corrigir essa falha e hoje já consigo entrar logo forte sem colocar em causa o restante.
Os quilómetros foram passando, o ritmo perfeito e o calor a aumentar. Continuava sempre com a dúvida do que iria suceder lá à frente, em especial após o km 14 mas se o problema era à frente, que me preocupasse aí pois agora era hora de manter o excelente ritmo.
E aos 12 passei junto à meta, sabendo que a verdadeira prova iria iniciar-se.
Focado, a passar aos 12, olhando para o que aí vinha (Foto Fernanda Silva) |
Fui andando, sempre pensando quilómetro a quilómetro, e em cada um, a coisa mantinha-se na perfeição. Os quilómetros 14 a 16 foram os únicos que tive companhia, neste caso do Nuno Santiago a quem agradeço.
E foi aos 16 que acreditei. Vou conseguir o sub 2 horas! O que já era uma grande vitória para as condições que estavam e para o que costumo sofrer com o calor. Isto deu-me mais um "boost" de energia e aí continuei eu.
Abro aqui outro parêntesis para descrever uma situação. Já por várias vezes em prova que chamam-me a atenção para não olhar tanto para o relógio, mas essa é uma grande fonte de motivação! Quando vou a realizar uma grande marca, olho várias vezes pois ao constatar o bom que o tempo marca, dá-me mais força para ignorar o cansaço que se vai apoderando pelo esforço.
Quando nem olho para o relógio, é que a coisa vai mal que nem me quero "deprimir" a ver como está...
Regressando à corrida, os quilómetros 18 a 20 são duros, mas foi aos 19 que, mantendo sempre sem falha o óptimo ritmo inicial, fiz contas e cheguei a uma conclusão que julgava completamente fora de qualquer hipótese. Poderia realizar a minha 2ª melhor marca de sempre (estava em 1.56.35, enquanto o record é de 1.52.38 feitos em Dezembro nos Descobrimentos).
Concluí isso aos 19, na altura que se inicia a última mas penalizante subida que dura todo o quilómetro. Ora se está muito calor e vamos no limite, mais quentes vamos. Se estamos numa subida dura dando o máximo, a temperatura corporal ainda aquece mais. E cheguei aos 19,7 de tal maneira a ferver que vi só me restar abrandar um pouco para tentar arrefecer pois sentia que ao continuar assim, ainda derretia.
Estive a milésimos de o fazer mas agarrei-me ao pensamento "João... se continuares assim tens uma grande recompensa no final com a 2ª marca de sempre!", mas estava realmente com o radiador a ferver, "João, não dês cabo de tudo agora", e deu-se a minha grande vitória pessoal ao ter derrotado com a mente a canícula. Cerrei dentes, pensei que eram só mais umas centenas de metros e segui, sem ter abrandado 1 segundo que fosse.
Para mim, este foi um grande momento pois nem sei onde fui buscar forças para tal, considerando como estava.
Aos 20,1 começou a descida, o que permitiu então arrefecer ligeiramente, o que foi uma benesse. Depois endireitou e seguiu-se a altura de dar tudo até à meta, registando como melhor quilómetro esse último.
1.56.17 de tempo final! Cortei a meta e cambaleei um pouco, enquanto pensava que uma câmara térmica deveria mostrar-me vermelho muito vivo!
Eu, que só fazia marcas destas em Meias no inverno ou dias de temperatura suave, consegui derrotar o monstro do calor.
Desculpem este excesso de estilo mas é o que senti.
E o momento continua. De há ano e meio a esta parte. Há que aproveitar e continuar a fazer o trabalho bem feito.
Alturas há que chego a mal me reconhecer, após tantos anos sem conseguir chegar a estes valores, mas também tenho consciência do muito que me tenho esforçado.
No próximo domingo, Meia-Maratona de Portugal (Ponte Vasco da Gama). A semana tem que ser bem gerida após estes 2 grandes esforços em 3 dias e por na 4ª feira ter que realizar um exame para um completo check-up que estou a realizar, exame esse cuja dificuldade é estar entre as 16 horas de 3ª e as 19 de 4ª sem ingerir qualquer alimento (27 horas!). Tem que ser tudo muito bem gerido para poder chegar à Ponte recuperado.
Uma excelente semana para todos!
Que dizer?
ResponderExcluirParabéns? Tás uma máquina?
Pareço um disco riscado, pelas melhores razões! ;)
Que continues com estes excelentes resultados!
Parabéns e boa recuperação!
O meu desejo é que continues disco riscado! :)
Excluir(ora aí está uma frase que provavelmente muito jovem não saberá o significado!)
Muito obrigado, beijinhos e boas corridas
Mais uma vez, muitos parabéns! Já não há palavras!
ResponderExcluirÉs mesmo uma inspiração e a prova de que os treinos trazem frutos!
Vemo-nos na Meia :) Um beijinho!
Muito obrigado pelas palavras!
ExcluirSim, a ver se nos vemos na Meia :)
Beijinhos e força!!!
Um gajo atrasa-se a parabenizar a corrida do Pirilampo e já há outra melhor que a anterior! Grande tempo e como te percebo em relação ao calor... É a variável que a mim mais preocupa antes de cada prova! Parabéns por mais uma e boa continuação :)
ResponderExcluirAbraço!
Muito obrigado!
ExcluirO calor afecta-me bastante e o tê-lo derrotado deu um grande significado.
Um abraço e força!
E prontos ... continuamos no mesmo ;) ... e ainda bem :)
ResponderExcluirGrande João ... força
Muito obrigado Carlos!
ExcluirE força para ti para estes últimos 27 dias :)
Grande abraço
Parabéns João, pelo resultado e pela coragem.
ResponderExcluirPara o ano tem de vir até Ovar.
Ontem foi a 29ª meia-maratona da cidade de Ovar e a 1ªcorrida do azulejo (10km). Uma prova cinco estrelas e com muito apoio nas ruas.
Muita força para as próximas provas.
Beijinhos
Lígia
Muito obrigado Lígia!
ExcluirEstive em Ovar em 2012 e guardo com muito carinho a recordação dessa prova, muito bonita e bem organizada.
Só tenho pena é de estar longe, senão teria ido muitas vezes! Mas hei-de regressar. sem falta! :)
Beijinhos e boas corridas
Realmente... Imparável deve ser o teu nome do meio! :D
ResponderExcluirMuitos parabéns! Eu também sofro imenso com o calor como sabes, e penso sempre que as melhores provas para se bater records são as de Inverno. O sol a bater de chapa no corpo faz mesmo disparar o termómetro corporal e parece que deixamos de saber responder da melhor forma. Mas tu estás top! Já nem o calor te afeta! Muitos parabéns e continua a ser uma inspiração para todos nós! :)
Beijinhos!
Muito obrigado por mais estas simpáticas palavras, Fabiana :)
ExcluirBeijinhos e força!
Ah grande, grande João !
ResponderExcluirGrande prova cheia de coragem o que é a imagem de marca deste atleta.
Grande abraço
MIKE
Happyrun
Muito obrigado Mike pelas palavras e desejo que tudo esteja a ir bem contigo para daqui a 26 dias :)
ExcluirUm abraço
Parabéns João!
ResponderExcluirContinuas em grande:)
Em relação ao exame, ainda vais a tempo de recuperar para a prova.
Força!
Abraço
Muito obrigado Vitor!
ExcluirSim, há tempo para recuperar :)
Um abraço e força nesses treinos :)
Branco, João, na camera térmica o mais quente é o branco ;)
ResponderExcluirEfectivamente a mente prega-nos umas partidas, hã, calor, "um bafo" como se diz e ainda carregas?
Muito bom e em muito bom momento.
Continua João.
Abraço
Opps... já aprendi uma hoje. Pensava que era vermelho e afinal é branco. Obrigado pelo esclarecimento :)
ExcluirUm abraço!
Museu Electricidade :)
ResponderExcluirOu melhor, no MAAT.
Sempre ao dispor :)
Abraço
Na moita nunca experimentei! Deve ser bom! :)
ResponderExcluirPARABÉNS!
É sim senhor!
ExcluirNa forma em que estás e com os records a caírem uns atrás do outros, a marca de 1h50m pode estar próxima se participares na meia dos descobrimentos (não sei se nessa altura já tiveste de parar por causa da intervenção, o que será uma pena).
ResponderExcluirBoa prova para Domingo. Vai ser bastante dura com a partida às 10:30 e a preverem perto de 30 graus ao meio dia !
Um abraço
Ricardo_A
Sim, ainda faço os Descobrimentos.
ExcluirMuita força para ti para domingo!!! Estou a torcer muito!
Grande abraço
Obrigado João. Amanhã de manhã vou, finalmente, fazer uma corrida leve para ver se a dor ainda aparece. Se não aparecer, Domingo lá estarei na partida.
ResponderExcluirAbraço
Força!
ExcluirCa grande prova fizeste!!!
ResponderExcluirEspectáculo!
Muitos parabéns!
Com o calor que estava e fizeste um super tempo! :)
Beijinhos
Foi sim senhor, uma grande prova! :)
ExcluirObrigado e beijinhos. Força!