Altura do habitual balanço anual. E não sei como se irão balancear as palavras pois como irei descrever este ano?
Há um ano atrás, tinha naturais sonhos, expectativas e ambições, mas nunca jamais em tempo algum poderia imaginar tudo o que iria alcançar e da maneira como alcancei.
Basta referir que bati todos os records entre mil metros e a Maratona. Todos! Alguns com barba muito comprida, outros que estavam como que enguiçados. 1.000, 3.000, 5.000, 10.000, 15.000, 20.000, 21.097, 30.000 e 42.195, nada resistiu a este ano, como se pode confirmar aqui na relação dos meus records tudo preenchido com o ano 2016 com a devida excepção da volta à pista (400 metros) que não tentei.
Mas foi um outro record que permitiu esta avalanche de melhores marcas. O número de quilómetros no ano, aumentados em quantidade e qualidade.
Efectivamente, devido à minha actual situação, pude aumentar a carga de treino de forma considerável. Elaborei um plano que acabei por o ultrapassar em larga escala.
O meu ano com maior quilometragem era 2015 com 1.556,381 km, pois em 2016 o total cifrou-se em 2.204,676 mais 648,295 km. Um brutal aumento de 41,7%!
O mês onde mais tinha corrido era de Novembro 2015 com 181,037 enquanto em Agosto deste inesquecível 2016 somei 252,244 mais 71,207 km, um aumento de 39,3%
E consegui gerir da melhor maneira esta muito maior carga, sempre com todo o cuidado colocado na recuperação correcta para evitar lesões.
E por falar nessas indesejadas, tive apenas uma visita em Fevereiro, uma contractura no gémeo direito provocada por um tresloucado antibiótico tomado para um problema dentário.
Essa lesão custou-me cerca de 130 km ao plano, sem a qual os números ainda teriam ido mais além.
Mas mais do que isso, prejudicou a Maratona de Barcelona, onde tive que realizar uma prova de sobrevivência porque a lesão ainda lá estava. Mas não me venceu pois cortei a meta!
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Meta conquistada na bonita cidade de Barcelona |
Até meio do ano, a evolução era evidente e os resultados iam prometendo. Já nessa altura tinha quem me dissesse que estava na melhor forma de sempre. E para acabar bem o primeiro semestre, o primeiro daqueles 4 resultados inesperados. Não pelo record mas pela diferença. Peniche e a sua emblemática Corrida das Fogueiras. O meu record aos 15 estava em 1.20.20 desde 2007. Ultimamente tinha feito mais umas na casa do minuto 20. Tinha esperança de o bater e, talvez, ainda entrar no minuto 19 alto. Melhor que isso, não imaginava ser possível.
Mas foi... Qual minuto 19 alto? Registei 1.18.59
E de todos os records este é um dos 4 que olho para ele e ainda me custa a acreditar que tenha sido possível!
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A alegria em Peniche |
No final de Julho a tal obsessão em baixar dos 50 minutos aos 10 esteve por um fio no Pombal. E entrámos em Agosto no que foi o mês mais importante para tudo que sucedeu entre Novembro e Dezembro.
Segundo o meu plano, este era o mês onde mais tinha que correr, não só em quantidade como qualidade de treino, mirando as provas dos últimos 2 meses.
É sabido que se um trabalho for bem feito e estruturado, não só resulta na altura como permite uma explosão passados 2 a 3 meses.
Ora sucede que este mês de Agosto foi o 2º mais quente dos últimos 85 anos, o que não me impediu de ser o mais "quilometrado" de sempre. Para tal, treinos longos houve que começaram às 5 e tal da manhã, para fugir à canícula.
Felizmente, tudo correu (literalmente) como pretendia e em Setembro e Outubro foi questão de manter o bom trabalho e limar arestas. Pelo meio, o record da Meia-Maratona, datado de 2007, chegou a tremer na Ponte Vasco da Gama. Mas os olhos estavam mais à frente.
E chegaram os últimos 2 loucos meses. Primeiro, a Maratona do Porto. Nas anteriores 6 Maratonas, a minha melhor era de 5.02.13. Apesar de em Maratona, e ao contrário das outras distâncias, para mim a marca final é secundária (o importante é a meta e a maneira como lá chego), esperança havia em baixar das 5 horas. Acreditava ser cerca de 4.55, mas nada me diria que iria dizimar o record num quarto de hora, realizando 4.47.36, outra das marcas que me custa a acreditar que consegui.
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Meta conquistada na Maratona do Porto, record dizimado |
Início de Dezembro, Meia-Maratona dos Descobrimentos onde era o dia de acabar com um record datado de 9 anos. Sabia que era difícil, muito difícil mesmo pois, para as minhas capacidades, 1.56.35 era muito puxado. Mas sabia também que nunca tinha estado tão preparado para a bater. Acreditei e nem as péssimas condições atmosféricas me fizeram vacilar.
Sonhava não só baixar a marca como entrar no minuto 55. E, loucura das loucuras, cheguei a pensar que num dia de loucos conseguiria o 54, mas este já era um sonho selvagem.
Dei tudo, mas mesmo tudo e ao cortar a meta nem acreditava (e ainda hoje me custa a crer) que tinha tirado 4 minutos, 1.52.38. Como foi possível?!?
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Pumba! Outro record dizimado, este o da Meia |
Faltava uma semana para o grande dia, o dia em que ia tentar reduzir a cinzas uma obsessão de 10 anos, baixar dos 50 aos 10 no Grande Prémio de Natal.
E deu-se algo inédito em mim. Nunca dou nada por adquirido e sou muito cauteloso nas previsões. Quem me conhece bem, ficou espantado ao ouvir-me afirmar convictamente que aquele ia ser o dia.
Eu nunca digo isso mas a Meia uma semana antes deu-me uma injecção de confiança inabalável.
Sabia que era o dia, sabia que nada me iria deter. Nem me preocupei com o tempo a mais perdido no 1º km. Nada me deteria.
O que eu não sabia, nem imaginava, é que nem ao minuto 49, o tal minuto sonhado durante 10 anos, chegaria pois o relógio parou aos 48.42!
E este foi o 4º dos tempos que ainda me custa a acreditar.
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Grande Prémio de Natal ou o fim de 10 anos de espera! |
Para terminar o ano em forma de festejo, e pela primeira vez, realizei duas corridas no mesmo dia, as São Silvestres de Lisboa e Amadora.
As provas que aqui destaquei foram as mais impressionantes, mas na grande maioria das restantes também alcancei grandes resultados. No entanto, se fosse falar de todas, até onde iria este artigo?
O que mais poderia pedir, em matéria de corridas, deste ano? Nada, rigorosamente nada pois tanto me deu, muito mais do que alguma vez sonhei!
Tenho consciência que a minha "validade", em matéria de resultados, está a chegar ao fim. Aliás, já estarei a esticar muito pois não é habitual estar na melhor forma quase aos 57, reduzindo a cacos marcas feitas como quarentão. Daqui a 3 anos serei sexagenário. E se há coisas que não se conseguem evitar, é a natural quebra de performance.
Mas quanto mais puder ir empurrando com a barriga, melhor. Há que aproveitar o momento, e continuar o trabalho bem feito.
Para 2017 a grande prioridade é, como sempre, Maratona.
Tal como sucede desde 2014, serão duas, uma internacional, outra nacional. E já estou inscrito em ambas. 19 de Fevereiro Sevilha e 5 de Novembro Porto.
Quanto ao resto e a tentar fazer algo semelhante a 2016... pego novamente na frase do saudoso Zé Torres "Deixem-me sonhar!"
E daqui a um ano falamos :)
Muito obrigado a todos pelo apoio. Muito em especial a algumas incansáveis pessoas que sabem bem que as estou a referir!