Era imprescindível conseguir hoje um treino de 30 km. Não que fosse obrigatório mas o termo imprescindível tem a ver com confiança. A tal que para esta, pelas razões conhecidas, tem andado num verdadeiro virote de carrossel.
Sim, sei que a desistência de há 2 anos não foi culpa minha. Foi uma crueldade que se lembrou de aparecer nesse dia, mas o certo é que, ao contrário das outras que tenho feito e que começam na preparação, esta começou há 2 anos e ficou em suspenso.
Como se aperceberam no artigo da Meia de Setúbal, essa semana foi assaz complicada em crise de confiança.
E, curiosamente, não foi por ter realizado uma muito boa Meia-Maratona de Setúbal que a fez crescer. Foi um treino de 10 km na 4ª feira e onde andei num ritmo muito forte. Seguiram-se umas muito boas séries na 6ª feira e no sábado estava com as baterias carregadas em confiança. Só que não durou todo o sábado e a noite foi, neste caso, má conselheira.
Assim, fui cedinho para este treino de 30 novamente meio em crise. E que difíceis foram os primeiros 10 quilómetros! Se fisicamente parecia que ia sozinho, na realidade fui acompanhado por dois minúsculos companheiros, antagónicos. Dum lado um diabinho, doutro um anjinho. E durante 10 km a conversa era:
Diabinho - Esquece! Hoje não vai dar, não estás em boa forma para 30. Pára mas é já.
Anjinho - Nem penses! É a tua única oportunidade de fazeres um treino de 30. E bem o precisas!
Diabinho - Pois, mas hoje não. Não sentes as pernas pesadas? Pára!
Anjinho - Nunca! Se fizeres os 30 vais acreditar. Se não os consegues hoje, não tens outra oportunidade e aí é que a tua confiança fica lixada de vez!
Diabinho - Olha que bom que era estares agora a descansar em vez de esfalfares...
Anjinho - Não ligues! Deixa-te ir. Não penses, vai!
E foi assim durante 10 km com a crise maior aos 3 e 7. Mas sempre a seguir até que... calaram-se. Fiquei em paz e em prazer de corrida, palmilhando metro a metro na táctica ideal que a Mafalda preconiza para a Maratona: Uma perna à frente da outra!
Tinha começado no Inatel de Oeiras em direcção ao final da praia de Carcavelos, dei a volta e fui até à estação de Belém, dei a volta e regressei ao Inatel de Oeiras com 29,6 dando ali uma voltinha até perfazer os 30.
Como estava em crise nesses 10 km iniciais, decidi fazer a subida Oeiras-Paço de Arcos pelo passeio da Marginal, em vez de continuar pelo plano do Passeio Marítimo. A intenção foi passar no tal local onde fiquei há 2 anos e, se calhar, foi essa recordação que fez desaparecer a força negativa do diabinho...
Apenas tornou a haver um muito breve momento de crise aos 20,5 mas, tal como apareceu, desapareceu de imediato.
Gostei de ir vendo os meus tempos pois foram sempre muito certinhos até aos 29 km. Apenas o último km foi um pouco mais devagar.
Quanto a isto tudo do carrossel de confiança, sei o que lhes apetece dizer mas esqueçam. Já concluí que esta vai ser assim até ao final. Só quando ao fim de 42.195 metros cortar aquela malvada meta é que arrumarei isto tudo.
Depois, a próxima será Barcelona em Março e, não sei porquê, tenho desde o início um grande "feeling" para essa!
Ainda em relação a treinos de 30 e aparecendo novamente o João estatístico, posso dizer que foi o 8º treino dessa distância que realizei (nunca treinei mais do que 30).
O 1º para a Maratona de estreia em Lisboa 2012, o 2º em 2013 para a falhada Rock'n'Roll, depois para Sevilha e Porto não tive nenhum, seguiram-se 5 para Paris este ano e agora o de hoje.
O curioso é que, tal como na Maratona, estes treinos foram muito diferentes em percurso, companhia ou sozinho, momento e outros factores mas o resultado final foi sempre na casa das 3.20, com excepção do de 2013 mas porque nos últimos 8 km tive que andar algumas vezes por uma dor no joelho.
Aqui vai a relação:
2012-11-04
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3.29.18
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2013-08-24
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3.56.32
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2015-01-04
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3.24.13
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2015-01-18
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3.20.48
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2015-02-28
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3.27.25
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2015-03-01
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3.28.34
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2015-03-14
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3.28.43
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2015-09-27
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3.26.06
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E agora, a 3 semanas do grande dia, só posso dizer uma coisa... venha ela!