Como tem sido aqui relatado, a preparação para o Porto não começou da melhor maneira com treinos miseráveis. O último relatado, sexta dia 15, tinha sido o cúmulo do mau e assustei-me a sério com a perspectiva de não conseguir a tão desejada meta no Porto. Estava sem força e a sentir-me derrotado.
Cada um de nós é um caso e, para mim, este tipo de sentimentos em altura de crise costuma ser muito bom pois obriga-me a reagir. Até acredito que talvez não tivesse feito a corrida da minha vida em Sevilha se não tivesse estado tão em pânico como estive nos dias anteriores (em especial no célebre pequeno-almoço do próprio dia) pois com o problema pulmonar que ainda tinha na altura, a cabeça obrigou-se a responder a tanta negatividade e saiu aquele "milagre" transformando-a na melhor e mais feliz corrida que alguma vez efectuei.
Provas de resistência obrigam a uma cabeça forte e é assim que esta que está por cima do meu tronco começou logo a reagir no dia seguinte a essa sexta-feira da semana passada. E nesse dia era outro completamente diferente. Tal como nos restantes treinos de 2ª, 4ª e 6ª desta semana, todos a correrem dentro do planeado e a sentir-me bem.
Hoje era a prova de fogo que essa crise se tinha afastado de vez, com um treino de 24 km por Lisboa, num percurso que emocionalmente tanto me diz pois tem os primeiros 19 e os últimos 5 da minha inesquecível Maratona de estreia, a chamada Maratona da Xistarca, Dezembro de 2012.
Foi seguir o percurso até aos Restauradores e aí cortar para o Martim Moniz e subir a Almirante Reis até ao Areeiro e fazer essa parte final da Maratona.
Não só esse percurso é emocional para mim pelas recordações de cada metro que nunca se apagam, como esses 19 km iniciais são ideais pois são muito variados o que facilita a quem as longas rectas ou percursos monótonos são penalizantes.
Para um treino ser bom, nada como ter uma excelente companhia! A Sandra foi uma preciosa ajuda ao longo de todo o percurso e na converseta os quilómetros foram passando muito agradavelmente.
Aos 15, outra excelente companhia, o Nuno, que sei que tem que se esforçar imenso para nos acompanhar pois o nosso ritmo é... baixo demais para si! :)
E pronto. Treino feito. Desde sábado da semana passada a confiança restabelecida. Tudo bem!
Claro que estou atrasado no plano mas também já não penso naquele objectivo secreto que tinha de baixar o meu record (5.02.13) para menos de 5 horas. A única intenção é a meta, o tempo é secundário.
Para um atleta como eu, cortar a meta numa Maratona é uma vitória para a vida.