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A corrida e o percurso em si e a sardinhada antecipando o início do fim da época são factores importantes, mas um que não se esquece é a dívida de gratidão dos atletas para com a população penichense que vive a pleno esta prova e não se cansa de, ao longo de todo o trajecto, incentivar os corredores, sejam os de elite ou o mais anónimo atleta de pelotão. Que diferença para as corridas na capital onde os lisboetas viram costas a estes eventos e não se coíbem de buzinar furiosamente fazendo mostrar que estão indignados por, a um domingo, perderem uns escassos minutos no trânsito, querendo prolongar o seu stress semanal para o fim-de-semana!
Esta mítica prova nasceu em 1980 e contou com 78 atletas, número que aumentou para 150 na 2ª edição e logo de seguida para 537, chegando ao milhar em 1984.
Depois de em 2009 ter batido novo record de participação, 1.762 atletas, este ano registou novo máximo, 1.849 classificados. A estes se juntaram mais uns milhares nas Fogueirinhas.
É verdade que as organizações têm sempre algo a melhorar, e neste caso o aperto nos cerca de 500 metros iniciais poderia ser evitado, se se colocassem as barreiras que separam as chegadas das Fogueiras e Fogueirinhas apenas após a partida. São 500 metros onde quase não se corre e os riscos de tropeções são altos (presenciei mesmo uma queda).
Competitivamente a prova ficou marcada pelo vigoroso sprint final entre Hermano Ferreira, que venceu com 47.14, e José Maduro. Stephane Joly completou o pódio masculino.
No sector feminino, Madalena Carriço já era a recordista de vitórias, com 4, e alcançou agora a sua 5ª, parando o relógio aos 56.23, contanto com um avanço de quase 3 minutos sobre Anabela Tavares e mais de 5 minutos sobre Mónica Moreiras.
Sobre a minha prova, foi muito agradável e em prazer. Estava receoso pelo cansaço dos músculos após 4 excelentes dias em Londres onde andava a pé desde o início até ao final do dia, e fiz uma prova em gestão de esforço, indo sempre a um ritmo regular que me permitiu terminar com 1.28.34 (tempo real, de meta a meta, mais 1.10 no oficial).
Até cerca de metade, a Sandra tentou simpaticamente acompanhar-me mas como vi que estava a prejudicar o seu ritmo, e depois de muitas insistências minhas, lá seguiu, o que me permitiu a mim adoptar o "ritmo cruzeiro" para a circunstância e a ela bater o seu record pessoal, depois duma última légua espantosa, onde foi acompanhada pelo João Branco que é o melhor exemplo de espírito do atleta de pelotão.