Tal como tinha escrito no último artigo sobre o tema, este fim-de-semana foi a altura para experimentar 20 Km a caminhar, o que fiz hoje.
Antes de dar conta do que sucedeu, aproveito para actualizar as melhores marcas dos 5 e 1 km. Há duas semanas referi essa tal caminhada de 15 onde registei novos máximos. 2 dias depois fui para a EVA no Jamor para 5 km com a excelente companhia do João Ricardo, e a melhor marca que tinha sido registada dois dias antes de 46.44 aos 5 km, baixou para 45.28, média de 9.05,6. Naturalmente que o próximo objectivo nesta distância é de baixar dos 45 minutos, o que representará uma média na casa dos 8 minutos.
Três dias depois, no último km duma caminhada, decidi dar o tudo por tudo para ver se baixava o melhor quilómetro de 8.40, o que consegui com 8.24, marca que, muito sinceramente, não imaginava sequer ser possível de chegar quando iniciei as caminhadas.
Regressando então a hoje, estava muito expectante desta caminhada pois seriam mais de 3 horas e de ponto a ponto. Já fazia lembrar uma coisa daquelas, estão a perceber?
Sabia que conseguia aguentar 15 km sempre a dar o máximo. A dúvida era se daria para 20 sempre na linha vermelha. Podemos pensar que são apenas mais 5 km mas a caminhar dá quase 50 minutos mais. Praticamente o tempo duma corrida de 10 km (para atletas do nível onde eu me inseria).
Ontem, numa mensagem para a Isa e Vítor, escrevi "Se fizer abaixo de 3 horas e 20, será muito bom (20 km abaixo de 10), se for abaixo de 3.15 (menos de 9.45/Km) será excelente, e se for abaixo de 3.10 (menos de 9.30) será fantástico. Vou dar o meu melhor, a ver o que sai"
Pois posso já dizer que o tempo final foi de... 3.02.40! E com novas melhores marcas aos 10 (de 1.33.19 para 1.32.45) e aos 15 (de 2.18.59 para 2.17.32).
Mais uma vez sucedeu o ritmo ir baixando ao longo do percurso. Passei aos 5 km com a média de 9.22, aos 10 com 9.16, aos 15 já ia na média de 9.10 e acabei os 20 com média de 9.08. Quem quiser fazer contas, pode tentar descobrir qual seria o quilómetro em que a média ficaria negativa! :)
Terminei muito feliz e orgulhoso e preciso destes momentos como bem compreenderão.
Relação km a km:
1 |
9.34 |
|
11 |
9.14 |
2 |
9.12 |
|
12 |
9.00 |
3 |
9.22 |
|
13 |
8.52 |
4 |
9.16 |
|
14 |
8.47 |
5 |
9.24 |
|
15 |
8.51 |
6 |
9.18 |
|
16 |
9.28 |
7 |
9.15 |
|
17 |
8.48 |
8 |
9.08 |
|
18 |
9.04 |
9 |
9.06 |
|
19 |
8.55 |
10 |
9.06 |
|
20 |
8.51 |
Ora este progressivo aumento de distâncias, serve não só para ir mantendo e melhorando a condição física, como tem um outro objectivo especial em mente.
A 23 de Junho escrevi aqui "Focado no que é possível e com alguns objectivos (temos sempre que nos motivar com algo). Um deles muito especial mas, pedindo desculpa por ficar no domínio dos Deuses (dos Deuses e de meia-dúzia de "eleitos")". Vou agora adiantar o que é, menos a data.
Como bem sabem, tenho uma enorme paixão por Maratonas e uma dor muito grande em não poder participar em mais. Tinha uma lista das que pretendia realizar, para juntar às 13 que concluí, e que englobava entre 2020 e 2022 Madrid, Málaga, Berlim e, a que mais me custa perder, Loch Ness.
Perdi a possibilidade de correr mas em vez de lamentar, agarrei-me ao que posso fazer, caminhar. E daí ter surgido o objectivo de completar a distância duma Maratona a caminhar.
Este é um projecto que está a entusiasmar-me muito (sim, claro que não é a mesma coisa que correr mas é o que posso fazer e é a isso que me agarro) e que permite regressar àquelas rotinas que tanto aprecio, a de ir planeando treinos longos para construir a resistência necessária para o dia M.
Acho curioso quando ouço muitos bons atletas referirem que gostavam de se aventurar em mais Maratonas mas o que lhes custa é toda a longa preparação. E digo que acho curioso pois essa é exactamente a fase que mais gosto!
No entanto, o objectivo não passa só por caminhar de seguida 42.195 metros. Não, isso seria fazível com mais ou menos esforço. Há um objectivo de tempo, 8 horas e meia para completar, o que resulta numa média de 12.05/Km.
Ora 12.05 ao Km é neste momento fácil para mim mas neste tipo de distâncias. A grande dificuldade vai ser aguentar esse ritmo ao fim da 5ª hora, da 6ª, da 7ª, da 8ª... Essa é que é a dificuldade maior, o que facilmente entenderão. E claro que não faz sentido fazer contas a quanto gastei hoje em 20 km pois, como sabemos, uma Maratona não é a soma de duas Meias. Posso até dar o meu exemplo em que, a correr, o meu record em Meia foi de 1.51.26 e em Maratona 4.41.40...
Portanto, a grande dificuldade vai ser o conseguir completar os 42.195 abaixo de 8.30 mas é para isso que estou a preparar-me e irei lutar no dia M.
Além dessa dificuldade, há outra. Qual é a parte do corpo que mais vai dar problemas? Joelhos? Não. Pés? Não. Pernas? Não. Costas? Não. Não adivinham? São as mãos por mais incrível que possa parecer a quem corre. É que ao corrermos, vamos com os braços em ângulo recto, mas a caminhar os braços vão para baixo e com o esforço e o aumento de circulação, as mãos começam a inchar. Aos 10 incomoda um bocadinho, aos 15 mais e hoje mais notei aos 20. Terei que ir molhando as mãos para atenuar.
Quanto ao percurso escolhido para o dia M, faz lembrar um pouco a Maratona de Lisboa mas aproveitando os paredões. Vou começar na Boca do Inferno (até dá para recordar o Highway to Hell que tocou na partida das 3 Maratonas de Sevilha em que estive presente). Vou pela ciclovia até Cascais, embico para o paredão da praia de Cascais, paredão que prolonga-se até S.João do Estoril. Aí, sigo no passeio da Marginal até Carcavelos (com incursão naquele troço a chegar a S.Pedro do Estoril). Em Carcavelos entro no paredão que vai até ao Passeio Marítimo de Oeiras e que termina em Paço d'Arcos. Entre Paço d'Arcos e Caxias passeio da Marginal, para em Caxias regressar ao Passeio Marítimo e daí seguir no de Algés e, sempre pelo lado mar da linha, ir até ao Parque das Nações. Este percurso facilita a Mafalda poder estar de 5 em 5 quilómetros para os necessários reabastecimentos.
A única coisa que não digo, e peço a vossa compreensão, é a data. Escolhi a data mal pensei no assunto, mas prefiro fazer sem pressão e dizer como correu. Mas não pensem que é para já. Não vai ser nem neste ano, nem nos primeiros meses de 2021. É depois algures em 2021. Preciso de tempo para consolidar a forma e ir aguentando os ritmos cada vez durante mais tempo.
Mudando de assunto, altura para falar da noite histórica de ontem no Meeting do Mónaco. O ugandês Joshua Cheptegei bateu o mítico record mundial de 5.000 metros, pertença de Keninisa Bekele, record que perdurava há 16 anos e estava em 12.37,35. Ontem, Cheptegei parou o cronómetro aos 12.35,36 batendo por quase 2 segundos (1,99 para ser exacto) esse mítico record!
Vamos a umas contas que mais demonstram o impressionante valor desta marca. 12.35,36 dá uma inacreditável média de 2.31,072 ao km!!! Conseguem imaginar fazerem 15,1 aos 100 metros? Os poucos que conseguem, fazem esses 100 metros e no final terão vontade de se atirar ao chão não aguentando mais. Pois o Cheptegei fez essa média aos 100 metros, repetidos 50 vezes seguidas! Percorreu em cada segundo 6,619 metros! 6,619 metros num só segundo, repetido 755 vezes seguidas! Ok, não dá para imaginar o que isto é, pois não? Mas só para terminar, vamos recordar o teste de Cooper que afere a condição dum individuo correndo o máximo de distância em 12 minutos. Quem está na casa dos 20 anos, correr mais de 2.800 é considerado óptimo. Pois em 12 minutos Cheptegei correu 4.766!
E é isto! Bom fim-de-semana para todos!