Não há volta a dar! Para mim, a Corrida do Tejo representa sempre um momento especial no calendário. Não por ser daquelas muito concorridas, pois não vou atrás disso, mas sim especialmente pelo local.
É curioso que foi por causa desta corrida que me lembrei de experimentar uma prova. Tinha começado a dar umas corridinhas no Passeio Marítimo a meio de 2005. Pequenas mas pensava que já eram de distância muito respeitável! Recordo-me da alegria que tive quando cheguei aos 3.000 metros! E quando consegui dar a volta completa, que na altura eram 4.600 (hoje 7.000). Foi apenas em Outubro (vejam o tempo que demorei!) e assim me mantive até Dezembro, convencido que estava a fazer uma grande distância. Eis que chegámos a Dezembro e vi uma notícia na revista de Oeiras sobre uma tal de Corrida do Tejo que tinha decorrido em Outubro. Pum-pum, o coração bateu mais forte ao pensar "e se para o ano entrasse?" Mas eram 10 quilómetros... Bom, se adicionasse um quilómetro por mês... Bem dito bem feito, ainda nesse Dezembro cheguei aos 5 kms, Janeiro 6 e Fevereiro 7. Mas nesse mês de Fevereiro, um colega deu-me um folheto sobre a corrida da Ponte 25 de Abril. O coração tornou a dar um salto ao pensar que poderia passar a Ponte a correr. Assim, entrava nessa e depois em Outubro no Tejo.
O resto é história, na feira da Ponte deram-me um folheto para uma prova da APAV duas semanas depois, de seguida mais outra e... quando dei por mim já estava agradavelmente viciado neste maravilhoso mundo de corridas onde, passados 6 anos e meio, realizei hoje a minha 237ª.
Ah! E a Corrida do Tejo 2006, a tal onde me iria estrear, foi a minha 16ª!
Este ano a corrida foi diferente pois fez parte da "Missão Isa". Após a sua muito bem conseguida estreia em Meia na Vasco da Gama (ler aqui), a intenção era tentar ajudá-la a bater o seu record baixando da hora.
Cada vez gosto mais deste espírito de entreajuda entre os atletas de pelotão e poder ser, de alguma forma, útil a um outro é um verdadeiro prazer.
E não estávamos sozinhos nesta missão pois juntaram-se mais dois elementos que ainda não tinha o prazer de conhecer. O Carlos e a Lígia, recém chegada à blogosfera e onde o seu constante sorriso a correr é bem demonstrativo do prazer que a corrida lhe proporciona.
E foi assim que este grupo de 4 mosqueteiros (não chegámos a concluir quem era o d'Artagnan...) se lançou à corrida. Ao contrário da Meia, esta corrida era para ser feita com os olhos no relógio e muitas contas.
Verdade seja dita, as contas ficaram muito facilitadas pois a Isa foi aguentando um ritmo melhor do que o pretendido, e sempre a falar bem, sinal que estava dentro das suas capacidades.
Ao 6º quilómetro já era uma certeza, salvo qualquer imprevisto, de se baixar da hora e ao 8º que inclusive baixava dos 59.
Como se aguentou bem na subida do Inatel, foi só questão de incentivar mais um esforço adicional e isso permitiu também baixar dos 58 minutos e fixar o seu novo record em 57.37
O excelente grupo de 4 deu as mãos para se saudar a meta mas mesmo a chegarmos ao tapete, em virtude da presença de outros atletas, acabámos por a cortar um pouco tortos.
No meio de tanta carga que tenho dado em corridas e treinos, soube bem ter um (único) dia com quilometragem mais suave. A carga para a Maratona segue já de seguida, e agora em dose ainda mais alta!
E pronto! Estava finalizada mais uma Corrida do Tejo, um marco no nosso calendário, recordista de atletas classificados. Este ano esse máximo não foi batido pois desceu de 9.346 (record nacional) para 8.888... em 10.000 inscrições!
E isso surpreende-me! Sabemos que nunca aparecem todos os atletas pois há sempre qualquer contratempo ou lesão, mas estamos a falar de meia dúzia de pessoas. Agora como é que 1.112 não comparecem, sendo a maior fatia de culpa da chuva? Como se gastam 14 euros para, em virtude duns pingos, primar-se pela ausência?
Logicamente que não estamos a falar dos habitués pois nós vamos a todas! Nem que o céu se abra e o vento traga areia como alfinetes! (quem foi ao Atlântico 2011 na Costa da Caparica, sabe bem do que estou a falar!).
Dos 8.888 classificados, registou-se a participação de 2.268 atletas femininas, uma excelente percentagem de 25,5%
E por falar em atletas femininas, destaque para Jéssica Augusto que, a representar a Nike, alcançou a sua 4ª vitória consecutiva, igualando o feito de Lucília Soares entre 1997 e 2000. Jéssica registou 34.09, menos 3 segundos que em 2011 e a 1.04 do record de 2009 que também lhe pertence.
Na 2ª posição finalizou a agora sportinguista Ercília Machado com 34.34, tendo completado o pódio a sua colega de equipa e tetra vencedora do Tejo, Sandra Teixeira (35.39)
No sector masculino, Rui Silva do Sporting também alcançou a sua vitória número 4, registando 30.07 e ficando a 1.02 do record de prova que também é seu.
O vencedor de 2011, o benfiquista Rui Pinto, foi 2º com 30.48, curiosamente 23 segundos melhor que o tempo que lhe deu o triunfo no ano passado, chegando o seu colega Samuel Barata 9 segundos após.
Colectivamente, o pódio foi composto pelo Gabinete de Fisioterapia no Desporto, NucleOeiras e Garmin Olímpico de Oeiras.
A organização desta prova não se esgota apenas no dia da corrida mas num conjunto vasto de eventos onde sobressaem os treinos que proporcionam nas semanas anteriores.
Como sempre, tudo esteve dento da qualidade habitual, registando apenas que este ano não houve direito a transmissão televisiva, quebrando um hábito que vinha, pelo menos, desde 2006.
Realce-se a curiosidade da medalha ser em forma de magneto.
O único ponto negativo desta prova mantêm-se e estou a falar do preço que, para os padrões nacionais, é alto, em especial numa altura de crise como nos estão a impor.
E acabo com a mente na imagem da placa à saída. Até à Corrida do Tejo 2013!