domingo, 27 de setembro de 2015

Treino de 30 feito. E agora? Venha ela...

Era imprescindível conseguir hoje um treino de 30 km. Não que fosse obrigatório mas o termo imprescindível tem a ver com confiança. A tal que para esta, pelas razões conhecidas, tem andado num verdadeiro virote de carrossel.

Sim, sei que a desistência de há 2 anos não foi culpa minha. Foi uma crueldade que se lembrou de aparecer nesse dia, mas o certo é que, ao contrário das outras que tenho feito e que começam na preparação, esta começou há 2 anos e ficou em suspenso.

Como se aperceberam no artigo da Meia de Setúbal, essa semana foi assaz complicada em crise de confiança. 
E, curiosamente, não foi por ter realizado uma muito boa Meia-Maratona de Setúbal que a fez crescer. Foi um treino de 10 km na 4ª feira e onde andei num ritmo muito forte. Seguiram-se umas muito boas séries na 6ª feira e no sábado estava com as baterias carregadas em confiança. Só que não durou todo o sábado e a noite foi, neste caso, má conselheira.

Assim, fui cedinho para este treino de 30 novamente meio em crise. E que difíceis foram os primeiros 10 quilómetros! Se fisicamente parecia que ia sozinho, na realidade fui acompanhado por dois minúsculos companheiros, antagónicos. Dum lado um diabinho, doutro um anjinho. E durante 10 km a conversa era:
Diabinho - Esquece! Hoje não vai dar, não estás em boa forma para 30. Pára mas é já.
Anjinho - Nem penses! É a tua única oportunidade de fazeres um treino de 30. E bem o precisas!
Diabinho - Pois, mas hoje não. Não sentes as pernas pesadas? Pára!
Anjinho - Nunca! Se fizeres os 30 vais acreditar. Se não os consegues hoje, não tens outra oportunidade e aí é que a tua confiança fica lixada de vez! 
Diabinho - Olha que bom que era estares agora a descansar em vez de esfalfares...
Anjinho - Não ligues! Deixa-te ir. Não penses, vai!
E foi assim durante 10 km com a crise maior aos 3 e 7. Mas sempre a seguir até que... calaram-se. Fiquei em paz e em prazer de corrida, palmilhando metro a metro na táctica ideal que a Mafalda preconiza para a Maratona: Uma perna à frente da outra!

Tinha começado no Inatel de Oeiras em direcção ao final da praia de Carcavelos, dei a volta e fui até à estação de Belém, dei a volta e regressei ao Inatel de Oeiras com 29,6 dando ali uma voltinha até perfazer os 30.
Como estava em crise nesses 10 km iniciais, decidi fazer a subida Oeiras-Paço de Arcos pelo passeio da Marginal, em vez de continuar pelo plano do Passeio Marítimo. A intenção foi passar no tal local onde fiquei há 2 anos e, se calhar, foi essa recordação que fez desaparecer a força negativa do diabinho...

Apenas tornou a haver um muito breve momento de crise aos 20,5 mas, tal como apareceu, desapareceu de imediato.

Gostei de ir vendo os meus tempos pois foram sempre muito certinhos até aos 29 km. Apenas o último km foi um pouco mais devagar.

Quanto a isto tudo do carrossel de confiança, sei o que lhes apetece dizer mas esqueçam. Já concluí que esta vai ser assim até ao final. Só quando ao fim de 42.195 metros cortar aquela malvada meta é que arrumarei isto tudo. 

Depois, a próxima será Barcelona em Março e, não sei porquê, tenho desde o início um grande "feeling" para essa!

Ainda em relação a treinos de 30 e aparecendo novamente o João estatístico, posso dizer que foi o 8º treino dessa distância que realizei (nunca treinei mais do que 30). 
O 1º para a Maratona de estreia em Lisboa 2012, o 2º em 2013 para a falhada Rock'n'Roll, depois para Sevilha e Porto não tive nenhum, seguiram-se 5 para Paris este ano e agora o de hoje.

O curioso é que, tal como na Maratona, estes treinos foram muito diferentes em percurso, companhia ou sozinho, momento e outros factores mas o resultado final foi sempre na casa das 3.20, com excepção do de 2013 mas porque nos últimos 8 km tive que andar algumas vezes por uma dor no joelho.

Aqui vai a relação:

2012-11-04
3.29.18
2013-08-24
3.56.32
2015-01-04
3.24.13
2015-01-18
3.20.48
2015-02-28
3.27.25
2015-03-01
3.28.34
2015-03-14
3.28.43
2015-09-27
3.26.06

E agora, a 3 semanas do grande dia, só posso dizer uma coisa... venha ela! 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Estudo sobre as minhas tão diferentemente iguais Maratonas

Quando se aproxima aquela que será a minha 5ª Maratona, altura para um pequeno estudo sobre as anteriores 4.

Realço desde já que o factor tempo efectuado, objecto deste estudo, serve apenas para aferir dificuldades e sensações durante a prova, pois o que me move numa Maratona é cortar a meta.

O curioso é que as minhas 4 foram todas tão diferentes entre si, desde a preparação à execução, mas a marca final sempre muito semelhante (9 minutos em mais de 5 horas não é diferença significativa).

Começando por listar as 4 com o respectivo tempo final:

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
5.02.13
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
5.07.59
2014-11-02
XI Maratona do Porto
5.11.35
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
5.09.08

Qual o grau de preparação em cada?

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
Adequada
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
Sem preparação
2014-11-02
XI Maratona do Porto
Fraca
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
Excelente

E um ponto muito importante a ter em conta, a companhia durante a prova?

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
Sempre acompanhado
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
Sempre sozinho
2014-11-02
XI Maratona do Porto
Companhia até aos 14,5
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
Companhia até aos 10 e nos últimos 7

Ora aqui logo ressalta que nas 4 a preparação foi completamente díspar entre si, tal como o acompanhamento, o que numa prova desta envergadura é de grande importância.

O curioso é analisar a evolução da corrida através da distância, registando-se também boas diferenças que, no entanto, no final se aproximam.

Passagem aos 10 Km:

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
1.04.55
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
59.53
2014-11-02
XI Maratona do Porto
1.02.10
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
1.05.21

Aqui sobressai o ritmo demasiado elevado em Sevilha mas que fazia parte da "táctica suicida", a maneira que idealizei para nesse dia levar-me até à meta, pois estava sem preparação e debilitado por uma infecção pulmonar. Um contra-senso que se revelou muito inteligente.
Curiosamente, as duas maratonas para o qual estava melhor preparado, foram aquelas em que passei com os tempos piores, mas com a passada mais equilibrada.

Passagem à Meia-Maratona:

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
2.14.45
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
2.08.24
2014-11-02
XI Maratona do Porto
2.13.18
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
2.16.35

Exactamente a mesma situação que aos 10. Ritmo muito mais elevado em Sevilha e as duas com melhor preparação com as passagens mais lentas. 
A partir daqui tudo se iria alterar

Passagem aos 30 Km:

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
3.14.47
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
3.14.58
2014-11-02
XI Maratona do Porto
3.24.06
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
3.17.26

Lisboa, onde tenho o melhor tempo, já estava à frente. Sevilha já tinha descido ao nível de Lisboa. Paris a quase 3 minutos de Lisboa mas com o melhor conforto e margem das 4, e o Porto revela já o quão difícil se tornou a partir do km 24. Note-se que à Meia no Porto passei com 1.27 de avanço sobre a marca de Lisboa e 9 km depois estava já com atraso de 9.19 (gastando portanto mais 10.46 nesta fase da corrida)

Passagem aos 35 Km:

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
3.54.20
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
4.00.42
2014-11-02
XI Maratona do Porto
4.04.43
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
3.55.48

Nestes 5 km, realça-se que Lisboa e Porto foram equilibrados, Sevilha perdeu quase 6 minutos (fazia parte da tal táctica de sobrevivência), enquanto em Paris ganhei cerca de minuto e meio. Apesar de estar a 1.28 da marca de Lisboa, nunca cheguei tão bem aos 35 km como em Paris

Tempo gasto nos últimos 7,195 Km: (a minha altura critica nas Maratonas):

2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
1.07.53
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
1.07.17
2014-11-02
XI Maratona do Porto
1.06.52
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
1.13.20

Como se vê pela brutalidade de tempo nestes 7.195 metros, este é o meu calcanhar de Aquiles.
Em Sevilha recuperei uns 5 km propositadamente menos conseguidos entre os 30 e os 35 e fui mais rápido que a Maratona record de Lisboa. 
Mas as grandes surpresas vêm do Porto e Paris. No Porto, onde registei na meta o meu tempo mais alto, esta fase final foi a mais rápida, apesar do desgaste com que vinha. Razão: Querer fugir do dilúvio que se abateu. E em Paris, onde estava melhor preparado e onde melhor tinha chegado aos 35 km, em virtude dos dois desgastantes dias anteriores, morri por completo, fazendo de forma clara uma marca muito mais alta que nas anteriores 3 Maratonas, onde a diferença entre elas foi de apenas 1.01.

Comparação entre a 1ª e a 2ª metade:



Dif.
2012-12-09
27ª Maratona de Lisboa
2.14.45
2.47.28
32.43
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
2.08.24
2.59.35
51.11
2014-11-02
XI Maratona do Porto
2.13.18
2.58.17
44.59
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
2.16.35
2.52.33
35.58

Ora aqui não há qualquer dúvida. Com a menor perda entre a 1ª e a 2ª metade estão aquelas que melhor me preparei. A de preparação deficiente em 3º e por último a que não tinha qualquer preparação e estava debilitado, mas que foi a corrida da minha vida.
E este quadro final, acaba por ser aquele que não traz qualquer surpresa ou curiosidade, ao contrário de todos os outros.

E em qual das Maratonas fui mais rápido nas diversas fases da prova?

0-10
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
59.53
10-21
2014-02-23
XXX Maratón de Sevilla
1.08.31
21-30
2012-12-09
27ª Maratona Cidade de Lisboa
1.00.02
30-35
2015-04-12
39ª Marathon de Paris
38.22
35-42
2014-11-02
XI Maratona do Porto
1.06.52

Em qualquer uma das 4, houve um sector em que fui mais rápido do que nas restantes 3. Curioso e consubstancia a certeza que foram tão diferentes entre si para acabarem com tempos tão semelhantes.

Apenas como curiosidade, se juntasse numa mesma as fases mais rápidas de todas, daria um registo final de 4.53.40

Não quero terminar sem repetir o que disse no início. Isto é apenas um estudo de curiosidade, feito por um amante de estatísticas, pois numa Maratona não é a marca que me move mas sim a gana de vencer as adversidades e cortar aquela meta!

Assim, e como um bocadinho de orgulho é saudável, termino com a imagem da meta em cada uma das 4 Maratonas cumpridas (das 5 onde parti).
Estes são momentos ímpares e que me arrepiam sempre :)





Que daqui a 26 dias acrescente um 5º momento destes! 

Revista Atletismo de Setembro/Outubro


Justamente com o Nelson Évora a saltar para a sua medalha no Mundial na capa, está já em distribuição a Revista Atletismo de Setembro/Outubro (duplo como é hábito nesta altura do ano)

Seu índice:

COMPETIÇÕES INTERNACIONAIS
PISTA
7     Campeonato do Mundo Pequim 2015
19     Torneio Internacional de Lançamentos de Leiria
20     Festival Olímpico da Juventude Europeia
21     Campeonato do Mundo de Veteranos 

COMPETIÇÕES NACIONAIS
PISTA
19     Mai’Athletics
ESTRADA
28     Corrida Decathlon Alfragide
30     Corrida do Jumbo
30     10 km de Tagarro
32     Corrida da Festa do Avante

ENTREVISTAS
Atleta de Pelotão
22     Rui Miguel Glória

ESPAÇO TÉCNICO
CONSELHOS
36     Conselhos para a última semana antes dos 10 km
38     Conselhos para enfrentar a meia maratona
39     Cuidados a ter por quem corre maratonas
40     Treinos para ganhar confiança na prova
41     Como retornar aos treinos depois de uma lesão

NUTRIÇÃO
42     Influência da triade temperatura, humidade e hidratação na performance desportiva 

REPORTAGENS
CLUBE DE PELOTÃO
24     União Clube Eirense 

NATUREZA
DIVERSOS
44     Volta ao Minho - Pataias
TRILHOS
45     Trail de Pampilhosa da Serra
46     Trail Noturno da Lagoa de Óbidos 

SECÇÕES FIXAS
6     Portugueses no estrangeiro
20     Noticiário
48     Agenda da Corrida
50     Lazer 

INICIATIVAS
Revelação do mês - Revista Atletismo
51     Edujose Lima (Campismo)

Recorde-se que esta histórica publicação é distribuída por assinatura. Para toda e qualquer informação, clicar aqui